terça-feira, 30 de outubro de 2007

Gonçalo Jr comenta o livro de Ezequiel de Azevedo, Ebal - a fábrica de quadrinhos

Saiu no Bigorna a crítica ao livro recém-lançado sobre a EBAL, em um artigo feito por Gonçalo Jr. Recomendo a leitura do texto que está disponível aqui

Mais detalhes sobre a polêmica a respeito do livro, no Universo HQ

Zeca & Nico vão ao veterinário

Lendo o site do Bigorna hoje cedo encontrei um dica excelente de HQ para download: Zeca & Nico vão ao veterinário. A revista tem de 6 páginas e foi criada por Bira Dantas e mostra o cãozinho Nico morrendo de medo de ser vacinado contra a raiva; o menino Zeca, dono de Nico, precisa convencê-lo de que a prevenção contra doenças é importante para todos.

Esta HQ pode ser usada na sala de aula, no estudo de doenças e sua prevenção. A dica é propor aos alunos que também produzam suas próprias HQs falando sobre doenças e as melhores maneiras de evita-las. Seria uma forma de avaliação bem criativa e estimularia os alunos a pesquisarem e se inteirarem mais sobre o tema. Para o fazer download da HQ é só clicar aqui .

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

HQs premiadas no Concurso: A história da minha cidade (Rivelino)
















































HQs premiadas no Concurso: A lenda do feijão Cru ( Jhones)










HQs premiadas no Concurso: Meu Bairro (ketlyn)

Entrega dos prêmios do I Concurso de Histórias em Quadrinhos da Gibiteca

Na quinta-feira, dia 25 de outubro fizemos a entrega dos prêmios para os três vencedores do I Concurso de Histórias em Quadrinhos da Gibiteca. O premiados receberam um kit de presentes, cortesia da Boticário, Papelaria Central, Papelaria Brasil Escolar, Super Nutri, Evandro Jóias, Calcebem e Foto Vídeo Stúdio, que ainvestiram no nosso pequeno concurso, doando brindes.

Os vencederes foram, respectivamente: Jhones Matos Rocha Raimunfo (8ª série), Rivelino da Silva Severiano (5ª série) e Ketlyn (3ª série).



quinta-feira, 25 de outubro de 2007

28 de Outubro, Dia internacional da Animação

A Equipe do Menino Caranguejo está coordenando e organizando o Dia Internacional da Animação, em Joinville, que acontecerá dia 28 de novembro. O Dia Internacional da Animação foi instituído em 2002 pela Associação Internacional do Filme de Animação (Asifa), em comemoração da primeira exibição do teatro ótico de Émile Reynaud, no museu Grévin de Paris, no dia 28 de Outubro de 1892 --três anos antes do cinematógrafo ser apresentado pelos irmãos Lumiére. Foi a primeira exibição pública de imagens animadas do mundo.

Este ano ele será realizado em 51 paises. A cada ano que passa esta celebração do cinema de animação cresce, contribuindo para evolução da arte em todo o mundo. No Brasil, a edição do Dia Internacional da Animação, de 2007, conta com 50 cidades participantes e a previsão de público é que seja superior a 30 mil pessoas em todo o país.

A Mostra será exibida simultaneamente às 19 horas, visando a difusão e democratização do trabalho dos animadores e proporcionando aos seus espectadores o contato com essa arte cinematográfica. O “Dia Internacional da Animação” é organizado pela Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA), filiada à ASIFA, e seus membros espalhados em todo território nacional. É o maior evento simultâneo do gênero a ser realizado no Brasil, contando com o apoio e a participação do público, imprensa e profissionais da área. Neste ano o DIA será financiado novamente pelo Fundo Nacional da Cultura Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura.

Na maior parte das cidades durante a semana que antecede o evento, além do programa oficial do Dia Internacional da Animação, ocorrerão mostras, debates, workshops, palestras, confraternizações para celebrar esta data. O evento terá entrada franca em todo Brasil com objetivo de criar novas platéias, difundir a cultura, divulgar o cinema de animação tornando este dia numa grande festa de integração sócio-cultural. Em 2007 o DIA terá o apoio da TVE nacional, Tv Cultura e Rede Globo Nacional e Canal Futura na divulgação e cobertura simultânea do evento. (clique aqui para conferir a agenda nacional).

Para maiores informações sobre a comemoração deste dia nos países ligados a ASIFA acesse:http://www.asifa.net/news/iad_index.php

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

HQ leva esclarecimento sobre a Hanseníase

Já conheço o trabaho da pesquisadora Karina Cabello, por contatos que já fizemos via e-mail, mas eu me deparei, por acaso com esta nota, enquanto fazia minhas habituais pesquisas sobre quadrinhos, na internet. Achei ainda mais legal, depois de ter mais detalhes. Vale conhecer a iniciativa e verificar como o uso das HQs pode ser abranger as mais diversas áreas.
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Hoje curável em 100% dos casos e com tratamento gratuito disponível para a população, a hanseníase ainda carrega o estigma e o preconceito que levaram seus portadores ao isolamento durante séculos. A falta de informação sobre a doença é um dos fatores que levam o Brasil a ocupar a triste quinta posição entre os nove países endêmicos listados pela Organização Mundial de Saúde em 2005. Com o objetivo de contribuir para vencer o preconceito através do esclarecimento, o Laboratório de Hanseníase do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) desenvolveu uma história em quadrinhos sobre a doença tendo como público-alvo alunos do ensino fundamental.


