domingo, 30 de setembro de 2007

MEC prepara nova remessa de quadrinhos para as escola públicas em 2008

Ao que parece as HQs estão mesmo ganhando espaço nas escolas. Neste ano, cerca de 7,5 milhões de livros de HQs serão distribuídos pelo Ministério da Educação (MEC), através do Programa Nacional de Biblioteca na Escola (PNBE), em escolas públicas. Para 2008 novos títulos estão sendo escolhidos para terem os mesmo destino: as escolas públicas.

Segundo o governo, o programa deve chegar a mais de 16 milhões de alunos de 127,5 mil escolas de todo o país. As edições vão para alunos do ensino fundamental (de seis a 14 anos). Crianças da educação infantil (quatro a cinco anos), incluídos pela primeira vez no PNBE.

A proposta é dividir a distribuição de acordo com o número de alunos. Escolas com 120 alunos vão receber um acervo composto por 20 títulos. Locais que tiverem entre 151 e 300 estudantes receberão dois acervos e assim sucessivamente.

O MEC acredita que a inclusão dessas obras, no formato em quadrinhos e de imagem, facilitará o aprendizado das crianças em temas mais difíceis. Ao incluir livros em quadrinhos e de imagens no PNBE, o MEC está oferecendo aos estudantes a opção de outras formas gráficas para se contar uma história. O jovem de hoje é muito ligado ao visual e as histórias em quadrinhos são atraentes pelos desenhos e pela liberdade de criação. Os quadrinhos, do ponto de vista do governo, são vistos como uma ferramenta mais atraente para estimular a leitura.

A presença de quadrinhos nas escolas também poderá auxiliar esses alunos quando forem prestar vestibular. Vários processos seletivos, pedem que o candidato interprete as tirinhas de humor. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) também já usou esse recurso em suas provas.

Outra iniciativa é o prêmio Vivaleitura. O prêmio do governo federal escolhe iniciativas de estímulo à leitura em três áreas: escolas públicas e privadas, leitura nas bibliotecas e leitura nas universidades.Os vencedores de cada uma das categorias ganham R$ 25 mil.

Um projeto sobre quadrinhos feito numa escola paulista é um dos 15 finalistas do Prêmio Vivaleitura 2007. “Semeando o prazer de ler com a história em quadrinhos”, concorre na categoria leitura nas escolas. O projeto pedagógico disputa o primeiro lugar com outros quatro finalistas da área. Os resultados serão divulgados no dia 30 de outubro.

É a segunda edição do Vivaleitura. O prêmio está atrelado ao PNLL (Plano Nacional do Livro e Leitura), órgão do governo federal que concentra políticas de estímulo à leitura.

Confira o nome dos quadrinhos que integraram o PNBE neste ano e procure-os na bilbioteca ou na gibiteca de sua escola:

- A Metamorfose (Conrad)
- Na Prisão (Conrad)
- Níquel Náusea – Nem Tudo Que Balança Cai (Devir)
- O Nome do Jogo (Devir)
- Pau Pra Toda Obra (Devir)
- Asterix e Cleópatra (Record)
- Dom Quixote em Quadrinhos (Peirópolis)
- Santô e os Pais da Aviação (Companhia das Letras)
- Toda Mafalda (Martins Fontes)
- A Turma do Pererê – As Gentilezas (Salamandra)

Fiquem de olho: a lista dos quadrinhos selecionados pelo programa deve ser fechada em outubro. O interesse principal são obras sobre literatura em quadrinhos.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Revista História, Imagens e Narrativas com textos sobre quadrinhos

A edição nº 5 da revista História, Imagens e Narrativas veio com um tema muito especial: As Histórias em Quadrinhos. Isto mesmo, os quadrinhos estão avançando e ocupando um espaço cada vez maior. Os artigos são assinados por especialistas, mestres e doutores de várias partes do Brasil e estão super interessantes. Além de informativos eles podem ser usados como fonte de pesquisa para quem se interessa em trabalhar com quadrinhos, dentro e fora das instituições de ensino. E o melhor de tudo é poder ver, entre os autores, amigos estimados como Valéria Fernandes, Waldomiro Vergueiro e Octavio Aragão.

