Visto como um dos grandes artefatos da literatura,
o fanzine é uma produção de diversos conteúdos de forma artesanal que ganhou
fama e virou moda na década de 1980. Para contar essa trajetória na região, o
professor de língua portuguesa, João Francisco Aguiar, juntamente com os
coletivos Z de Ribeirão Preto e Trem Cultural de Serrana, produz um documentário
que passa pelas memórias dos fanzineiros da Alta Mogiana.
Para poder finalizar o trabalho e lançá-lo na
próxima edição da Feira do Livro de Ribeirão Preto, o professor, que se tornou
fanzineiro aos 16 anos em Serrana, realiza uma vaquinha on-line para arcar com os custos de viagens,
equipamento e equipe na gravação. O grupo tem artistas de várias cidades da
região, como Franca, Sertãozinho, Cravinhos e Araraquara.
Suas primeiras aparições foram em 1930 nos Estados
Unidos, quando clubes de ficção escreviam contos e crônicas e trocavam as
histórias entre si. No Brasil, só apareceu na década de 1960 muito atrelado a
história em quadrinhos na cidade de Piracicaba. Em Ribeirão, o fanzine ganhou
sucesso através do pioneiro Arnaldo Junior e depois, na década de 1990, pelo
jornalista Angelo Davanço, ambos entrevistados relatando suas histórias.
Divulgado em shows de bandas de rock independentes
e também pelos correios, o material era considerado uma mídia acessível aos
iniciantes no mundo da música que queriam divulgar seu trabalho. Bandas como
CPM22 e Raimundos iniciaram a divulgação de sua música e carreira através
destas publicações.
"Uma banda tinha que divulgar seu trabalho, então ela lançava uma fita demo e mandava para produtores de fanzine ouvirem essas demos e produzirem a respeito. Então, quando uma pessoa consumia um fanzine na década de 1990 ela conhecia bandas novas", conta o produtor do documentário.
Com a chegada da internet, João compara o conteúdo
do fanzine como o de um blog que abrange sobre qualquer assunto através de
imagens, poemas, textos, entrevistas e recortes. Ele explica que o documentário
vem para mostrar que o fanzine e sua produção artesanal continuam vivas até
hoje.
"O documentário tem um objetivo educacional,
porque a minha intenção é trabalhar esse documentário nas escolas [...],
mostrar para os alunos a origem do fanzine, a importância deles na década de
1990 e como o fanzine existe na atualidade", explica.
Adaptado do texto publicado no Cidade ON
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