A iniciativa é fruto do trabalho da bióloga Karina Saavedra Acero Cabello no curso de especialização no Programa de Pós-Graduação em Ensino em Biociências e Saúde do IOC, orientada pelo pesquisador Milton Ozório Moraes. O material surgiu com a idéia inicial de uma simples cartilha e ganhou forma. “Eu mesma comecei a rascunhar os desenhos e, aos poucos, percebi que uma história em quadrinhos era mais dinâmica e atrativa para as crianças. Queria que elas aprendessem sobre a doença de uma forma divertida”, explica a bióloga, que contou com a colaboração do ilustrador Bruno Esquenazi, do Setor de Produção e Tratamento de Imagens do IOC. Esta parceria foi de vital importância, pois o Bruno deu uma excelente formatação aos desenhos.”


A história em quadrinhos narra a divertida aventura de dois amigos que, ao encontrarem uma coleguinha que tem manchas brancas na pele, são levados pelo Micobac (personagem criado com base na Mycobacterium leprae, bactéria causadora da hanseníase) a uma viagem imaginária pelo interior do corpo humano. Lá, conhecem mais sobre a doença e conversam com um macrófago, que fala sobre suas atribuições no organismo. De forma divertida e clara, o roteiro informa e esclarece sobre a doença.


Para o mestrado desenvolvido no mesmo programa, a bióloga aplicou o trabalho em três escolas da rede pública e privada. “O objetivo foi conhecer o impacto e ver como as crianças receberiam o projeto. Pude comprovar nessa trajetória que o preconceito ainda é muito forte”, avalia. Antes da introdução da história em quadrinhos, um questionário foi realizado com professores e alunos das escolas escolhidas para dar a dimensão do quanto conheciam sobre o tema. A aplicação foi iniciada com alunos de uma escola privada no Rio de Janeiro. “Trabalhamos a história e depois fizemos uma discussão em grupo. Os alunos foram muito receptivos e não se restringiram a responder o que eu perguntava, também fizeram muitas perguntas. Superou as expectativas”, Karina comemora.


A aplicação na rede pública de ensino foi realizada em escolas de Itaboraí, no interior do estado. Considerada uma região endêmica, o município abriga o Hospital Estadual Tavares Macedo, especializado no atendimento da doença. Na primeira tentativa, a maior parte dos pais dos alunos da escola escolhida relutaram em autorizar a participação dos filhos no projeto. “Dos cem questionários prévios enviados, recebi apenas 20 de volta. Foi um choque para mim”, dispara Karina, que preferiu não prosseguir o estudo nesta instituição. Em outras duas escolas, uma próxima e a outra distante do hospital, a timidez dos alunos ao falar sobre o assunto foi uma característica comum. “Os alunos ficaram sem graça e eu senti que não estavam à vontade. A diferença é que os alunos da escola mais próxima ao hospital sabiam mais sobre o tema, enquanto que os da escola mais distante tinham o mesmo nível de conhecimento dos que o da instituição privada”, considerou.


Outro aspecto importante levantado pelo estudo é que temas como a hanseníase não são abordados por professores de ciências, mesmo em uma região endêmica como Itaboraí. “Conversei com coordenadores pedagógicos e professores e todos confirmaram que não trabalham o tema em sala de aula. Como as crianças irão saber que a doença tem cura?”, indaga a bióloga, ressaltando que os pais também contribuem para que o preconceito ainda exista. “A criança é prejudicada, já que os pais alimentam este preconceito, passado dentro de casa”, conclui. Karina foi convidada pelo Programa de Hanseníase de Itaboraí para dar continuidade ao trabalho de divulgação e esclarecimento, não só através da história em quadrinhos, mas também treinando e capacitando agentes de saúde para atuar na região.


Fonte: Fiocruz

domingo, 21 de outubro de 2007

5º Festival Internacional de Quadrinhos

Termina hoje a quinta edição do FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos, na Serraria Souza Pinto, Belo Horizonte. Este festival é um dos mais importantes do Brasil e ocorre a cada dois anos.Entre os destaques deste ano tivemos os artistas Domingo Mandrafina, Kan Takahama, Benoît Sokal, Eduardo Risso, entre muitos outros, além de muitas ilustraçções de autores nacionaios e estrangeiros, espalhadas por todo o espaço. Entre quadrinhos, autores e fãs houve debates, mesas redondas e palestras tratando de temas que envolvem diretamente os quadrinhos.


