sábado, 18 de fevereiro de 2017

QUANDO UMA CIDADE ABRAÇA OS QUADRINHOS

Cidade de Angoulême preparada para receber visitantes para o 44º Festival de Histórias em Quadrinhos.
Entre 26 e 29 de janeiro a pequena comuna de Angoulême, na França, direcionou toda a sua atenção para o Festival Internacional de Quadrinhos, que este ano esteve em sua 44ª edição. A cidade de Angoulême, com suas catedrais góticas e muralhas medievais, abraçou há mais de quarenta anos a nona arte, não apenas no sentido festivo, mas também financeiro e educacional. 

Sua Escola de Quadrinhos (École Européenne Supérieure de l'Image), seus museus destinados aos quadrinhos e o Festival Internacional que ocorre todos os anos tornaram a cidade famosa em todo o mundo. E uma fama merecida. Os turistas, autores e jornalistas são calorosamente recebidos em meio ao inverno europeu. E a comuna lucra com isso: as HQs trazem turistas, incentivam o comércio e aumentam as vendas. É um bom negócio para todos.

École Européenne Supérieure de l'Image - Escola Superior de Quadrinhos e Imagem.
Em Angoulême a comunidade é desde cedo incentivada a ler através dos quadrinhos. Nas ruas do centro histórico da cidade, eles também se tornaram parte da história. Bustos de autores famosos como Hergé dividem espaço com estátuas de personagens históricos e com prédios que remontam à Baixa Idade Média. É simplesmente encantador.

Mais encantador ainda é observar a participação dos jovens e das crianças, que em excussões escolares lotam as exposições durante o festival. Exposições guiadas onde cada quadro merece atenção especial. Museus abrem as portas para os quadrinhos, que dividem espaço com relíquias do neolítico ou do Império Romano. No Museu da Resistência, dedicado aos franceses que não aceitaram passivamente a invasão nazista durante a II Guerra Mundial, eles estão lá para o deleite dos visitantes.
 
Os ônibus que circulam durante o Festival são customizados com temas referentes a HQs.
Não raro é possível ver um grupo de adolescentes, sentados na calçada, lendo uma revista em quadrinhos.  Leitores sendo formados de forma prazerosa, para quem o ato da leitura é tão natural quando respirar. Esta é a verdadeira educação pelos quadrinhos, que aproxima a leitor do texto e da imagem, onde a narrativa de fatos fictícios estimula a imaginação e a criatividade e onde histórias reais podem ser contadas em páginas cheias de cores, ação e emoção.

Não temos uma Angoulême no Brasil, mas temos quadrinhos nas escolas. Ou podemos ter. A leitura dos quadrinhos pode ajudar a ultrapassar limites, a romper barreiras que impedem aprendizado dos jovens. Não apenas os jovens podem ser beneficiados. O ato de ler deve acompanhar-nos por toda a vida. Ele estimula e mente e nos torna mais capazes de compreender a realidade onde vivemos, pois mesmo a ficção bebe da fonte do real e é capaz de divertir e informar.


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