Segue um consolidado dos artigos publicados na revista:

1 - A redescoberta dos quadrinhos em tempos de mídia planetária (editorial), por Carlos Hollanda

2 - A atualidade das histórias em quadrinhos no Brasil:a busca de um novo público, por Waldomiro Vergueiro, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo

3 - Sepé Tiaraju: uma análise semiótica dos quadrinhos de Flávio Colin, por Ivan Carlo Andrade de Oliveira, Universidade Metodista de São Paulo, professor da Faculdade de Macapá e do Centro de Ensino Superior do Amapá

4 - 1602 - A refundação da América: uma leitura da obra de Neil Gaiman, por Carlos Eduardo Sarmento, CPDOC/FGV

5 - Mangá feminino, Revolução Francesa e feminismo: um olhar sobre a Rosa de Versalhes, por Valéria Fernandes da Silva, Doutoranda em História na UnB

6 - A Guerra Fria da década de 1980 nas Histórias em Quadrinhos Batman - O Cavaleiro das Trevas e Watchmen, por Carlos André Krakhecke Mestrando, PUCRS/PPGH

7 - Estigmas Gráficos, por Alcebíades Diniz Miguel, Doutorando, IEL – Unicamp

8 - História das Histórias em Quadrinhos, por René Gomes Rodrigues Jarcem,Faculdade Maurício de Nassau

9 - Der Füehrer's Face: o desenho animado como ferramenta ideológica, por Felipe de Paula Souza - Mestrando em Cultura e Turismo pela UESC –

10 - Identidades Contrastivas: a Inserção do Português na Primeira República, por Robertha Pedroso Triches, – UFF/FCRB

11 - Vivência em Quadrinhos: Artigo do grupo Comunicação e Novas Mídias, por Alberto Ricardo Pessoa, Mestre em Artes Visuais – UNESP – SP

12 - Charges e política - o riso moldando um país, por Octavio Carvalho Aragão Júnior, Doutor em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes-UFRJ

Confiram outros textos (em pdf) no site da revista : http://www.historiaimagem.com.br/

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Gibiteca de São Bernardo completa oito anos

É muito bom entrar em um site e ter notícias sobre Gibitecas. Esta semana eu estava lendo o Bigorna e achei uma muito interessante, sobre a Gibiteca Municipal de São Bernardo. Tenho que ir a São Paulo em novembro e acho que será uma boa conferir o trabalho que eles fazem lá há oito anos. Nada como aprender com quem já tem mais experiência.

"A Gibiteca Municipal de São Bernardo (Rua Jurubatuba, 1.415 – Centro – São Bernardo do Campo-SP) realizará um evento em comemoração aos seus 8 anos de existência (completados no dia 6 de agosto) no próximo dia 29 (sábado), às 14h30, no qual haverá o lançamento do fanzine Gibiteca SBC Zine. A publicação, produzida por 18 participantes de uma oficina realizada pela Gibiteca em 2006, traz HQs, artigos e uma entrevista com Eugênio Colonnese. O evento terá entrada franca e o público poderá bater-papo com os responsáveis pelo fanzine, além de acompanhar uma performance artística dos desenhistas Elton Hipólito e W.C. – que registrarão em tempo real os acontecimentos do evento em uma tela – e a discotecagem do DJ Lord. A Gibiteca Municipal de São Bernardo possui um acervo com mais de 11 mil itens, que incluem HQs, discos de vinil, revistas de música e filmes em VHS, e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h30, e aos sábados, das 8h às 13h30."


Fonte: http://www.bigorna.net/index.php?secao=noticias&id=1190349200

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

“EBAL – Fábrica de Quadrinhos”

Uma boa notícia para quem quer ficar mais inteirado sobre a História das HQs no Brasil A Via Lettera está lançando um livro que conta toda a trajetória da EBAL (Editora Brasil-América), empresa fundada por Adolf Aizen e que marcou a história dos quadrinhos no nosso país O nome do livro é “EBAL – Fábrica de Quadrinhos”.

A empresa criada no Rio de Janeiro, em 1945, foi uma das principais editoras brasileiras de quadrinhos do século XX. O autor, Ezequiel de Azevedo, que também escreveu “O Tico-Tico – Cem Anos de Revista” (2005), fez uma farta pesquisa sobre a editora, sua história e suas publicações. Foram cinco anos de pesquisa que agora estão disponíveis em uma obra de aproximadamente 120 páginas, e que faz referência a mais de 10 mil revistas e 1.700 livros infantis.