A FIQ é um espaço privilegiado de encontro entre artistas, roteiristas, editores e leitores. Dentro da Serraria Souza Pinto foi montada uma enorme gibiteca para que os visitantes pudessem desfrutar da leitura de quadrinhos e conhecer novos títulos. Os produtores indenpendentes de quadrinhos e os fanzines tiveram oportunidade de expor e vender sua produção. A FIQ permite que esta “tribo” se reúna, troque experiências e conheça as novidades do mercado.

Infelizmente, nós não pudemos participar da FIQ, mas quem estiver interessado em saber mais informações ver mais fotos pode encontrar notícias detalhadas no site Bigorna, através das notícias diárias que foram passadas por um dos colunistas, Mathes Moura e através do Blog dos Quadrinhos do professor Paulo Ramos, que foi dos convidados para o evento e que também fez uma cobertura detalhada do evento. Pode também conferir como foi a programação, ver fotos e pegar mais informações no site oficial do FIQ.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Novo número do Eureca! Superkids chega às escolas

O segundo número do jornal infantil Eureca! Superkids começou a ser distribuído gratuitamente nas escolas de São Paulo. O jornal, que apresenta diversos personagens infantis protagonizando histórias em quadrinhos, além de textos e atividades, teve sua primeira edição lançada em junho último. Tivemos oportunidade de receber alguns exemplares do primeiro número do jornal aqui na Gibiteca e ele fez um grande sucesso entre os alunos da 1ª a 4ª séries. Os professores também aprovaram o uso do jornal em sala de aula, na aprendizado dos alunos.

Segundo seu editor, Altemar Domingos, a tiragem do Eureka! Superkids #2 foi de 20 mil exemplares, o dobro da primeira. O jornal tem o propósito de incentivar a leitura, disponibilizando cultura e entretenimento através dos quadrinhos da Turma do Xaxado, Jaguara-Mirim, Riskinho, Turma do Papi, Luana e textos ilustrados dos personagens Andressa Papaletra, Didi, Abelhinha Bel e Docinhos, todos criados por artistas nacionais.



Neste número, os participantes saberão quem foi o vencedor do concurso de desenhos (do qual alguns alunos da Escola Municipal Judith Lintz Guedes Machado estão participando, também), e poderão participar de uma nova competição, agora de redação. Os criadores do Eureca! Superkids buscam patrocínio e apoio para aumentar a tiragem e distribuição. Os professores e educadores interessados em conhecer a publicação podem solicitar seu exemplar através do e-mail superkids@eurecamix.net, enviando seu nome, endereço e nome da escola em que leciona. Também é possível conhecer o jornal acessando o site http://www.superkids.eurecamix.net/.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Lista das HQs que serão enviadas para as escolas pelo PNBE

Saiu no Universo HQ: o Ministério da Educação divulgou, na semana passada, os livros selecionados para 2008 no PNBE - Programa Nacional Biblioteca da Escola, que desde 1997 incentiva a leitura e o acesso à cultura por meio da aquisição de diversas obras publicadas Brasil afora. Sete livros de quadrinhos foram indicados, superando uma concorrência enorme.


Os selecionados foram Xaxado Ano 2, de Antonio Cedraz (produção independente); Hans Staden - Um Aventureiro no Novo Mundo, de Jô Oliveira (Conrad); Courtney Crumrin & As Criaturas da Noite, de Ted Naifeh (Devir); Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda, de Marcia Williams (Ática); Os Lusíadas em Quadrinhos, de Fido Nesti (Peirópolis); 25 Anos do Menino Maluquinho, de Ziraldo (Globo); e Pequeno Vampiro vai à Escola, de Joann Sfar (Jorge Zahar).Além disso, a Rocco emplacou o livro ilustrado Os Lobos dentro das paredes, escrito por Neil Gaiman e desenhado por Dave McKean, dupla bastante conhecida dos fãs de quadrinhos.

Reparem que Neil Gaiman está entre os autores escolhidos este ano. Ele é considerado um dos mais talentosos quadrinistas dos últimos tempos e teve uma obra adaptada recentemente ao cinema (Stardust). Além disto, destacam-se três importantes autores nacionais: Ziraldo, Cedraz e Jô Oliveira.

Fiquem atentos para conferir a entrega das HQs em sua escola. Todas as escolas atendidas pelo programa irão recebê-las. Fica a sugestão de separá-las juntamente com os outros exemplares que já estão na escola e ir montando uma pequena gibiteca dentro da biblioteca da escola.

sábado, 13 de outubro de 2007

Texto de Maurício de Sousa sobre a importância da leitura nas escolas

Encontrei por um acaso esta texto no jornal Bom dia Bauru e achei legal citá-lo aqui. Maurício de Sousa fala da importância dos quadrinhos no desenvolvimento da leitura e nas escolas. Vale a pena conferir.
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Ler é vital
Os quadrinhos são ótimos para a iniciação à leitura


