Em muitos quadrinhos voltadas para o público infantil, podemos encontrar um potencial poderoso que pode ser explorado por educadores e pais. E há muitos exemplos disso em todo o mundo. Publicações destinadas ao público infantil, embora não tenha esta finalidade inicial, podem ser usadas para ensinar. Em países como França, Bélgica, Japão e Estados Unidos, por exemplo, este tipo de material é muito explorado.
Vamos trazer aqui um exemplo deste tipo de HQ produzida na Europa. Trata-se de uma série sueca, chamada Bamse. Bamse é uma série de animação criada na década em 1966 por Rune Andreasson, voltada para crianças. Fez tanto sucesso que ganhou sua própria revista em 1973. Foi publicado nos países nórdicos e circulou, também, na Bélgica, na Holanda e no Reino Unido.
Em 2013, ao completar 40 anos de criação, a série contava com cerca de 100.000 leitores. Ela é estrelada pelo ursinho Bamse, o urso mais forte do mundo, e narra as aventuras de vários animais engraçadinhos, como tartarugas, coelhos, patos e tantos outros. Bamse é quase um super-herói. Sua força descomunal vem do fato de ele comer dunderhonung (cuja tradução seria "mel trovão" ou “super mel”), fabricado pela sua avó, que usa nele pimenta e um ingrediente secreto, uma planta especial. Um detalhe: só ele pode beber a mistura, se outra pessoa o faz tem um efeito não muito agradável.
Bamse não é apenas o urso mais forte do mundo, mas é também é também o mais gentil. Ele acredita na redenção. Um dos ensinamentos da revista é que devemos ser bons com pessoas más, porque isso pode fazer a diferença.
Ele é, também, um urso de família: é casado e tem quatro filhos. Divide com os amigos, a esposa e os filhos parte das suas aventuras. Apesar da sua caracterização, de ser uma HQ estrelada por animais “fofinhos”, Bamse extrapola a aparência inocente de uma simples HQ para crianças.
Bamse possui um alto potencial pedagógico e estimula a
curiosidade as crianças e, segundo seus críticos, tem um forte posicionamento
moral com relação a temas complexos. Esta HQ utiliza da linguagem
infantil para tratar de assuntos sérios como, por exemplo, o holocausto, além
de trazer a tona elementos do folclore nórdico como trolls, goblins,
bruxas, gigantes, e dragões. Foram incluídos ainda em suas histórias temas
polêmicos como o racismo, igualdade de gênero e dependência química.
Texto adaptado. Clique aqui para ler o original na íntegra.