A obra, de Ezequiel Ferreira Azevedo, marca os cem anos de nascimento de Adolfo Aizen, criador e dono da EBAL. Ele foi um dos pioneiros na publicação de quadrinhos no Brasil, em especial nos suplementos infantis dos jornais.

Eu, particularmente estou ansiosa para adquirir esta obra, pois nela estão referências a praticamente tudo que a EBAL publicou nos seu meio século de existência. Podem ter certeza que, assim que tiver o livro em mãos irei postar uma longa resenha.
Observação: não deixem de ler a crítica feita por Gonçalo JR, postada aqui no dia 30 de outubro, assim como outroas notícias sobre o livro.

sábado, 22 de setembro de 2007

Quadrinhos são disciplina em faculdade de jornalismo

Os quadrinhos não estão sendo usados apenas nas salas de aula das escolas de ensino fundamental e médio. As universidades também estão abrindo espaço para esta mídia, através de cursos específicos ou de disciplinas. A última novidade é a disciplina oferecida pelo curso de Jornalismo das Faculdades A LFA (www.alfa.br) este semestre para os alunos do 8º período: Tópicos Especiais de Jornalismo: Estudos de Histórias em Quadrinhos.

O objetivo do curso é preparar os futuros jornalistas para trabalharem com os quadrinhos como produto cultural e meio de comunicação em massa. A disciplina será ministrada pelo professor e jornalista Liberato Santos segundo ele:

“O desconhecimento sobre os quadrinhos era quase total, especialmente sobre quadrinhos brasileiros. Muitos dos alunos estranharam a disciplina no início, mas à medida em que foram aprendendo sobre formatos, gêneros, história e linguagem dos quadrinhos a sua inserção na mídia, especialmente nos jornais, foram pegando gosto pela coisa. É óbvio que alguns torcem o nariz, mas isso é natural”.

Os estudantes pesquisam, fazem entrevistas, produzem artigos, resenhas, elaboram roteiros e descobrem o amplo universo envolve o trabalho com quadrinhos.

A criação da disciplina foi resultado de uma luta insistente de Liberato Santos em abrir caminho para um estudo mais sério e aprofundado dos quadrinhos no curso de jornalismo. Uma vitória que agora o professor e um marco para a o Estado de Goiás: é a primeira vez que as HQs fazem parte de uma grade curricular de um curso de graduação, com carga horária de 72 horas.

Liberato ainda prentende promover outras atividades relacionadas à disciplina, para alunos de outros cursos e para o público externo. Mais informações sobre o curso ou sobre o trabalho desenvolvido por este educador podem ser obtidas pelo e-mail santos.liberato@gmail.com

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

ECA em quadrinhos

Ainda agradecendo doações, fizemos contato recentemente como os produtores do Gibi Descolado, um projeto da Fundação Travessia. O Gibi está sendo produzido em São Paulo e está indo para seu 4º número. Ele se propõe a trazer para os quadrinhos questões pertinentes ao Estatuto da Criança e do Adolescente.

"O ECA em Quadrinhos traz, em linguagem direcionada a crianças e adolescentes, a história de um menino que vive situações em que seus direitos são, ora violados, ora garantidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA. Com a revista, busca-se estimular a discussão sobre direitos e deveres entre o público-alvo." [1]


A publicação é resultado de uma parceria da Fundação Projeto Travessia com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) de São Paulo, e financiado pelo Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Paulo. Sua distribuição é gratuita e prioriza pedidos nos municípios que compõem a grande São Paulo.
No entanto, quem se interessar pela publicação (disponível no site http://www.risolidaria.org.br/vivalei/biblioteca/view_livro.jsp?lv=200702090003) Podemos pode ajudar a ampliar este projeto e conseguir uma tiragem exclusiva para outros município, em outros Estados, contatando o CMDCA/FUMCAD, ou o próprio Conanda, solicitando o Gibi. A idéia dos autores é futuramente poder atender a todo o território nacional.

Nos da gibiteca estamos para receber cinco exemplares de cada edição do Descolano, esperamos poder futuramente estar recebendo uma tiragem maior para atender não apenas a nossa escola, mas a todas as escolas municipais.

Para mais informações sobre as publicações ou para solicitar os gibis, os interessados devem entrar em contato por e-mail com a Fundação Travessia no endereço ecaemquadrinhos@travessia.org.br, informando os seguintes dados:

- Dados da instituição (Nome, endereço, telefone).
- Quantidade de exemplares de cada número (o Nº 1 já está esgotado, mas ainda há no estoque as edições Nºs 2 e 3)
- Justificativa do uso (oficinas, atividades com crianças, adolescentes, famílias, educadores, etc.)