Ler é vital em qualquer idade, e tudo começa com os pais.O hábito de contar histórias para os filhos, tão esquecido hoje, é primordial. Depois, vêm as histórias em quadrinhos, os livrinhos, etc. O ideal é que se estimule a criança sempre.A escola também tem um papel importante no incentivo à leitura. Com certeza, há escolas que trabalham bem a literatura; e outras, não. O fundamental mesmo é que os professores incentivem sempre a leitura. E que isso encontre eco nos pais. Afinal, em casa a criança também tem de ler. Nesse aspecto, os quadrinhos têm um aspecto lúdico para a criança, ótimo para a iniciação à leitura. A junção de texto e imagem, a noção de movimento, cada descoberta após virar a página, tudo isso desperta o interesse pela leitura. E já há até pesquisas, inclusive no Brasil, mostrando que crianças que lêem gibis têm mais facilidade de aprendizado. Ler exercita a imaginação, aguça a curiosidade e desperta o interesse pelo desconhecido. As crianças que lêem os meus gibis, por exemplo, me enviam e-mail perguntando coisas das mais variadas, como se o Cebolinha gosta da Mônica e vice-versa; se eles vão casar, quando o Cascão tomará banho, como a Magali não engorda, como a Dorinha "enxerga" o mundo por ser cega e muito mais. A imaginação das crianças não tem limite e é ótimo que não tenha. E a Turma da Mônica, por exemplo, propõe diversão aos baixinhos. O bacana é que a Turminha é tão diversificada, que sempre a criançada vai encontrar um personagem que se pareça com algum amiguinho.

Mauricio de Sousa
Jornalista, cartunista e empresário, criador da Turma da Mônica

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Os quadrinhos de Jacques Martin e a cultura material

As BD franco-belgas (História em Quadrinhos) têm um grande mérito: elas conseguem ir muito além do trivial e dão espaço para artistas e pesquisadores colocarem o produto de seu trabalho a disposição do grande público, de uma forma que os livros jamais conseguiriam. A tiragem das BD é muito superior a dos livros e os personagens populares ajudam a vender o produto.

É o caso dos álbuns dedicados a ilustrações e dados referentes a cultura material. Em arqueologia, chama-se de cultura material ou cultura arqueológica (Material culture e Archaeological culture, em inglês) o conjunto de objetos - tecidos, utensílios, ferramentas, adornos, meios de transporte, moradias, armas etc. - que formam o ambiente concreto de determinada sociedade.
Eu tenho um álbum fantástico, das Viagens de Alix, um personagem muito popular na França, assinado por Jacques Martin. Alix é um escravo que viaja com seu dono por todos os cantos do Império Romano. O álbum ao qual estou me referindo, em particular é “La marine antigue (2)”, que reproduz e dá detalhes sobre os navios construídos por civilizações antigas, como Egito, Roma e Grécia. Um uma mistura de livro ilustrado com HQ.

Contrariando o mito de que as HQs são frutos apenas da imaginação de seus autores, estes álbuns mostram que a pesquisa é a base para a construção dos personagens e que as HQs podem se tornar fontes ricas para quem quer se inteirar mais sobre o assunto.

Recentemente o amigo Pedro Jervis D’ Athouguia Bouça repassou-me uma dica muito legal de BD neste mesmo estilo. Trata-se do trabalho recente do já citado Jacques Martin e de Pierre Leigein: um álbum dedicado aos uniformes da Batalha de Waterloo. Trata-se de uma discrição sistemática alternada com cenas da famosa batalha, publicado pela editora Casterman. Segundo Pedro Jervis, a BD detalha até mesmo a roupa das cozinheiras. Jacques Martin é reconhecido pela seriedade com a qual trabalha seus projetos.

Ele já vez trabalhos semelhantes, com o personagem Alix, e as roupas da antiguidade. Embora algumas pessoas vendo as imagens possam achar que seja um trabalho simplesmente descritivo, este tipo de material é uma fonte que pode ser utilizada para trabalhos críticos sobre temas ligados aos habitus de civilizações ou de sociedades do passado. Aliás, crítica não falta. Há aqueles que não apostam neste tipo de BD e encontram nelas algumas lacunas. Para mim até isto é válido: de que adianta produzir uma obra se ela não é dessecada, experimenta e analisada pelo leitor?

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Mais doações!

Na semana passada, recebemos uma doação de HQs da Turma da Mônica do Dr. Ormeu Lopes de Faria Filho, oftalmologista local e, esta semana recebemos mais duas doações. A Takaoka Empreendimentos enviou para a Gibiteca onze exemplares da “Turma do Takinha”, um gibi inspirado nos ideais de qualidade de vida do engenheiro Yojiro Takaoka, um dos idealizadores de Alphaville e Aldeia da Serra (no Estado de São Paulo).

Entre os conceitos apresentados estão a preservação do meio ambiente, a relação cordial entre amigos e a valorização das boas ações. Dentro deste conceito, Takinha e seus quatro amigos, Leo, Guga, Nando e Nika ajudam os baixinhos a entender assuntos importantes para nossa vida e nosso planeta. O gibi pode ser acessado no site www.takaoka.eng.br/takinha.
Conseguimos as HQs por intermédio da APASCS (Associação Protetora dos Animais de São Caetano do Sul), com quem entrei em contato quando vi a publicação de uma edição da turma do Takinha sobre proteção aos animais. Agradecemos a gentileza! Quem quiser conhecer melhor o trabalho desta OSCIP é só ir no link http://www.apascs.org.br/.

