domingo, 29 de março de 2015

Gibis estimulam alunos de Cmei a tomar gosto pela leitura

Já foi o tempo em que as revistas em quadrinhos eram proibidas em sala de aula. Agora, os gibis ganharam significado pedagógico e são uma excelente opção para incentivar a leitura entre aqueles que estão entrando no mundo das letras. A começar pelos personagens que, por si só, são atraentes para a garotada.
 
Assim, os alunos e professores dos 49 Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) comemoram a chegada das "Gibitecas Turma da Mônica", recentemente adquiridas pela Secretaria Municipal de Educação (Seme).

"As histórias em quadrinhos ou gibis são revistas que unem o texto à imagem, criando uma sequência de quadros que acompanham o desenvolvimento do texto. Podem ser utilizadas como um dos recursos para a aquisição da linguagem escrita e da leitura nas crianças atendidas na educação infantil, constituindo-se em vivências prazerosas no desenvolvimento curricular", disse a secretária municipal de Educação, Adriana Sperandio.

Aprender brincando
"Além de incentivar o hábito da leitura, a união da linguagem gráfica com a escrita ainda ajuda na assimilação de temas diversos, aumentando a capacidade de análise, interpretação e reflexão das crianças", argumentou a gerente de Educação Infantil da Seme, Ana Paula Holzmeister.

Entre os exemplos de aplicação, estão a análise de textos e ampliação do vocabulário. Com isso, o jovem leitor passa a se familiarizar com os momentos decisivos e personagens que marcaram a história do Brasil e, ainda, recebe informações sobre meio ambiente, mudanças de paisagens e clima.

Literarte
O Cmei Valdívia da Penha Antunes Rodrigues, que fica em Santos Dumont, possui o projeto de leitura "Literarte – Literatura e Arte em Toda Parte" e comemora a chegada da Gibiteca. "O formato favorece a interação e a autonomia entre as crianças, uma vez que elas têm livre acesso à estante", disse a diretora do Cmei, Patrícia Massaria Loureiro.

Ela completou: "O desafio é garantir às crianças uma aprendizagem significativa, realmente voltada para o desenvolvimento do pensamento crítico e criativo. O objetivo do nosso projeto é fazer com que a leitura seja fonte de descobertas, desperte emoções, estimule a criatividade e incentive a criticidade, com vistas à construção da identidade".

Gibiteca Turma da Mônica
A série "Saiba mais com a Turma da Mônica" nasceu da intenção de levar educação e cidadania ao ambiente escolar, por meio da leitura descontraída encontrada nas histórias em quadrinhos. A partir dessa proposta, o projeto pretende estimular o aprendizado e o conhecimento dos temas fundamentais, objetivando formação de qualidade e apropriação da informação com o auxílio da linguagem inovadora presente nas histórias em quadrinhos.

Publicado originalmente no Folha Vitória

domingo, 22 de março de 2015

Oficina na Casa de Leitura: Faz-zine: a elaboração de um fanzine interdisciplinar


No dia 28 de março, das 08:30 às 11:30, será realizada uma oficina de fanzines com Gazy Andraus, na Casa de Leitura Lya Müller Botelho. A oficina é gratuita. Serão oferecidas 20 vagas. As inscrições podem ser feitas no dia, das 08:00 às 08:30.

Podem participar professores e alunos de escolas da cidade, além de membros da comunidade. Os participantes deverão levar folhas de papel A4, lápis, caneta, lápis de cor, régua, tesoura e borracha. 

A oficina é promovida pela SECRETARIA DE CULTURA, em parceria com a GIBITECA ESCOLAR com o apoio da CASA DE LEITURA LYA MÜLLER BOTELHO e da ASSOCIAÇÃO DE PESQUISADORES EM ARTE SEQUENCIAL. 

