sábado, 24 de setembro de 2016

BAMSE: QUADRINHO SUECO COM POTENCIAL EDUCATIVO



Em muitos quadrinhos voltadas para o público infantil, podemos encontrar um potencial poderoso que pode ser explorado por educadores e pais. E há muitos exemplos disso em todo o mundo. Publicações destinadas ao público infantil, embora não tenha esta finalidade inicial, podem ser usadas para ensinar. Em países como França, Bélgica, Japão e Estados Unidos, por exemplo, este tipo de material é muito explorado.

Vamos trazer aqui um exemplo deste tipo de HQ produzida na Europa. Trata-se de uma série sueca, chamada Bamse. Bamse é uma série de animação criada na década em 1966 por Rune Andreasson, voltada para crianças. Fez tanto sucesso que ganhou sua própria revista em 1973. Foi publicado nos países nórdicos e circulou, também, na Bélgica, na Holanda e no Reino Unido.

Em 2013, ao completar 40 anos de criação, a série contava com cerca de 100.000 leitores. Ela é estrelada pelo ursinho Bamse, o urso mais forte do mundo, e narra as aventuras de vários animais engraçadinhos, como tartarugas, coelhos, patos e tantos outros. Bamse é quase um super-herói. Sua força descomunal vem do fato de ele comer dunderhonung (cuja tradução seria "mel trovão" ou “super mel”), fabricado pela sua avó, que usa nele pimenta e um ingrediente secreto, uma planta especial. Um detalhe: só ele pode beber a mistura, se outra pessoa o faz tem um efeito não muito agradável.


Bamse não é apenas o urso mais forte do mundo, mas é também é também o mais gentil. Ele acredita na redenção. Um dos ensinamentos da revista é que devemos ser bons com pessoas más, porque isso pode fazer a diferença.

Ele é, também, um urso de família: é casado e tem quatro filhos. Divide com os amigos, a esposa e os filhos parte das suas aventuras. Apesar da sua caracterização, de ser uma HQ estrelada por animais “fofinhos”, Bamse extrapola a aparência inocente de uma simples HQ para crianças.

Bamse possui um alto potencial pedagógico e estimula a curiosidade as crianças e, segundo seus críticos, tem um forte posicionamento moral com relação a temas complexos. Esta HQ utiliza da linguagem infantil para tratar de assuntos sérios como, por exemplo, o holocausto, além de trazer a tona elementos do folclore nórdico como trolls, goblins, bruxas, gigantes, e dragões. Foram incluídos ainda em suas histórias temas polêmicos como o racismo, igualdade de gênero e dependência química. 

Texto adaptado. Clique aqui para ler o original na íntegra.

SUGESTÃO DE LEITURA: BECO DO ROSÁRIO VOL 01


O Beco do Rosário é uma HQ independente lançada em 2015 pela quadrinista Ana Luisa Koehler. Formada em Arquitetura e Urbanismo, Ana Luiza acabou tornando-se uma das mais talentosas quadrinistas brasileiras da atualidade, trabalhando tanto no mercado brasileiro quanto no franco-belga. Beco do Rosário é uma HQ onde ele consegue reuniu duas paixões: história e arquitetura. A trama gira em torno da vida de pessoas comuns, que trabalham dia após dia pelo seu sustento e que habitam bairros populares de Porto Alegre.

Para compor esteticamente a obra, Ana Luiza fez um minucioso trabalho de reconstituição de antigos espaços urbanos da cidade, que desapareceram ou sofreram modificações com o tempo. De fato, o pano de fundo da trama é justamente a reforma urbana pela qual a cidade passa no início do século XX, a exemplo o que se fez com a cidade do Rio de Janeiro, na época capital do Brasil, durante a gestão do prefeito Pereira Passos.

Apesar de ser uma obra de ficção, o Beco do Rosário é um excelente material para se usar nas aulas de história, especialmente na construção de atividades. Usados alguns quadrinhos, por exemplo, eu pude compor uma questão sobre reformas urbanas no Brasil republicano, que usei em uma avaliação. A história faz referências a episódios da história como a I Guerra Mundial, que podem ser, também, aproveitadas e adaptadas em atividades. 

A leitura em si da obra já  é compensadora. O texto é fluido, a arte é belíssima.Beco do Rosário é um exemplo de como podemos ter um material nacional de boa qualidade. E não apenas qualidade gráfica e narrativa. Trata-se de um trabalho de pesquisa feito com minúcia, algo raro em outros quadrinhos publicados no Brasil.

O Beco do Rosário recebeu o Prêmio HQMIX de 2015 como melhor publicação independente.


Para saber mais sobre a obra, que caminha pra seu vol. 02,  e sua autora clique aqui!