[1] http://www.risolidaria.org.br/vivalei/biblioteca/view_livro.jsp?lv=200702090003

Novas doações de HQs

Com um pouco de atraso, gostaríamos de agradecer as doações de HQs que recebemos nos meses de agosto e setembro. Aliás, generosas doações. Uma moradora da cidade de Leopoldina enviou para a escola 191 revistas da Turma da Mônica (Mônica, Cascão, Cebolinha, Chico Bento e Magali) e um almanaque da Disney. Esta doação possibilitou que a Gibiteca disponibilizasse o acervo de HQs infantis para empréstimo, o que não era feito antes pois estas HQs são muito usadas pelas nossas professoras com os alunos dentro de sala. Infelizmente ainda não conseguimos descobrir o nome da doadora.

Outra doação, também generosa, foi do jornalista Cláudio Faria Marques, que apesar de nunca ter vindo a Leopoldina e nem conhecer a nossa escola já fez muitas doações, sendo que a última chegou esta semana. Foram quase 100 HQs, entre mangás e comics. Não tenho um número exato, mas calculo que este nosso parceiro, que mora no Rio de Janeiro, já deve ter doado mais de 300 HQs para a Gibiteca. Isto que é solidariedade. Por fim, recebemos também a doação de Luiz Ferreira da Silva, de Diadema (SP), que nos presentou com HQs novas da Magali, do pato Donald e da Mônica.
Com um pouco de atraso, não podemos deixar de agradecer, também, ao Dr. Sérgio Soares da Silveira, Promotor com atribuições da infância e juventude, que também nos fez uma doação de HQs novas da Disney, além de outros títulos populares como Homem Aranha e Scooby Doo, ainda nos primeiros meses de funcionamento da Gibiteca.

Graças a estas doações tivemos que reorganizar o espaço da gibiteca e colocar mais um estante para as revistas (que por sinal já está completamente cheia) e alguns títulos ganharam caixas extras. Os alunos já estão aproveitando: hoje duas turmas fizeram plantão na porta da Gibiteca para pegar mais HQs.

Para quem quiser doar HQs para nossa Gibiteca, é só enviar as revistas para o endereço da escola. Toda doação é importante, independente da quantidade e as revistas não precisam ser novas.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Nossos Computadores estão chegando

Recebemos hoje a doação de quatro computadores, da Ação Comunitária do Brasil/RJ, uma ONG fundada há quase 40 anos que desenvolve muitos programas educativos na cidade do Rio de Janeiro. Um deles é o Baú Literário espaço é destinado à contação de histórias e ao estímulo à leitura. A doação foi intermediada pela amiga Fátima Prado, que trabalha na ONG e nos dá a maior força na Gibiteca. Os quatro computadores depois de passarem pelos técnicos do CDI para instalação de programas vão ser usados inicialmente com nossos alunos do ensino infantil. Visite o site desta ONG e confira o trabalho que ela realiza. O site é http://www.acaocomunitaria.org.br/noticias/ler_noticia.asp?id_noticia=631

Já temos dois em funcionamento. Um doado por Leonardo Ferreira, de Diadema/SP e outro doado por Octavio Coutinho (CCAA – Leopoldina). Estes, que já passaram pelo CDI (que tem sido um grande parceiro neste projeto) para alguns ajustes vão começar a ser usados para catalogar nossas HQs e para consulta de HQs digitalizadas. Futuramente iremos trabalhar com o programa Hagaquê para criação de histórias em quadrinhos pelos nossos alunos. Estamos aguardando pelo menos mais um computador do CEFET/Uned – Leopoldina e duas impressoras e um vídeo cassete, já doados e que chegarão em breve.