Leia a ementa:
Os fanzines (revistas independentes paratópicas) são essenciais fontes plurívocas de informação imagética à educação, e como quaisquer outras artes que possuem linguagem própria em suas estruturas, são produzidas por autores que refletem suas condições idiossincráticas, abordando suas condições antropológicas, históricas, geográficas, sociológicas, inserções políticas etc. Assim, os participantes dessa oficina, poderão a partir de textos próprios e/ou desenhos, em quaisquer temáticas, criar material que pode ser diretamente trabalhado para resultar em um fanzine autoral ou em grupo. Poderão elaborar artigos, textos poéticos, crônicas, resenhas, contos, ilustrações desenhadas (ou por foto colagens), HQ, tiras, charges e/ou cartuns, além do que mais puderem criar, transformando tudo numa revista independente cujo formato livre pode ser o mais diversificado possível culminando num zine ou até num novo Artezine-objeto, como exercício criativo pleno de possibilidades interdisciplinares. 

Gazy Andraus é professor licenciado em educação Artística pela FAAP. Sua dissertação no Mestrado de Artes Visuais, do Instituto de Artes da UNESP (1999), abordou as HQ autorais de temática filosófica, traçando um paralelo entre suas mensagens intuídas com a Física Quântica. Já em seu doutorado realizado na área das ciências da Comunicação pela ECA – USP (2006) com a tese “As Histórias em Quadrinhos como informação imagética integrada ao ensino universitário” (e premiada como melhor tese de 2006 pelo HQMIX) desvendou a questão das imagens desenhadas nas HQ serem absorvidas pelo hemisfério cerebral direito (intuitivo e criativo) mais que pelo esquerdo (racional e linear), e por isso serem os quadrinhos (como as artes) preponderantes e necessários à educação do ser humano, para uma integração e desenvolvimento sistêmico da inteligência, e não estritamente racional como tem sido na educação tradicional.

domingo, 8 de março de 2015

Editora Nemo lança HQs com importantes temas da história

Doris Miranda
 
De uns anos para cá, o mercado editorial começou a perceber que a garotada rende muito mais quando os assuntos do currículo escolar são abordados de forma diferente da explanação formal em sala de aula. Foi quando começaram a surgir diversas histórias em quadrinhos contendo clássicos da literatura ou mesmo recortes históricos.

Bons exemplos são os lançamentos da editora Nemo: A Herança Africana no Brasil e Descobrindo um Novo Mundo, ambos voltados para o público em idade escolar. Escrito por Daniel Esteves, ganhador do Troféu HQ Mix 2006 (roteirista revelação), A Herança Africana no Brasil é super necessário para o aluno que ainda não ouve com a frequência devida discussões sobre negritude em sala de aula.

O livrinho, desenhado por Wanderson de Souza e colorido por Wagner de Souza,  resgata a história da escravidão e a presença de elementos africanos na nossa vida. E faz isso de forma dinâmica, trazendo para o cotidiano. A narrativa é guiada pelo ano e cidade em que a história se passa, sem ligar muito para a cronologia dos acontecimentos.

Castigos
O primeiro capítulo, por exemplo, se passa na Salvador dos dias de hoje, durante a conversa entre uma neta e sua avó, ialorixá num terreiro de candomblé da cidade. A menina, que vivencia outro credo em casa, não estranha as cerimônias do axé, mas indaga as diferenças no núcleo familiar: “Quem somos nós, vovó?”, pergunta a menina. “Somos o que trazemos com a gente”, responde.

A partir daí, a velha traz à tona a ancestralidade de seus antepassados, contando que o comércio de escravos já existia na África mas foi intensificado pelos portugueses, que espalharam mais de cinco milhões de negros na diáspora africana em cerca de 300 anos de escravidão nas Américas.

Nesse ponto, a história volta no tempo e o jovem leitor vê as atrocidades cometidas com os escravos no Brasil. A separação das famílias, o trajeto em condições áridas nos navios, a distribuição pelos engenhos  e os castigos.  Mas o livro não é só sofrimento, não, viu? Como o próprio título sugere, a ideia é mostrar o legado cultural que a diáspora africana fortaleceu nos locais onde se fixou.

No Brasil, por exemplo, teve a capoeira, o samba, as comidas de dendê, o candomblé... Com esse fio condutor, o jovem leitor vai conhecendo também a história de vários lugares no país.

Nos estados do Nordeste, a lida nos engenhos de cana; em Minas Gerais e na Chapada Diamantina (BA), surge o garimpo; o dia a dia nos quilombos espalhados por todo o território nacional e um pouquinho da história de Tia Ciata (1854-1924), baiana que promovia rodas
de samba no Rio de Janeiro, e até José do Patrocínio (1854-1905), ativista do movimento abolicionista.

