segunda-feira, 28 de maio de 2012

Matéria sobre o novo livro de Paulo Ramos sobre quadrinhos

Contextualização brasileira

Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC


Muito mais do que ler histórias em quadrinhos, Paulo Ramos as digere, estuda, analisa e compartilha suas observações com o mundo. Morador de São Caetano, o professor universitário e integrante do Núcleo de Pesquisas de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP é responsável pelo Blog dos Quadrinhos (www.blogdosquadrinhos.blog.uol.com.br), uma das páginas mais respeitadas do gênero. On-line desde 2006, o endereço conta com centenas de reportagens e resenhas que agora deixam a internet e, reunidas, formam o livro Revolução do Gibi - A Nova Cara dos Quadrinhos no Brasil (Devir Livraria, 520 páginas, R$ 45 em média).

"Inicialmente relutei (em fazer a coletânea). Se as informações estavam na internet, para que reuní-las em livro? O contra-argumento me convenceu: havia a necessidade de organizar tematicamente todas aquelas informações, de modo a produzir um registro inédito sobre esse momento peculiar pelo qual os quadrinhos passam hoje no Brasil", diz Ramos. "A maior dificuldade foi a preparação do livro em si. Precisei reler todas as matérias e resenhas do blog, selecionar quais entrariam na obra, dividir por temas. Depois, cortar as redundâncias, padronizar os textos, selecionar imagens e atualizar as informações uma a uma."

Prometido pela editora para março do ano passado, o trabalho não ficou parado e o autor continuou a acrescentar dados de 2011. Não ficaram de fora da publicação a retomada da importância das revistas de super-heróis ao mercado (incluindo aqui o lançamento mensal das aventuras do Lanterna Verde, da DC Comics, com ilustrações de Ivan Reis, de São Bernardo), o fenômeno dos mangás, a reinvenção editorial do veterano Mauricio de Sousa e o aumento das produções independentes.

Além do conteúdo das publicações, as análises trazem à tona como as modificações do mercado tiveram influência direta nesta revolução. "Uma das mudanças em relação ao passado é que antes havia maiores tiragens, um número menor de editoras, a produção era feita quase toda no formato revista e os produtos eram vendidos nas bancas. Hoje, há tiragens menores, mais editoras, divisão das obras nos formatos revista e livro e uma diversificação de pontos de venda", explica o professor.

Outro ponto de destaque no livro é o fomento a trabalhos viabilizados por meio de incentivos públicos. O papel do ProAC (Programa de Ação Cultural), da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, surge como destaque entre as opções do mercado. Um dos pioneiros a utilizar esse meio é o cartunista Gilmar, do Diário, que lançou o álbum Caroço no Angu em abril de 2009.

Mas, afinal de contas, vivemos hoje o melhor período do quadrinho nacional? Segundo Ramos, "em termos de tiragem, não. Em relação à diversificação de temas, produções e autores, entendo que sim".

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