Recebemos 15 exemplares do já comentado gibi sobre o ECA, Descolado. Nossos agradecimentos a todos que estão contribuindo para a expansão da nossa Gibiteca e, espero que, em breve, tenhamos que mudar para um espaço maior.

CD-Rom do I Seminário Sobre Quadrinhos, Ensino e Leitura

Com um pouco de atraso já começamos a distribuir os CD-Rons e os certificados de participação do I Seminário sobre Quadrinhos, Leitura e Ensino, realizado no dia 18 de maio deste ano. Pedimos desculpas pelo atraso, mas com em toda primeira vez, nem tudo sai dentro do prazo programado. Mas já estamos preparando nosso II Seminário! Aguardem notícias, em breve.

Caso alguém não recebe o material até o final do mês de Outubro, favor entrar em contato pelo e-mail gibitecacom@yahoo.com.br

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Notícias sobre Gibitecas!

Pois é, este mês as Gibitecas estão na mídia. Primeiro temos a Gibiteca de Curitiba, comemorando seus 25 anos, com exposições, palestras, cursos e tudo mais que se tem direito. Já a Gibiteca de São Bernardo, continua comemorando seus 8 anos de funcionanmento com o lançamente de um fanzinhe, disponível para download. Seguem duas reportagens sobre as gibitecas, confiram!

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Gibiteca de Curitiba exibe história de sucesso

Muito mais do que uma biblioteca de gibis, a Gibiteca de Curitiba, espaço da Prefeitura Municipal administrado pela Fundação Cultural de Curitiba, conquistou o respeito de todos aqueles que conhecem a importância das artes gráficas. Ao completar 25 anos de existência, a Gibiteca comemora seu reconhecimento com uma festa aberta ao público, oferecendo programação especial durante todo o mês de outubro.

A programação tem início às 19h desta terça-feira (9), no Centro Cultural Solar do Barão, com abertura das exposições “Gibiteca 25 Anos” e “Originais de Joe Bennett”, ao lado de banners com personagens das histórias em quadrinhos do cartunista curitibano Marcos Vaz. Nesse quarto de século de atividades, a Gibiteca sempre foi um local para importantes oficinas, cursos e eventos, além de oferecer um acervo repleto de tesouros gráficos, entre eles a produção de quadrinhos em Curitiba, considerada uma das mais ricas do Brasil. Criada em 1982, a partir de projeto idealizado pelos arquitetos Key Imaguire Júnior e Abrão Assad, a Gibiteca teve como primeiro endereço uma das salas da Galeria Schaffer. Depois, em 1988, transferiu-se, para o Centro Cultural Solar do Barão, onde permanece até hoje.

O espaço dispõe de mais de 25 mil títulos de todos os gêneros de histórias em quadrinhos e abrange outras iniciativas, entre elas cursos, oficinas de criação, exposições, palestras, lançamentos e encontros de RPG (Role Playing Game), envolvendo o que há de melhor na produção brasileira e internacional. Pesquisa – Toda a gama de gibis infantis, heróis, humor, terror, cartuns, fanzines, mangás e exemplares estrangeiros faz do acervo da Gibiteca uma fonte valiosa para pesquisas. Nele estão guardados exemplares do personagem “Gibi”, nome que mais tarde foi apropriado para designar as revistas em quadrinhos. Há também as primeiras edições de “Tico-tico” e “O Globo Juvenil” (os mais antigos são datados de 1942), as primeiras edições nacionais de Batman e Capitão América, da década de 1950, além de uma coleção completa do Pasquim.

O acervo cresceu por meio de doações de editores, colecionadores e do próprio público, formado por muita gente jovem e também por pesquisadores, estudantes e professores. Ao mesmo tempo, a Gibiteca estabeleceu um mecanismo de trocas com interessados, de modo que, além de montar seu próprio acervo, ela passou a colaborar para coleções particulares de gibis. Dezenas de oficinas e cursos foram promovidos nesses 25 anos, colocando a nova geração lado a lado com os grandes nomes da HQ brasileira como Laerte, Angeli, Glauco, Luiz Gê, Primaggio, Malavoglia & Garfunkel, entre outros. Aos poucos, artistas curitibanos também foram despontando no cenário nacional e hoje têm seus desenhos e histórias estampados em páginas de jornais e revistas. A Gibiteca editou 15 números do Gibitiba, dando oportunidade aos jovens desenhistas de mostrar suas criações. Quando completou o 15º aniversário, a Gibiteca mereceu uma edição comemorativa da revista Metal Pesado, na qual foram incluídos trabalhos de 23 artistas, muitos deles integrantes de uma nova geração que teve justamente a Gibiteca como centro de formação.