Nada que nós estamos ganhando é novo, mas tudo está funcionando e vai ajudar nossos alunos e professores a crescerem juntos na nossa escola. A idéia é ter um espaço com 10 a 12 computadores para que possamos promover pequenos cursos para os alunos da escola. Aliás, ao pcs antes mesmo de serem colocados efetivamente em uso já estão causando impacto. Alunos da primeira série que estavam fazendo aula de leitura na gibiteca e viram o nosso primeiro computador. Eles estavam agitados e curiosos porque não sabiam que máquina era aquela. Para eles foi o primeiro contato com a "maquina", um modelo antigo, mas que para eles é tudo de bom.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

O Projeto Gibiteca na Istoé

A professora Ana Cristina Miranda Fajardo enviou uma carta à revista Istoé comentando a reportagem "O Boom dos quadrinhos" e falando sobre o trabalho que vem sido feito aqui em Leopoldina, na Escola Municipal Judith Lintz Guedes Machado. A professora Ana Cristina, além de ser uma grande amiga, é uma das nossas maiores incentivadoras, divulgando o trabalho da escola de todas as forma possíveis. Partes da carta foram publicadas na revista do dia 29 de agosto de 2007. Eis a transcrição:

"Providencial a reportagem . Aqui em Leopoldina (MG), foi montada uma gibiteca em uma escola municipal. Foi um longo e árduo trabalho que demorou mais de um ano. Hoje, a realidade é linda. Temos todos os tipos de HQs citados na reportagem. Até um seminário sobre o tema já aconteceu na nossa cidade. É muito bom ver que os quadrinhos deixaram de ser discriminados e que todas as formas de leitura sejam valorizadas."

Quem quiser ler a reportagem pode ir no site da Istoé on line, onde ela encontra-se disponível. O link é: http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/1972/artigo58385-1.htm

Introdução à filosofia de Nietzsche

Matéria encaminhada pela professora Valéria Fernandes
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Clara ArreguyDa Equipe do Correio

Para contrariar a impressão de que filosofia é coisa séria, sisuda e que não combina com linguagens mais descontraídas, a Editora Relume Dumará está lançando uma série de edições em quadrinhos destinada a importantes filósofos. Apresentando Nietzsche é o novo volume da coleção. Desenhado pelo premiado ilustrador Piero e escrito pelo professor de filosofia Laurence Gane (tradução de José Gradel), ambos ingleses, apresenta, em textos curtos, as principais concepções teóricas do alemão e um pouco de sua vida conturbada. Há um complicador para a melhor compreensão das idéias de Nietzsche: elas não são simples nem de fácil apreensão, de modo que muita coisa vai permanecer inacessível ao leigo. Tópicos como as formulações em torno da ética do nobre e da ética do escravo, a vontade de poder, a proposição do Super-homem e outros exigiriam maior aprofundamento, o que o formato HQ não comporta.
Há, no entanto, esclarecimentos úteis, principalmente em relação à associação das idéias de Nietzsche com as do nazismo. Gane esclarece o mau uso de certas propostas. Segundo ele, o próprio conceito de Super-homem, que diria respeito à superação do homem no sentido da evolução, nada tem a ver com a figura de Hitler, como quiseram os defensores das políticas nazistas. Muito menos o anti-semitismo, que Nietzsche explicitamente condenou e que erroneamente lhe foi posteriormente atribuído. As propostas de Nietzsche, na revista, são colocadas a partir de cada um de seus livros, como Assim falou Zaratustra, Acima do bem e do mal, Humano, demasiado humano, Genealogia da moral e outros.
Primeiro, o autor narra um pouco da trajetória acadêmica do filósofo, seu rompimento com a academia, as relações com o compositor Richard Wagner (com quem também vem a romper). Seguem-se as idéias a partir do confronto com outros autores, como Schopenhauer, Kant, e mais adiante Marx, Freud, Lacan. Sartre, Foucault, Derrida e Heidegger. Ao final, tomamos um pouco de conhecimento do colapso mental de Nietzsche, seus delírios e crises de megalomania, as turbulentas relações com o sexo feminino (foi criado por mãe, irmã e tias, sem uma figura masculina mais presente), a única ligação mais importante com uma mulher, com quem viveu um triângulo amoroso malsucedido.
Tudo no tom que dá título à revista, Apresentando Nietzsche: o tom de introdução à filosofia de um pensador dos mais difíceis. Os desenhos de Piero são um caso à parte. A partir da figura de um centauro que possui a cara de Nietzsche, o ilustrador explora as mais diversas inspirações do imaginário (chega a brincar com a figura de Superman, que nada tem a ver com a formulação do autor, no capítulo sobre o Super-homem). Citações, ressignificações, brincadeiras, tudo ajuda a compor o universo histórico e filosófico em torno do personagem Nietzsche. Se os textos sozinhos já nos levariam a pensar – e dariam trabalho –, as imagens ajudam a viajar por idéias, tempos e personalidades, num exercício difícil e prazeroso.
Piero/Ediouro Publicações/ReproduçãoApresentando Nietzsche: personalidades ajudam a entender o filósofoVelso Ribas/Ediouro Publicações/ReproduçãoAPRESENTANDO NIETZSCHEDe Laurence Gane (tradução de José Gradel), desenhos de Piero. Relume Dumará, 176 páginas. R$ 27,90.