Descobertas
Voltando bem mais no tempo, entre o fim da Idade Média e início da Moderna, a HQ Descobrindo um Mundo Novo, de Lillo Parra, Rogê Antônio e Akira Sanoki, leva o leitor ao período das grandes descobertas feitas pelos europeus na era da navegação em busca de rotas comerciais e, claro, territórios ‘sem dono’.

Época de ouro para quem tinha grandes frotas navais, como Inglaterra, Espanha e Portugal, que se espalharam mundo afora. Seguindo uma narrativa cronológica, os autores recontam a história através do noviço José  de Anchieta (1543-1597) e do menino Joaquim, aprendiz de marinheiro, que estão a caminho do Brasil, em 1553.

Quadrinho a quadrinho, o leitor vai percebendo que esse foi um período politicamente especial  para os países ibéricos, que conquistaram diversos territórios pelo mundo e ligaram o Ocidente ao Oriente.

Era um tempo de reis e comerciantes ávidos por riquezas, novos mercados, papas que empurravam o cristianismo com mão de ferro nos novos territórios para  evitar o avanço da cultura islâmica em seus domínios.

Matéria publicada originalmente no CORREIO

O brasileirinho que desenha exemplos

talentos que despertam muito cedo na vida e merecem ser incentivados. Miguel é um menino brasileiro de 7 anos de idade que tem o dom de desenhar e de transmitir, através dos desenhos, mensagens de beleza.

Admirado com a história de vida de homens e mulheres santos de todos os tempos e lugares do cristianismo, ele tem dedicado o seu talento a retransmitir o testemunho dessas almas que viveram para Deus! Incentivado e ajudado pelos pais, Miguel idealizou uma página no Facebook para publicar diariamente uma imagem representativa do santo do dia.

Leia mais e confira outras ilustrações, clicando aqui!

terça-feira, 3 de março de 2015

Inscrições abertas para curso de HQ

Estão abertas as inscrições para a nova turma do Curso de Histórias em Quadrinhos da Biblioteca Pública do Paraná, em Curitiba. Para garantir uma vaga, os interessados devem procurar a Seção Infantil da biblioteca até sexta-feira (6). Podem participar crianças de 7 a 13 anos e não é preciso ter experiência com desenho para participar. O endereço é Rua Cândido Lopes, 133, Centro.

A primeira aula está marcada para o próximo sábado (7). Serão dez encontros, sempre aos sábados, das 10h às 12h. O curso, gratuito, é ministrado pelo professor Marcelo Oliveira, do estúdio UCMComics.

Ao final do semestre, os alunos produzem uma nova edição da Boing!, revista em quadrinhos da Biblioteca Pública. Mais informações: (41) 3221-4980.

Retirado do Bem Pará

A HISTÓRIA DO BRASIL EM QUADRINHOS

Dom João Carioca

Artigo da coluna "Ala Jovem" no jornal Circuito Mato Grosso

Rosemar Coenga

abemos que as linguagens alternativas têm sido utilizadas como valiosos  recursos didáticos para a aprendizagem. Entre essas linguagens, as Histórias em Quadrinhos têm ganhado terreno entre os jovens leitores. As HQs têm oferecido diversas possibilidades de uso, apresentando os conteúdos históricos numa linguagem mais aprazível e próxima do universo cognitivo dos jovens.

Através da linguagem dos quadrinhos, o cartunista Spacca e a historiadora Lilia Moritz Schwarcz narram a aventura do casal real que atravessa o oceano e pela primeira vez governa um império a partir de sua colônia americana. O livro D. João Carioca: a corte portuguesa chega ao Brasil (2007) reconta essa história usando a linguagem dos quadrinhos, elaborada com base em extensa pesquisa não só documental e historiográfica como fielmente pautada na iconografia da época. A obra traz ainda uma bibliografia sobre o tema, uma cronologia que ajuda a entender os fatos no calor da hora e inclui uma galeria de esboços preliminares e estudos de personagens, cenários e vestimentas.

