Retomando
as postagens na Gibiteca Escolar Helena Fonseca estamos com a proposta de
publicar regularmente pequenas resenhas de Histórias em Quadrinhos que possam
ser utilizadas na sala da aula. Quadrinhos nacionais ou estrangeiros, de
grandes e pequenas editoras e quadrinhos independentes.
A resenha de hoje é sobre HQ "Estella Vic - 1922 e o
Manifesto Futurista". O quadrinho foi publicado pelo selo da Primal
Studio, em 2018, a partir de uma campanha na Catarse, uma plataforma de financiamento coletivo para projetos
criativos em atividade desde 2011.
O roteiro é assinado por Marcelo Alves, linguista
e gestor de projetos da Primal Studio, autor do mangá
nacional "Machado de Assis: caçador de monstros" (2017).
A ilustração fica por conta de Mariana Queiroz, designer
formada pela PUC-RJ.
Trata-se de um quadrinho de ficção ambientado no ano de 1922 e
cuja trama, que envolve conspiração e crime, tem como protagonista uma jovem
repórter, chamada Estella Vic. A narrativa é suave e gira em torno de da
questão da modernidade e na inserção da mulher no mercado de trabalho.
Estella Vic busca pelo reconhecimento de seu trabalho como
jornalista em uma sociedade onde as mulheres de classe média e alta devem se
preocupar em conseguir um marido e demarcar sua posição na sociedade.
Neste sentido, a HQ pode ser usada para se questionar à questão da desigualdade
entre homens e mulheres no mercado de trabalho e a luta das mulheres pelo
direito ao reconhecimento da sua capacidade profissional.
O próprio título do texto já rende um aula a parte, pois é uma referência à Semana da Arte Moderna. A trama se desenvolve em torno no a inauguração da Exposição de
Arte Moderna, em São Paulo. Os principais arquitetos do movimento modernista,
como Anita Malfati, Oswaldo de Andrade e Tarsila do Amaral.
O Manifesto Futurista, escrito pelo poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti, e publicado no jornal francês Le Figaro em 20 de fevereiro de 1909, é citado nas primeiras páginas da HQ. O Futurismo foi um dos primeiros movimento de renovação artística do século XX. Neste ponto, a HQ
contribui com material para as aulas de História, Literatura e Artes, podendo
ser utilizada para abortar o tema nestas disciplinas ou para a elaboração de
atividades.
Nas aulas de história pode-se ainda trabalhar a questão do
anacronismo, com a inserção do personagem, "Rui do Boné", jogador de
sinuca nascido em 1940 e que, portanto, não poderia fazer parte de uma trama
datada de 1922. Os professores da área de linguagens podem abordar este
anacronismo a partir da ideia de licença poética, que é a liberdade de expressão do artista. No caso
da do uso de personagens históricos em obras literárias, o autor tem liberdade
de brincar com fatos e não precisa necessariamente respeitar uma
cronologia.
A obra é indicada para uso com alunos do
Fundamental II, mas nada impede que o professor do Ensino Médio possa utilizá-la, também.
Apêndice - Manifesto Futurista