domingo, 16 de setembro de 2007

XIII Bienal Internacional do Livro


Um dos principais encontros literários do país, a Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, vai reunir até o dia 23, no Riocentro, 320 autores (um recorde) e 950 expositores. A 13ª edição do evento vai homenagear em palestras e fóruns o brasileiro Ariano Suassuna e o colombiano Gabriel García Márquez. A expectativa dos organizadores é que 600.000 pessoas visitem o Riocentro.
Eu já participei de pelo menos 4 edições da Bienal e cada ano que passa parece que fica melhor. O ambiente é maravilhoso. A gente vê pessoas de todas as idades lendo, apreciando livros, pegando autógrafos com seus ídolos. Eu particularmente tive um ataque quando encontrei com Laerte, na Bienal de São Paulo e guardo a foto que tirei com Neil Gaiman com muito carinho.
A gente chega lá bem cedinho e não tem vontade de ir embora. Os pés doem muito de tanto andar, mas não tem problema: é um sacrifício que sempre vale a pena. Infelizmente, nem todos tem esta oportunidade. Aliás, falta a muitas pessoas a oportunidade, eu diria até o direito, de entrar no mundo da leitura.
Uma pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisa Motivacional (CPM) em sete cidades brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Ribeirão Preto) aponta índices baixíssimos de leitura entre jovens: menos de 30%. Foram ouvidos 2 mil adolescentes e crianças entre 9 e 20 anos, das classes A, B, C e D.
Salvador é a campeã de leitura, com parcos 39%. São Paulo e Rio de Janeiro estão dentro da média, com 25%. E quanto mais velho o sujeito fica, menos interesse demonstra pelos livros: crianças de 9 a 11 anos lêem mais do que jovens de 18 a 20 anos. A pesquisa revela ainda que o hábito de leitura está concentrado nas classes A e B. Um estudo divulgado pela Unicamp mostra que 52% das 45 mil escolas públicas de primeiro grau do País não têm biblioteca.

Guiar crianças e os jovens em direção ao mundo da leitura é um grande desafio, mas eu acredito que podemos chegar até lá. Se não acreditasse não estaria aqui, escrevendo estas linhas, em pleno domingo. Mais do que isto eu acredito na importância dos quadrinhos neste processo.

Aliás, eles estão a cada ano ocupando um espaço maior na Bienal Internacional do Livro. Este ano temos muitas novidades e, para quem ainda não foi ao Rio Centro conferir as novidades da 13ª Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, eis aqui algumas dicas:

Lançamentos

- Editora Globo está lançando uma série em quadrinhos de adaptações de livros infanto-juvenis escritos por Monteiro Lobato. O primeiro é “Dom Quixote das Crianças”. Escrita por Monteiro Lobato em 1936 e que, por sua vez, é uma adaptação de Dom Quixote de La Mancha, do escritor espanhol Miguel de Cervantes. Na aventura, Emília, Pedrinho, Narizinho e outros personagens contracenam com o mentalmente afetado cavaleiro andante e seu fiel ajudante Sancho Pança. O lançamento será na Bienal e o preço ainda não foi anunciado. Os próximos lançamentos serão : “O Minotauro”, “Hans Staden”, “Peter Pan”, “Fábulas” e “Os Doze Trabalhos de Hércules”. A série irá se chamar “Monteiro Lobato em Quadrinhos”.

- Outra dica Lançado no Brasil terceiro livro de Scott McCloud sobre quadrinhos "Desenhando Quadrinhos". Na obra, McCloud narra as informações desenhando a si próprio como personagem de uma história em quadrinhos. Ele usa o mesmo estilo das suas últimas duas obras, "Desvendando os Quadrinhos", e "Reinventando os Quadrinhos". Para quem se interessa para o tema (professores, jornalistas, quadrinistas), este autor é uma referência (Não tenho 100% de certeza de que ele estará disponível na Bienal, mas vale a pena dar uma conferida).

