Cidade de Angoulême preparada para receber visitantes para o 44º Festival de Histórias em Quadrinhos. |
Entre
26 e 29 de janeiro a pequena comuna de Angoulême, na França, direcionou toda a
sua atenção para o Festival Internacional de Quadrinhos, que este ano esteve em
sua 44ª edição. A cidade de Angoulême, com suas catedrais góticas e muralhas
medievais, abraçou há mais de quarenta anos a nona arte, não apenas no sentido
festivo, mas também financeiro e educacional.
Sua Escola de Quadrinhos (École Européenne Supérieure de l'Image), seus
museus destinados aos quadrinhos e o Festival Internacional que ocorre todos os anos tornaram a cidade famosa em
todo o mundo. E uma fama merecida. Os turistas, autores e jornalistas são calorosamente recebidos em meio ao inverno europeu. E a comuna lucra com isso: as HQs trazem turistas, incentivam o comércio e aumentam as vendas. É um bom negócio para todos.
École Européenne Supérieure de l'Image - Escola Superior de Quadrinhos e Imagem. |
Em
Angoulême a comunidade é desde cedo incentivada a ler através dos
quadrinhos. Nas ruas do centro histórico da cidade, eles também se tornaram
parte da história. Bustos de autores famosos como Hergé dividem espaço com
estátuas de personagens históricos e com prédios que remontam à Baixa Idade
Média. É simplesmente encantador.
Mais
encantador ainda é observar a participação dos jovens e das crianças, que em
excussões escolares lotam as exposições durante o festival. Exposições guiadas
onde cada quadro merece atenção especial. Museus abrem as portas para os
quadrinhos, que dividem espaço com relíquias do neolítico ou do Império Romano.
No Museu da Resistência, dedicado aos franceses que não aceitaram passivamente a
invasão nazista durante a II Guerra Mundial, eles estão lá para o deleite dos
visitantes.
Não
raro é possível ver um grupo de adolescentes, sentados na calçada, lendo uma revista em
quadrinhos. Leitores sendo formados de
forma prazerosa, para quem o ato da leitura é tão natural quando respirar. Esta
é a verdadeira educação pelos quadrinhos, que aproxima a leitor do texto e da
imagem, onde a narrativa de fatos fictícios estimula a imaginação e a
criatividade e onde histórias reais podem ser contadas em páginas cheias de
cores, ação e emoção.
Não
temos uma Angoulême no Brasil, mas temos quadrinhos nas escolas. Ou podemos
ter. A leitura dos quadrinhos pode ajudar a ultrapassar limites, a romper
barreiras que impedem aprendizado dos jovens. Não apenas os jovens podem ser
beneficiados. O ato de ler deve acompanhar-nos por toda a vida. Ele estimula e
mente e nos torna mais capazes de compreender a realidade onde vivemos, pois
mesmo a ficção bebe da fonte do real e é capaz de divertir e informar.
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