Num romance em quadrinhos sobre a guerra do Paraguai, André Toral relata Adeus, amigo brasileiro (2008) a história de quatro personagens que participaram do conflito: dois vaqueiros do interior da Bahia, um jornalista carioca e um paraguaio que estudava em Londres. Acompanhando suas vidas, o autor constrói um grande panorama sobre a época e o contexto da guerra que envolveu entre 1864 e 1870 os países que atualmente fazem parte do Mercosul.  Toral mostra de que maneira a guerra interferiu diretamente na vida das pessoas – na carreira, nos negócios, nas relações familiares, nos casos de amor, nas convicções políticas e ideológicas. Seguindo o fio de um enredo fictício, ele acompanha o cotidiano dos exércitos no "teatro de operações", mostrando o pequeno comércio que se forma no rastro do deslocamento das tropas, as trocas entre os soldados, as pequenas ambições, os preconceitos de lado a lado, a ausência de glamour, os privilégios, as demonstrações de bravura e covardia etc. Essas e muitas outras obras contribuem significativamente para aproximar o jovem da leitura.

Publicado no Circuito Mato Grosso

Quadrinhos fazem adaptação de grandes romances e autores


Quadrinhos e literatura sempre conversaram entre si. Há uma década, o mercado brasileiro vive um bom momento para adaptações de romances para gibi – sobretudo de títulos dedicados ao público infantojuvenil, ainda em formação, para quem as versões apresentam clássicos ou obras recomendadas pelos principais vestibulares do país. 

Agora, as editoras voltam o foco para um público mais experiente e conhecedor de alta literatura, com quadrinizações que procuram ser obras completas, tão densas quanto os romances originais. Nesta seara, de Milton Hatoum a Guimarães Rosa, de Adolfo Bioy Casares a Albert Camus, variados autores têm seus livros transformados em romances gráficos.

Uma das mais esperadas adaptações deste ano é a de “Dois Irmãos”, do amazonense Milton Hatoum, feita pelos paulistanos Fábio Moon e Gabriel Bá para a Companhia das Letras, que será lançada neste mês.

No fim do ano passado, “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, ganhou uma versão pelos quadrinistas Eloar Guazzelli e Rodrigo Rosa, em edição caprichada (com 7.000 volumes numerados) lançada pela Biblioteca Azul, selo da Globo.

Já “A Morte de Ivan Ilitch”, de Liev Tostói, ganhou sua versão pelas mãos do cartunista Caeto para a editora Peirópolis. E outras ainda deverão chegar ao mercado, como “O Seminarista”, que comemora os 90 anos de Rubem Fonseca, com roteiro adaptado por ele mesmo e ilustrado por Rodrigo Rosa, para a editora Agir.

Na avaliação do veterano Guazzelli, há três décadas envolvido no setor, “o mercado brasileiro de quadrinhos nunca viveu um momento tão positivo e muito disso aconteceu em função das adaptações”. Através delas, as editoras “descobriram” o nicho e o talento dos quadrinistas nacionais.

De acordo com Renata Farhat Borges, diretora da editora Peirópolis, essa virada aconteceu a partir de 2006, quando as adaptações de clássicos em quadrinhos passaram a ser incluídas nos editais de compra de livros para escolas.

Assim, obras importantes para o currículo escolar, como “O Alienista”, de Machado de Assis, começaram a ser quadrinizadas. No afã de vender para o governo, três versões somente desse romance machadiano já foram publicadas até agora, pelas editoras Companhia Editora Nacional, Ática e Escala, cada uma delas adaptadas por quadrinistas diferentes. Como elas exemplificam, uma enxurrada de quadrinizações de livros em domínio público inundou o mercado.

Para Guazzelli, a euforia do mercado para o nicho tem seu lado positivo e negativo. “Foi lindo ver quadrinistas podendo se dedicar a desenhar, ganhando por isso. Mas tudo que exige um ritmo industrial acaba perdendo na qualidade. O principal dessa história é que passaram a ver valor nos profissionais, que já estavam prontos para quando a oportunidade surgisse”, diz. Novo momento. 

O que acontece, agora, é uma nova percepção das editoras: a possibilidade de vender as adaptações para quem já consome os livros, para além da sala de aula.

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