- A Panini, a maior editora de quadrinhos do Brasil estará presente com muitos lançamentos. Talvez o mais interessantes seja a edição comemorativa “Marvel – 40 Anos no Brasil”. Uma boa fonte de pesquisa para quem se interessa em conhecer mais sobre o universo dos super-heróis, os preferidos entre os nossos alunos, principalmente adolescentes. Além de aventuras clássicas, ainda há curiosidades e informações que poucos leitores conhecem. Conhecer mais estes personagens ajuda a entender melhor os alunos, pois eles buscam neles valores e aspirações que também são suas.

- A Panini também estará lançando as novidades da Turma da Mônica, de Maurício de Sousa. Entre elas estão: “Turma da Mônica – Coleção Histórica” traz os primeiros números das revistas “Mônica”, “Cebolinha” (ambas da primeira metade da década de 1970), “Cascão”, “Chico Bento” e “Magali”. “As Tiras Clássicas da Turma da Mônica – Volume 1”, segundo a editora, traz tiras cômicas publicadas no jornal “Folha de S.Paulo” entre 1962 e 1964. Os outros dois lançamentos -uma biografia em quadrinhos de Mauricio de Sousa e uma minissérie de Tina- serão vendidas na bienal por volta do dia 19, segundo a assessoria da editora.

- Entre os lançamentos programados pela Conrad para a Bienal estão o novo volume das tirinhas de Calvin & Haroldo; BigHatBoy, primeiro manga nacional publicado pela editora e voltado ao público infanto-juvenil; Lugar Nenhum, primeiro romance escrito por Neil Gaiman e a premiada HQ Black Hole, de Charles Burns, vencedora do Eisner Awards (2006), o Oscar da indústria norte-americana de quadrinhos.

Programação

Uma das novidades programação cultural é o Botequim Filosófico, sala comandada por Guiomar de Grammont, diretora do Instituto de Filosofia, Artes e Cultura da Universidade de Ouro Preto. Em mesinhas, a platéia acompanhará o bate-papo de autores com chope e petiscos de um boteco de verdade, operado pela rede Espelunca Chic.

O MEC está presente também, no Espaço da Leitura MEC/FNDE — número 259, no Pavilhão Azul — será oferecida ao público uma extensa programação. Nesta sexta, 14: das 10h30 às 11h30 — Contação de Histórias — Se meu livro falasse, com o autor José Mauro Brant; das 13h às 14h — Encontro de Leitura: viagens na linguagem, com Adriana Falcão; das 15h às 16h — Histórias de Assombração bem Brasileiras, com Joel Rufino dos Santos; e encerrando o dia, das 17h às 18h — Oficina de ilustração, com Alexandre Guedes.

Algumas dicas de programação (de 16/09 a 23/09)
DIA 16 - DOMINGO ESPAÇO O GLOBO/SESC Rio 17h: Literatura e política, caminhos cruzadoscom David Toscana, Rodolfo Enrique Fogwill e Aderbal Freire Filho(mediação: Arnaldo Bloch) 19h às 21h30: Atitude Poética - os jovens e a poesia. Assalto Poético, Carpe Noctem, Roda de Letras DIA

19- 4 FEIRA AUDITÓRIO RACHEL DE QUEIROZ, PAVILHÃO LARANJA, MEZANINO 2, às 17hFôlego de adolescente: a força da literatura para jovens leitores com Thalita Rebouças, Anna Lee, Carlos Heitor Cony , Inês Stanisieri e Rosa Amanda Strausz (mediação: Mànya Millen)

DIA 20 - 5 FEIRA ESPAÇO O GLOBO/SESC Rio 14h: Contação de histórias com o grupo "Cantos do Rio" com o tema Lendas das terras latinas. 15h30: Contação de histórias com o grupo "Cantos do Rio" com o tema Lendas das terras latinas. 17h: Viver de poesia com Italo Moriconi, Chacal, Mauro Sta. Cecília e Jorge Viveiros de Castro(mediação: Mauro Ventura)

DIA 21 - 6 FEIRA ESPAÇO O GLOBO/SESC Rio 15h: Geografia carioca na literatura com Fernando Molica, Arthur Dapieve e Rafael Cardoso(mediação: Mauro Ventura) 17h: Conversa (a)fiada com os leitores com Cintia Moscovich, Cora Rónai e Artur Xexéo (mediação: Mauro Ventura)20h:Contação de histórias com o grupo "Cantos do Rio" com o tema Lendas das terras latinas.

