segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Veja dicas de leitura com clássicos em formato de quadrinhos


Machado de Assis, José de Alencar e Eça de Queiroz têm mais em comum do que o fato de escreverem na língua de Camões. Todos já tiveram suas obras adaptadas do tradicional texto impresso de um livro para um formato mais divertido: quadrinhos. Obras como O Guarani, de José de Alencar, e A Relíquia, de Eça de Queiroz, podem ser encontradas em formato ilustrado.

Adaptações para quadrinhos já existem desde os anos 1940, quando a Editora Brasil produzia versões ilustradas de clássicos da literatura universal e brasileira. O que ocorre agora é uma aproximação da educação formal às histórias em quadrinhos (HQ), utilizadas como ferramenta de ensino.
"Recentemente, as Diretrizes Curriculares abriram as portas para a utilização de outras mídias no processo de ensino, como filmes e quadrinhos. Depois, diversos Estados começaram a incluir histórias em quadrinhos nas bibliotecas de suas escolas e posteriormente, em 2006, o Programa Nacional Biblioteca da Escola, do governo federal, começou também a distribuir histórias em quadrinhos. Todos esses elementos contribuíram para a popularização do formato", diz o professor Waldomiro Vergueiro, coordenador do Observatório de Histórias em Quadrinhos, núcleo de pesquisa da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP).
É importante destacar que uma plataforma não exclui a outra. As HQ podem ser utilizadas como um caminho para outras obras literárias, mas não como substituto da original. "A experiência que o aluno tem ao ler O Alienista em livro, por exemplo, não é a mesma da sensação de ler o HQ da obra homônima. São experiências diferentes de leitura", completa Waldomiro. Veja a seguir cinco sugestões de adaptações para os quadrinhos:
O Alienista, de Machado de Assis, com arte de Fábio Moon e Gabriel Bá:roteirizada e desenhada pelos gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá, esta graphic novel conta a história de Simão Bacamarte e suas experiências científicas em Itaguaí, criações de Machado de Assis.
Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, com arte de Caco Galhardo: os trechos mais importantes do clássico de Cervantes estão adaptados nesta obra pelos traços bem-humorados de Caco Galhardo. O leitor pode conferir as reflexões que deram início à transformação do pacato fidalgo no visionário cavaleiro andante até as grandes batalhas das quais participou.
Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust, com arte de Stéphane Heuet: esta adaptação tem o texto fiel ao original, apenas editado, já que se trata de mais de 2 mil páginas. Já foram lançados cinco volumes dos quadrinhos no Brasil, sendo que dois dos tomos originais estão divididos. Stéphane Heuet pretende finalizar sua obra baseada neste clássico mundial em 2020.
O Pagador de Promessas, de Dias Gomes, com arte de Eloar Guazzelli: a peça de teatro que tornou famoso Dias Gomes já havia sido adaptada para o cinema. Chegou aos quadrinhos pelas mãos de Eloar Guazzelli. É a história de um homem que vai do interior da Bahia até Salvador, carregando uma cruz, para agradecer a Santa Bárbara pela recuperação do animal que lhe dá sustento. O livro revela a tragédia de um sujeito que, ao chegar à cidade grande, não compreende os códigos e poderes do mundo em que vive.
A Metamorfose, de Franz Kafka, com arte de Peter Kuper: o estilo de Peter Kuper dá vida à prosa de Kafka, revivendo todo o humor e a sagacidade do texto original, que toca em temas como família e alienação, por meio da história do inseto gigante em que o protagonista se transforma já no início da história.
PUBLICADO ORIGINALMENTE NO TERRA

Um comentário:

Thiago disse...

Natania,
Itaguaí não é criação de Assis não. Existe e é aqui perto de casa.