A Gazeta do Povo traz a programação da Gibiteca para esta semana http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/cadernog/conteudo.phtml?id=702082

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Gibiteca de São Bernardo lança fanzine em comemoração aos 8 anos do espaço

Os apreciadores da arte em História em Quadrinhos têm encontro marcado para o dia 29 de setembro (sábado), a partir das 14h30, na Gibiteca Municipal de São Bernardo (Rua Jurubatuba, 1.415 – Centro). É que o espaço está lançando o fanzine ‘Gibiteca SBC Zine’ em comemoração aos oito anos de existência (completados no 6 de agosto de 2007). O fanzine foi produzido por 18 freqüentadores do local que participaram de uma oficina gratuita promovida em 2006 pela Gibiteca. O evento é gratuito e aberto ao público em geral.

Além de um bate-papo informal com os autores do fanzine, os participantes terão a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a Gibiteca de São Bernardo, além de apreciar uma apresentação de discotecagem com o DJ Lord, e também uma performance artística dos desenhistas e freqüentadores da Gibiteca Elton Hipólito e W.C, que comporão uma tela em HQ’s, registrando todos os momentos do evento em tempo real. Com acervo de 11 mil itens, a Gibiteca Municipal de São Bernardo é uma das poucas existentes no Brasil que possui acervo circulante (para empréstimo). Somente em 2006 foram realizados mais de 77 mil empréstimos. Por mês, o espaço recebe em média a visita de mil pessoas. Além das HQ’s, o espaço possui discos de vinil, revistas de música e filmes em VHS. A Gibiteca também recebe e necessita de doações.Os exemplares mais procurados são as revistas da Turma da Mônica e as da Disney, mas a Gibiteca também possui edições raras como a número 1 da Liga da Justiça - revista em quadrinho que reúne vários super-heróis, além da nº 1 do Homem Aranha e do Volverini.

Outras preciosidades são duas publicações do desenhista Maurício de Sousa, com esboços dos personagens Piteco e Astronauta antes de serem lançados; além publicações voltadas à literatura, como A História da Música em HQ e Os Clássicos da Literatura, entre outros. Mais do que entretenimento, a Gibiteca Municipal de São Bernardo também tem a função de incentivar a formação de leitores.O espaço ainda promove oficinas de quadrinhos, com noções de desenho, roteiro e arte-finalização, entre outros. Está aberta também para agendamento de visitas monitoradas para escolas e instituições. Aos sábados é comum um grupo se reunir para desenhar e trocar idéias sobre HQ’s.

Histórico – A Gibiteca Municipal de São Bernardo foi inaugurada em 6 de agosto de 1999. Funcionou por dois anos na Câmara de Cultura Antonino Assumpção, passando, depois, para o mesmo prédio onde funciona a Biblioteca Monteiro Lobato (R. Jurubatuba, 1.415 – tel.: 4125-7993), onde está localizada atualmente. O espaço funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h30, e aos sábados, das 8h às 13h30.ACESSE AQUI O FANZINI! Informações à ImprensaDepto. de Comunicação – Divisão de JornalismoTelefone: 4348-1043Secretarias Educação e Cultura – Gibiteca– 18/09/2007Rita Santos – MTB 26.183

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

A Caravela: uma HQ sobre as Grandes Navegações

A Caravela reúne um conjunto de tiras que mostram as aventuras marítimas ocorridas a bordo da Caravela Flor do Lácio e sua tripulação de nobres, militares, clérigos e marinheiros, ocorridas por volta de 1530.

Em “A Caravela”, os marinheiros ganham um espaço que não tiveram na história, tornando-se personagens fundamentais para que toda a aventura “por martes nunca d´antes navegados”, tenha um final feliz. Nas tirinhas de Nilson estes personagens anônimos saem das sombras e participam ativamente do enredo. A Caravela pode ser considerada uma paródia histórica, que através de personagens fictícios busca aproximar-se daqueles personagens reais dos quais nunca ouvimos falar e sem os quais não haveria história. É o caso de Manual e Joaquim, dois marinheiros protagonistas de muitas aventuras.

A Caravela reúne tiras que são muito mais que cômicas: nelas está envolvido todos um discurso social, histórico e político, sob disfarce do humor. A série faz uma revisão da História e pode ser interpretada como uma alegoria social que faz jus à tradição crítica do humor jornalístico.
Este álbum está sendo lançado pela editora Marca de Fantasia, que há anos vem incentivando aos quadrinhos nacionais e a pesquisa sobre esta e outras mídias, através de publicações baratas e de qualidade. Confiram o site da editora.

Alunos constroem HQs no computador

Esta semana eu pude ter contado com um trabalho lindo, realizado com uso de computadores, envolvendo quadrinhos. A Prof. Gládis Leal dos Santos – Informática Pedagógica, coordenadora de Sala Informatiza da escola, CAIC Professor Mariano Costa – rede municipal de Joinville, SC, está usando o computador para construir histórias em quadrinhos com alunos, em parceria com as professoras Mari Terezinha Cipriano, da 2ª série B, e a professora de Arte, Fabiana Castegnaro, utilizando o aplicativo Paint e a gravação das falas dos personagens pelos alunos-autores.


