Stefanie Cirne
O nome é divertido e a aparência é fofa, mas não se engane: Guta Garatuja não está para brincadeira. Ou melhor, está o suficiente para falar de machismo com alguma leveza e bom humor. Sem frescura nos traços e nos diálogos, as tirinhas da personagem ilustram de forma didática situações em que adesigualdade de gênero se manifesta no dia a dia.
Dos assédios no Carnaval à discriminação no trabalho, passando pela maternidade e pela divisão de tarefas domésticas, são muitos os temas que entram no radar da bonequinha – e que, em pouco menos de um ano, lhe renderam milhares de seguidores e até inimigos na internet.
Guta nasceu em outubro de 2015 pelas mãos da administradora Kaká Aguiar, 30 anos. Na época, a paulistana saiu frustrada de uma discussão sobre assédio com um amigo, cuja posição era machista e pouco aberta ao debate. Foi a partir daí que, em uma espécie de desabafo criativo, começou a desenhar e inventou sua personagem:
– Quando vi, eu já tinha sete tirinhas feitas e toda a minha raiva tinha passado – conta.
Logo ao compartilhar uma das artes no Facebook, Kaká foi procurada por amigas que se sentiram compreendidas pela história. Viu então o potencial do projeto para unir mulheres e denunciar problemas comuns a todas. A narrativa em quadrinhos ajudava a descontrair temas pesados, e os desenhos made in Paint – além de batizar a personagem – davam mais graça às tirinhas. Dribladas as limitações técnicas, Kaká continuou produzindo e, por incentivo dos fãs, resolveu criar a página de Guta no Facebook:
– Lembro de fazer uma tirinha comemorando 200 curtidas e, um mês depois, comemorar 15 mil curtidas na página – relata.
Hoje mais de 40 mil pessoas acompanham as histórias de Guta na rede social, e a boneca coleciona até tentativas de boicote. Criar um site oficial para a personagem (além de contas no Instagram e no Tumblr) foi o jeito de contornar os bloqueios da página, derrubada por usuários contrários ao conteúdo das tirinhas. Kaká explica que toda semana recebe críticas pelo Facebook, mas que elas se direcionam mais ao feminismo do que propriamente à sua ideia.
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Um comentário:
ótima postagem, um trabalho que serve para conscientizar sobre um assunto que, por ser um Tabu, parece ainda longe de uma solução... mas ao menos há a proposta de diálogo.
Parabéns pela postagem.
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