sábado, 3 de novembro de 2012

Quadrinhos invadem a Feira do Livro de Porto Alegre neste sábado

Sábado (3), a 58a Feira do Livro será palco de um evento paralelo especial, o VII Mutação: quadrinhos, fanzines e cultura pop. Uma parceria entre o grupo Quadrante Sul e a Câmara Rio-Grandense do Livro (CRL), o Mutação começa às 9h e vai até às 20h, com atividades variadas na Casa do Pensamento, Cais do Porto. Neste dia, a temática da Feira que acontece em Porto Alegre se concentra nas histórias em quadrinhos (HQs) e promete muitas atrações diferenciadas.

A organização do evento deste ano está a cargo, pela primeira vez, do grupo Quadrante de Sul, que tem entre seus membros Denilson Rosa dos Reis e Alexandre Fontoura Doeppre. Eles assumiram a responsabilidade de trazer para a praça da Alfândega a tradição dos quadrinhos. Além de proporcionar um ambiente para o pessoal aficionado, o Mutação também é uma forma de reunir as pessoas para falar desse mundo.

Segundo Reis, a montagem do evento é uma loucura: “Foi uma surpresa para nós, fomos convidados para constituir um cronograma, e, a cada dia, é uma mutação mesmo.” Mais calmo, Doeppre afirma que, este ano, serão muitas as novidades. “Teremos quadrinistas que realmente representam a área, não são profissionais com editoras comerciais por trás. Vamos trazer ilustradores do meio alternativo”, ressalta.

Durante a manhã de sábado será oferecido o TelaHQ, com debates sobre as séries Doctor Who e Supernatural. Logo depois, Gelson Weschenfelder, palestra sobre heróis e apresenta seu livro: Filosofando com os super-heróis (Mediação). À tarde, a Liga Comics, fã clube da Marvel/DC, garante a participação de convidados especiais.

Especialistas como Henry Jaepelt, Law Tissot, Gervásio Santana e Romir Rodriguez falarão sobre o segmento europeu, no bate-papo Outros Quadrinhos. A oficina de fanzine, promoção da Quadrante Sul, encerra a programação desta edição.

Quadrante Sul e o mercado editorial

A revista, que completa 25 anos em 2013, passou por reformulações em 2009. “Está mais elaborada, mais bem apresentada”, conta Reis. Doeppre explica que o grupo investe cada vez mais em novas tecnologias. Ele é tecnólogo em química, mas decidiu exercer no design gráfico, função que desempenha na Quadrante Sul. Reis é formado em história e escreve sues próprios fanzines.

Atualmente, eles relatam, o processo produtivo é mais fácil. “Nas décadas de 1980 e 1990, publicações independentes eram todas em xerox”, esclarecem. O barateamento do custo de fabricação é uma das razões pelas quais os HQs se disseminaram pelo mundo. Porém, isso causou impactos divergentes nos colecionadores, conforme explica Doeppre: “A coisa está muito elitizada. Dá saudade daquela época que a gente ia na banca e com 10 reais comprava vários gibis.”

Reis pondera: “Tem que olhar os dois lados, o do colecionador e o do artista. Ficou mais caro colecionar, no entanto, para quem produz, abriu-se um novo nicho.” Eles lembraram que, no Brasil, inclusive o Governo vem investindo no meio como forma de educação, liberando verbas para produção de HQs dos clássicos da literatura.

Quanto a proposta transmidiática que se instaura mundo a fora, eles comentam que pode ser uma maneira bem útil de divulgação das narrativas. Doeppre diz que muitos seriados acabaram por acrescentar elementos e enriquecer os quadrinhos.

“A própria Marvel está reformulando seus super-heróis para o cinema. Para os norte-americanos, isso é uma indústria”, ressalta Reis. Ambos lamentam que o mercado brasileiro ainda não atingiu o mesmo nível do exterior. “Se o país fosse mais forte nessa área, existiriam quadrinhos das novelas”, brincou Doeppre.

A revista Quadrante Sul pode ser conferida durante o VII Mutação. Uma mostra das edições ficará exposta no hall de entrada da Casa do Pensamento, no mesmo local.

PUBLICADO NO JORNAL DO COMÉRCIO

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