sábado, 21 de julho de 2007

Esportes e atletas nos quadrinhos nacionais

No Brasil temos muitos personagens de quadrinhos nacionais que foram inspirados em grandes atletas ou mesmo personagens criados a partir de um esporte específico. E, embora o futebol tenha sido a maior fonte de inspiração para a criação destes personagens, outras modalidades esportivas também tiveram seus ídolos transportados para os quadrinhos.

Um dos primeiros personagens dos quadrinhos nacionais cuja origem se relacionava ao esporte foi o Judoka. O Judoka, que estreou em outubro de 1969 pela EBAL. (Editora Brasil América Ltda.), com desenhos de Pedro Anísio, Mario Lima e outros e roteiro de Eduardo Baron. O Judoka era um jovem estudante que se torna um lutador de Judô e junto com sua namorada passa a combater o crime em varias partes do Brasil. O Judô é uma das modalidades esportivas de maior relevância no Brasil, responsável pela conquista de várias medalhas olímpicas e títulos em campeonatos mundiais e regionais. Para quem não sabe, o Judô é uma arte marcial criada no século XVII no Japão baseado nos movimentos do Jiu-Jitsu, que serve como defesa, sem estimular a violência. Em japonês a palavra significa suave. Esta modalidade de luta usa a força do oponente para derrubá-lo sem usar socos ou chutes. Cada luta oficial dura cinco minutos. A revista do Judoka durou 4 anos e foi criada em meio à ditadura e tinha um cunho patriótico que procurava exaltar as virtudes do Brasil. [1]

Outro personagem que fez muito sucesso foi o Pelezinho, que estreou em tirinhas de jornal em outubro de 1976, sob o traço de Maurício de Sousa, criador da Turma da Mônica. Em agosto de 1977 o garoto craque de bola virou título de uma revista em quadrinhos. Os personagens que contracenavam com Pelezinho eram todos baseados nos amigos de infância de Pelé, que participou ativamente da produção do personagem e até colaborou para alguns roteiros através de suas recordações de infância. Pelezinho e seus amigos formavam um núcleo à parte não dependendo de outros personagens de Maurício de Souza como a Mônica, Cascão e Cebolinha. A revista durou 57 números e foi encerrada em 1982. Foram feitas depois republicações de algumas de suas histórias e tiras em almanaques especiais e algumas participações em historias da Turma da Mônica além de um especial, em 1990 comemorando os 50 anos do Pelé (Pelezinho Especial - 50 anos de Pelé).


Em 2005, Pelezinho reapareceu ao lado de Dieguito em uma ilustração produzida e divulgada por Mauricio de Sousa para celebrar o encontro dos dois craques – Diego Maradona e Pelé -, naquele ano, em um programa de TV na Argentina. O desenho apresentou Dieguito ao grande público e foi acompanhado da divulgação de suas tiras jamais publicadas. Criado nos anos por Maurício de Sousa em homenagem a Maradona, o personagem não chegou a estrear na mídia.

A criação mais recente de Maurício de Sousa relacionada diretamente aos esportes é o personagem de Ronaldinho Gaúcho, que estreou em 2006, ano da Copa do Mundo. “O Ronaldinho de Maurício de Sousa é um garoto de cerca de sete anos que adora jogar bola. Da vida real, há algumas referências, como o fato de a família torcer pelo Grêmio, falar com sotaque gaúcho e gostar de churrasco.”[2] O Ronaldinho de Maurício é diferente do Pelezinho e ainda está construindo seu espaço e sua identidade dentro dos quadrinhos. Ele é um personagem neutro, que estimula os leitores fãs de futebol – que atualmente envolve um grupo bem heterogêneo formado por meninos e meninas - e oferece a possibilidade de trabalhar o esporte dentro dos quadrinhos da Turma da Mônica.

Saindo dos gramados para as pistas de corrida, temos um personagem carismático que é não apenas uma homenagem como passou a representar a continuidade e o desenvolvido dos projetos sociais de Ayrton Senna. Senninha nasceu em 1994 inspirado no então bicampeão de fórmula 1 Ayrton Senna. Seus criadores são Rogério Martins e Ridaut Dias Jr. O Senninha era um projeto pessoal do piloto de fórmula 1 que desejava estar mais próximo de seu público infantil. Ayrton Senna partiu, mas o Senninha ficou, tornando-se um personagem ativo dos quadrinho e encabeçando várias campanhas educativas, como o gibi Senninha em Trânsito Legal, para sensibilizar o público infantil sobre segurança no trânsito, lançado em outubro de 2004.

Outro atleta que conquistou espaço nos quadrinhos foi o jogador de basquete Oscar Schmidt, cuja hq foi lançada no final do ano de 1997. O personagem de Oscar nos quadrinho é muito semelhante fisicamente ao atleta. O Oscarzinho é um amante do basquete que procura sempre tirar uma boa lição do esporte para a vida. Não é tão carismático quanto o Pelezinho e o Senninha, mas representou uma forma de incentivo ao basquete, esporte conhecido mas ainda pouco praticado no Brasil, muitas vezes pela falta de espaço físico e recursos. O personagem Oscarzinho, assim como aconteceu com Pelezinho, Senninha e, mais recentemente, com Ronaldinho Gaúcho, também se tornou uma marca comercial, sendo estampado em mochilas, cadernos, tênis, bolas, etc.

Cada um destes personagens adaptados para os quadrinhos tornou-se um símbolo de uma ou mais gerações que se identificaram com os ideais dos esportes e com o que eles poderiam representar em suas vidas. Neste sentido, deixando de lado o fator comercial, as histórias em quadrinhos acabam se tornando uma ponte para o desenvolvimento do esporte uma vez que penetram na vida das crianças e mesmo de adolescentes e adultos de uma forma simples e criativa, despertando o desejo de torcer, praticar conhecer aquele esporte e contribuindo até mesmo para a sua valorização. O uso de hqs ou mesmo sua produção nas aulas de educação física pode significar um ponto positivo para o desenvolvimento de futuros atletas e de jovens e adultos mais saudáveis. Não seria este um ponto interessante a ser debatido?


[1] http://www.bigorna.net/index.php?secao=registrogeral&id=1122726627
[2] http://www.gardenal.org/balipodo/2007/02/ronaldinho_gaucho_e_turma_da_m.html

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