Nesta segunda-feira, 15 de outubro, a Gibiteca de Curitiba,
espaço da Fundação Cultural, completa 30 anos de fundação. Idealizada no
início da década de 1980 pelo arquiteto
Key Imaguire, colecionador e crítico de histórias em quadrinhos, ao
lado dos também arquitetos Abraão Saade e Domingos Bongestabs, teve como
primeiro endereço uma das salas da Galeria Schaffer.
Na época, o presidente da FCC era o publicitário Sérgio Mercer, um
apaixonado pela arte dos quadrinhos que viabilizou sua abertura numa
atitude pioneira, já que não existia no Brasil nenhum espaço cultural
nesses moldes. Em 1988, a Gibiteca foi transferida para o Solar do
Barão, onde permanece até hoje.
Segundo Imaguire, a Gibiteca de Curitiba não foi apenas a primeira do
Brasil, mas do mundo. Para sustentar sua afirmativa, ele conta que em
1988, quando foi convidado para o júri do Salão Internacional da
Caricatura de Montreal, pôde conversar com gente do mundo inteiro,
inclusive com o norte-americano Will Eisner (1917/2005) um dos mais
importantes criadores de histórias em quadrinhos e uma das maiores
influências no desenvolvimento
do gênero , para quem perguntou se existia em algum lugar do planeta
uma instituição semelhante. Todos me garantiram que não, diz.
Entre as atividades da Gibiteca estão exposições, concursos,
encontros com profissionais, palestras, eventos de RPG (Role Playing
Game), feiras de gibis, cursos, oficinas e workshops. Essa variedade, de
acordo com a coordenadora do espaço, Maristela Garcia, faz com que o
público seja bastante eclético. Crianças, jovens e adultos apaixonados
pelos quadrinhos fazem do espaço o mais democrático possível, reunindo
ilustradores, designers, artistas plásticos, pesquisadores, professores,
estudantes e simples amantes dos quadrinhos, comenta. Há frequentadores
assíduos que leram coleções completas. Temos um leitor
que já leu todos os títulos do Homem Aranha (800 títulos) e agora tem
vindo para ler o italiano Tex, uma coleção de 900 títulos, diz.
Além de biblioteca
especializada, trata-se de um centro de formação, um ponto de encontro
efervescente e dinâmico que chega a reunir cerca de 100 pessoas por dia,
de Curitiba, Região Metropolitana e outras localidades.
São oferecidas 100 vagas por semestre, divididas em cinco turmas,
sendo uma para o Curso de Mangá (quadrinhos japoneses) e quatro para o
Curso de Desenho HQ (duas de nível básico, uma de intermediário e uma de
avançado).
Os cursos da Gibiteca de Curitiba, que custam R$40 por mês e têm a
duração de quatro meses, já revelaram alguns grandes talentos dos
quadrinhos curitibanos. Em um ano e meio (três semestres) é possível
sair de lá desenhando e compondo histórias em quadrinhos. Estudantes que
estão se preparando para o vestibular de artes também procuram pelos
cursos de quadrinhos da Gibiteca de Curitiba para aperfeiçoamento.
Grandes nomes da HQ brasileira, como Laerte, Angeli, Glauco, Luiz Gê,
Primaggio, Malavoglia amp; Garfunkel, entre outros, já estiveram na
Gibiteca trocando informações com a nova geração de cartunistas. Aos
poucos, artistas curitibanos também foram despontando no cenário
nacional e hoje têm seus desenhos e histórias estampadas em jornais e
revistas de todo o Brasil. Este é o caso de José Aguiar, Romolo
DHipóltyto, André Caliman, RHS (Rafael Higino da Silveira) e Simone
Hembecker.
Acervo - São 33 mil títulos e diversas coleções de
gibis infantis, super-heróis, humor, terror, cartuns, fanzines, mangás e
exemplares estrangeiros que fazem do espaço uma fonte valiosa para
pesquisas.
A Gibiteca, além de construir
seu próprio acervo por meio de compras e doações, que chegam a 60% dos
títulos, dispõe de um cesto de trocas, que fica à disposição do público,
onde são colocados os títulos repetidos. Dessa forma estamos também
colaborando e incrementando coleções particulares, afirma, acrescentando
que para a formação da Gibiteca de Quatro Barras foram doados 5 mil
títulos, o que representa para eles 80% do acervo.
O espaço dispõe de todos os gêneros de histórias em quadrinhos,
disponíveis somente para consulta e leitura no próprio local. De acordo
com a coordenadora, a instituição não faz empréstimos nem para tirar
cópias nem para levar para casa. Fazíamos empréstimos, mas decidimos
mudar a política para melhor preservar o acervo, explica.
Comemoração - Para comemorar os 30 anos, a Gibiteca
ganhará logomarca e nova fachada. E ainda receberá diversas homenagens
durante a Gibicon nº1 Convenção Internacional de Quadrinhos, realizada
pela Fundação Cultural de Curitiba em parceria com a Znort!, que reunirá
durante quatro dias artistas nacionais e internacionais em palestras,
exposições, oficinas, sessões de autógrafos e avaliação de portfólios. A
abertura será no dia 25 de outubro, às 19h, no Solar do Barão.
Curso de Mangá (quadrinhos japoneses)
Horário: 14h às 16h (2ª feira)
Mensalidade: R$40 (duração 4 meses)
Curso de desenho HQ
Horário: 16h às 18h (6ª feira básico), 14h30 às 16h30 (sábado básico), 12h às 14h (sábado intermediário) e 17h às 19h (sábado avançado)
Mensalidade: R$40 (duração 4 meses)
PUBLICADO ORIGINALMENTE NO AGÊNCIA NOTÍCIAS
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