Nas aulas de Arte o trabalho teve início com a apresentação da animação “Mosca” no site: http://www.olhonovo.com.br/animacao/expressao.htm. A professora explorou com os alunos as expressões faciais do personagem e os traços do desenho. Na sala de aula a professora Mari realizou várias atividades de leitura e produção de texto com os alunos. A partir da leitura de livros diversos e revistas de história em quadrinhos, foram desenvolvidos textos coletivos, em duplas e individuais, atividades de reescrita e produção criativa de pequenos diálogos e histórias. A professora trabalhou a estrutura do texto e a pontuação, dando ênfase ao discurso direto.Uma das atividades foi a criação de uma historinha no caderno.Em duplas, os alunos fizeram, depois, uma história em quadrinhos em folhas sulfite. As folhas foram divididas em quatro partes e os alunos criaram os desenhos e falas dos personagens. Depois, cada dupla fez a apresentação oral da história para a classe.
Já na sala de informatica os alunos iniciaram a construção de sua história em quadrinhos utilizando o Paint. A cada aula, a dupla desenhou um quadrinho da história. Depois, os desenhos foram colados no Word e os alunos iniciaram a escrita das falas dos personagens e narrador.

A última atividade foi a gravação das falas. Depois de montar uma apresentação on line das historinhas http://www.bubbleshare.com/album/88759.50dd1cc097f/overview
Foi realizada a gravação das falas com as duplas separadamente. O trabalho foi publicado no blog da escola http://caicmariano.blogspot.com/ e a turma retornou à Sala Informatizada para assistir a todas as apresentações
Segundo Gládis “Os alunos mostraram-se motivados e envolvidos durante todas as atividades. A animação Pencilmation, disparadora de todo o trabalho, despertou muito o interesse da turma que percebeu as várias expressões facias do personagem, relacionado-as com os sentimentos e sensações que representavam, o que provocou um animado bate-papo depois da apresentação.A participação da professora de Artes potencializou o processo, uma vez que os alunos exploraram as ferramentas do Paint e desenharam as expressões faciais que perceberam nas animações e PowerPoint, antes de iniciarem a construção de sua história em quadrinhos. O resultado final foram historinhas criativas, desenvolvidas e interpretadas pelos alunos.”

A professora Gládis tem uma página pessoal no link http://gladislsantos.googlepages.com/ e a escola possui um blog onde o trabalho realizado pelos professores é constantemente divulgado
http://caicmariano.blogspot.com/

Temos tido contato com outras produções, usando programas de computador ou técnicas convencionais de criação. Aguardem!

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Dampierre e a Guerra de Vendée: a Revolução Francesa nas Bandes Dessinées franco-belgas

Eu escrevi este texto em maio, para ser publicado em uma revista, mas apesar de aprovado, não tive retorno e não fui notificada de publicação. Então, para não desperdiçar um trabalho feito com empenho, resolvi postar algumas partes dele aqui, para leitura e comentários.


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Uma das características das Histórias em Quadrinhos (hqs) européias é a variedade de títulos e gêneros publicadas anualmente. A versatilidade é um dos pontos mais positivos dos autores europeus, com destaque para a produção belga e francesa. Um dos gêneros de grande aceitação entre os consumidores deste tipo de literatura é justamente o histórico. A arte se alia à ciência para levar ao leitor um entretenimento que assume uma tripla função: divertir, informar e educar.

Este gênero, alimentado pelo nacionalismo francês, oferece ao leitor a oportunidade de, através da união entre imagem e texto, viajar para o passado, da antiguidade aos tempos contemporâneos. Ao mesmo tempo que diverte, as bandes dessinées (como são chamadas as histórias em quadrinhos francesas) despertam a curiosidade dos leitores sobre os temas que abordam, levantam dúvidas, provocam debates sobre fatos e personagens que fazem parte do universo mental dos povos francofones. Na Bélgica e na França, este tipo de leitura é levada muito a sério. De obras biográficas a obras de ficção, o fato é que as hqs franco-belgas tornaram-se um instrumento de divulgação da história nacional. O passado ganha forma nas mãos habilidosas de artistas gráficos, que reconstituem cenários há muito desaparecidos e sobre eles criam tramas fictícias, envolvendo personagens reais e situações históricas.

Alguns dos contextos mais explorados são justamente o das revoluções. A Revolução Francesa, o Império Napoleônico e a Comuna de Paris são temas presentes em obras premiadas que já foram publicadas em vários países, inclusive no Brasil. Embora a diversidade e mesmo a grande qualidade da produção franco-belga não nos permita fazer uma relação e posterior avaliação de todo o material produzido sobre estes temas, selecionamos uma obra em questão: a série Dampierre, do belga Yves Swolfs.

De imediato podemos adiantar que Dampierre não é uma obra-prima do gênero e nem é uma hq excepcional. Como uma grande parte dos trabalhos realizados na França e na Bélgica, é sim, uma série de qualidade, tanto no que tange ao roteiro, quanto à arte. Um dos méritos da produção franco-belga é justamente o fato de que os autores lançam álbuns anualmente. Assim, há muito mais tempo para se debruçar sobre o texto, fazer as pesquisas necessárias para se compor o roteiro e trabalhar as ilustrações. Dampierre é um bom exemplo disto. É uma história em quadrinhos bem trabalhada, com uma excelente apresentação gráfica.