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Projeto em quadrinhos denuncia o machismo do dia a dia na internet

Stefanie Cirne
O nome é divertido e a aparência é fofa, mas não se engane: Guta Garatuja não está para brincadeira. Ou melhor, está o suficiente para falar de machismo com alguma leveza e bom humor. Sem frescura nos traços e nos diálogos, as tirinhas da personagem ilustram de forma didática situações em que adesigualdade de gênero se manifesta no dia a dia.
Dos assédios no Carnaval à discriminação no trabalho, passando pela maternidade e pela divisão de tarefas domésticas, são muitos os temas que entram no radar da bonequinha – e que, em pouco menos de um ano, lhe renderam milhares de seguidores e até inimigos na internet.
Guta nasceu em outubro de 2015 pelas mãos da administradora Kaká Aguiar, 30 anos. Na época, a paulistana saiu frustrada de uma discussão sobre assédio com um amigo, cuja posição era machista e pouco aberta ao debate. Foi a partir daí que, em uma espécie de desabafo criativo, começou a desenhar e inventou sua personagem:
– Quando vi, eu já tinha sete tirinhas feitas e toda a minha raiva tinha passado – conta.
Logo ao compartilhar uma das artes no Facebook, Kaká foi procurada por amigas que se sentiram compreendidas pela história. Viu então o potencial do projeto para unir mulheres e denunciar problemas comuns a todas. A narrativa em quadrinhos ajudava a descontrair temas pesados, e os desenhos made in Paint – além de batizar a personagem – davam mais graça às tirinhas. Dribladas as limitações técnicas, Kaká continuou produzindo e, por incentivo dos fãs, resolveu criar a página de Guta no Facebook:
– Lembro de fazer uma tirinha comemorando 200 curtidas e, um mês depois, comemorar 15 mil curtidas na página – relata.
Hoje mais de 40 mil pessoas acompanham as histórias de Guta na rede social, e a boneca coleciona até tentativas de boicote. Criar um site oficial para a personagem (além de contas no Instagram e no Tumblr) foi o jeito de contornar os bloqueios da página, derrubada por usuários contrários ao conteúdo das tirinhas. Kaká explica que toda semana recebe críticas pelo Facebook, mas que elas se direcionam mais ao feminismo do que propriamente à sua ideia.
Leia o restante do texto, clicando aqui!

domingo, 4 de setembro de 2016

BRUXELAS, MUSEUS E FESTIVAL DE QUADRINHOS

Um dos mais de 50 murais pintados em prédios, em Bruxelas, em homenagem à HQs. Imagem disponível em:: http://zip.net/bytswZ
Bruxelas, na Bélgica, é uma das mais belas cidades da Europa e tem seus encantos em cada estação do ano. Muitos museus, arquitetura esmerada, chocolate e cerveja. Cidade que atrai muitos turistas do mundo todo. Bruxelas é também, a CAPITAL MUNDIAL DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS. A cidade se orgulha tanto do título que não é difícil encontrar os mais famosos personagens dos quadrinhos franco-belga pintados nas fachadas dos prédios. 

A ideia surgiu em 1990, como uma forma de campanha publicitária e acabou se tornando uma atração turística e uma marca registrada da cidade. Só para se ter ideia são mais de 50 murais gigantescos, dedicados a diversos personagens.

A Bélgica é um dos maiores produtores mundiais de HQs, muitas delas conhecidas no mundo todo, como Tintim, Lucky Luke (que muita gente acha que é um personagem estadunidense) e os Smurfs. A indústria dos quadrinhos rende todos os anos bilhões no mundo todo. Populações e governos de países como Bélgica e Japão, por exemplo, levam muito a sério.

Os belgas dizem que não inventaram os quadrinhos, mas criaram o conceito de Nona Arte: na Bélgica as pessoas consideram os quadrinhos uma arte e dão a não diminuem seu status em relação a outras artes (literatura, artes plásticas) como estamos acostumados a ver no Brasil e  mesmo em outros países.
 
Moof - Imagem disponível: : http://zip.net/bytswZ.
E o que não falta na cidade são museus dedicados às HQs. Um deles é o Belgium Comic Strip Center, que recebe anualmente cerca de 200 mil visitantes, sendo a maioria estrangeiros.  Tem ainda a Galerie Champaka, que possui um acervo de quadrinhos e desenhos originais assinados por grandes artistas belgas; a Maison de la Bande Dessinée é um pequena galeria que possui um salão dedicado aos quadrinhos franco-belgas, além de pequenas exposições temporárias; o  Museum of Original Figure (MOOF) que possui estatuas e objetos cenográficos de alguns dos mais famosos personagens de quadrinhos europeus e, claro, o Musée Hergé, que fica na cidade de  Louvain-la-Neuve, que fica a 30 quilômetros de Bruxelas, e é um dos mais famosos espaços reservados aos quadrinhos do país e, provavelmente, da Europa.
 
Fête de La Bande Dessinée. Imagem disponível em: http://zip.net/bftrXL.
De 02 a 04 de setembro, aconteceu a Fête de la Bande Dessinée, um dos maiores festivais de quadrinhos do mundo, em Bruxelas. Como se trata de um festival internacional, a cada ano autores e obras estrangeiras possuem destaque (como acontece na Bienal Internacional do Livro, quando se homenageia um determinado país). Este ano deu se destaque para Quebec, província canadense que é uma referência nos quadrinhos.

Dá pra ver que as HQs são muito mais do que uma diversão para crianças e adultos. Elas podem ser o motor de uma economia local, elas podem ser um incentivo para o desenvolvimento da cultura e da preservação desta mesma cultura. Enfim, quadrinhos são coisa séria, não esqueçam disso!

Sites consultados:

VESSONI, Eduardo. Cidade em quadrinhos: o roteiro das HQs em Bruxelas. Disponível em:
http://zip.net/bntr9R, acesso em 04 set. 2016.


Capital mundial das histórias em quadrinhos, Bruxelas tem roteiro para fãs de HQs. Disponível em: http://zip.net/bytswZ, acesso em: 04 set. 2016.