O autor e os desenhistas não têm compromisso com a narrativa histórica. É uma obra de ficção. No entanto, existe a preocupação em se apresentar bem o fato histórico que serve como pano de fundo para a trama central. Assim, uma pesquisa histórica é realizada para que a narrativa de ficção tenha consistência. Dampierre, portanto, é uma obra de ficção, composta sobre um pano de fundo histórico que, embora não comprometida com a realidade histórica, procura aproximar ao máximo imagem e texto do contexto histórico original.

O primeiro número de Dampierre foi lançado em 1987, pela editora Glénat. A série desdobra-se nos anos que seguem a Tomada da Bastilha, na França (1789). Conta a história do jovem Julian Dampierre, tendo como pano de fundo a Revolução Francesa. Dampierre é um jovem palafreneiro (membro de uma corte responsável por cuidar e conduzir, em cortejo solene, o palafrém, o cavalo em que os papas, reis e nobres faziam sua entrada solene nas cidades). Ele é enviado para uma pequena aldeia camponesa, na região oeste da França para servir como mestre de armas. Sem quer ele acaba se envolvendo na Guerra da Vendée. Este talvez seja este o grande mérito deste trabalho de Swolfs. O autor escolhe como pano de fundo para as aventuras de seu personagem um dos episódios mais controversos da Revolução francesa.

Neste contexto que se desenrola a trama do personagem, onde afloram as relações de poder locais, e os conflitos de interesse envolvendo rebeldes e republicanos, expondo as feridas da revolução e a fragilidade do novo governo. Dampierre, é um jovem muito ambicioso e acaba tornando-se uma testemunha do combate fratricida entre monarquistas e republicanos O protagonista não é um heróis tradicional, muito pelo contrário: é insensível aos ideais e aos sentimentos que estão em jogo. Seu único interesse é sua ascensão pessoal. Ao todo, a série teve 12 volumes e foi fruto de uma pesquisa meticulosa, tanto por parte do roteiristas quanto dos ilustradores (a série teve mais de um ilustrador).

A Guerra da Vendée, ou a Rebelião da Vendée, estourou em março de 1793, por conta do decreto da Convenção que ordenava o recrutamento de 300.000 homens. Católicos radicais, os camponeses do oeste jamais haviam aceitado a Constituição Civil do Clero. Para completar, a morte do rei havia causado um mal-estar profundo entre o povo, que considerou o ato criminoso. A ordem para o recrutamento foi a gota d´água para a eclosão de uma revolta, dentro da já insatisfeita comunidade da Vendée. A(s) Guerra(s) da Vendée ocorreram durante a Primeira República, entre os anos I e IV do calendário revolucionário (1793-1796). A Guerra teve muitas fases, com um breve período de paz na primavera de 1795. Em seu primeiro momento assemelhou-se a uma jacquerie camponesa. Enquanto que a Revolução triunfa em Paris, na Vendée o povo opõe-se aos ideais revolucionários que ameaçam os costumes e tradições religiosos.

Por envolver questões religiosas e políticas, este episódio da Revolução Francesa desperta muitos debates e controvérsias. Uma das idéias aceitas sobre a insurreição da Vendée é de que o partido monarquista teria incitado a guerra civil mediante as derrotas sofridas no exterior. O radicalismo religioso e a pobreza dos camponeses para quem o recrutamento significaria a fome – pois levaria os braços fortes dos jovens trabalhadores – teriam sido habilmente explorados pelo clero, aliado dos monarquistas. A região da Vendée tornou-se então palco de violentos e sangrentos combates. A Vendée é uma região a oeste da França com muitas florestas e de difícil acesso. A geografia do local permitiu aos camponeses, liderados por monarquistas, a organizarem emboscadas e ciladas para soldados republicanos. Foram três anos de sangrentas batalhas que levam milhares de franceses à morte.

A série Dampierre não foi publicada no Brasil, onde ainda predominam as comics norte-americanas. Mas nos últimos dois anos tem havido um movimento positivo no sentido de introduzir em nosso mercado as bandes dessinées. A exemplo disto, temos a publicação da obra de Hugo Pratt, o Corto Maltese (2006) pela editora Pixel e os dois primeiros álbuns da série “O grito do povo”, do escritor e cineastra Jean Vautrin e Jacques Tardi, pela editora Conrad (2004/2005). No Brasil carecemos também de incentivo para produção de material nacional de títulos históricos, como ocorre em outros países. Se nos países franco-belgas – e não penas neles -, as hqs históricas são valorizadas, falta a nós a iniciativa de transformar este gênero em um instrumento de informação e ensino. No passado, iniciativas deste porte foram apoiadas pelo governo. Atualmente poucos são os trabalhos que conseguem chegar nas prateleiras e bancas e livrarias.