DIA 22 - SÁBADO ESPAÇO O GLOBO/SESC Rio 17h:Quadrinhos, um novo e rentável gênero literário? com Alan Sieber, Télio Navega, André Diniz (mediação: Rodrigo Fonseca) 19h às 21:30h- Atitude Poética - os jovens e a poesia Cant Poema, Repartição da Flor, Roda de Letras.

DIA 23 - DOMINGO ESPAÇO O GLOBO/SESC Rio 17h: A literatura que faz a cabeça dos escritores com João Paulo Cuenca, Daniel Alarcón, Joca Reiners Terron (mediação: Mauro Ventura) 19h às 21:30h - Atitude Poética - os jovens e a poesia Assalto Poético, Carpe

A 13ª Bienal Internacional do Livro vai até dia 23 de setembro e está sendo realizada no Riocentro (av, Salvador Allende, 6.555, na Barra da Tijuca). Os ingressos custam dez reais. Mas fiquem espertos: idosos e estudantes pagam apenas cinco reais e professores com o último contra-cheque e identidade não pagam nada e ainda ganham descontos em compras.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

I Concurso de Histórias em Quadrinhos da Gibiteca: reflexões

Quando começamos os trabalhos na Gibiteca tínhamos dois pequenos projetos em mente: fazer uma oficina de quadrinhos com alunos e professore e um concurso. A oficina foi realizada, tivemos um número considerável de participantes e ela foi muito bem recebida. Mas, com relação ao concurso, tivemos alguns problemas.

O primeiro foi a divulgação. Ela não conseguiu sensibilizar uma grande parte dos alunos. Outro problema em relação aos alunos dos primeiros anos do fundamental, que não tiveram tempo suficiente para se prepararem, pois os professores estavam com o cronograma apertado. Prorrogamos o prazo para o final de agosto e conseguimos a da terceira série do turno da tarde. Entre os alunos das séries avançadas do fundamental apenas os da quinta e da oitava séries participaram. No turno noturno, o concurso não chamou a atenção dos alunos. Apesar de tudo isto ainda tivemos 21 hqs inscritas e, em breve, teremos o nome dos ganhadores.

Cabe aqui uma reflexão sobre esta experiência. Ela não foi totalmente perdida, pois tivemos alunos que se empenharam em produzir suas hqs, muitos usando o conhecimento aprendido nas oficinas que realizamos na escola, nos turnos da manhã e tarde. Por outro lado creio que tenha sido um erro impor temas específicos logo no primeiro concurso. Apesar de eu ter providenciado material para uma pesquisa inicial, percebi que os alunos não estavam preparados para um tema que exigisse deles um esforço maior para montar o roteiro e construir uma HQ. Reconheço que a empolgação me fez optar pela História da Cidade, esquecendo que mesmo para professores e historiadores locais este é um assunto difícil. Um tema livre, dividido em categorias como humor, aventura, ficção, talvez fosse mais atraente para os alunos.

No turno noturno, que possui muitos alunos do EJA e pessoas que trabalham durante o dia, deveria ter sido realizado um trabalho de divulgação diferente. A gibiteca deveria ter promovido pequenos eventos para os alunos, como palestras, oficinas mais simples e mesmo painéis para chamar a atenção para a atividade. Há entre os alunos do EJA muitos idosos, alguns com dificuldade de visão, para eles a atividade é um pouco mais penosa do que para os outros. Além disso, a noite temos falta de pessoal para trabalhar com os alunos, ficando a funcionária responsável pela biblioteca sem disponibilidade suficiente para trabalhar com mais freqüencia na Gibiteca. Um planejamento conjunto de atividades talvez fosse a solução para este caso.

Primeiras experiências, primeiros problemas... O importante é aprender e procurar “apertar os parafusos que estão soltos”. Para o ano que vem teremos um novo concurso e poderemos comparar os resultados avaliar o quanto aprendemos com a experiência.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

José Bonifácio, o patriarca da independência, em quadrinhos

Em 2001, a prefeitura de Santos lançou a biografia em quadrinhos de um dos grandes nomes da política brasileira, durante o Império: José Bonifácio de Andrada e Silva. A HQ foi criada para a comemoração à Semana do Patriarca da Independência. Santista, José Bonifácio é considerado um dos responsáveis pela proclamação da independência de nosso Brasil.

Sobre José Bonifácio

José Bonifácio foi presidente da junta governativa de São Paulo (1821) e posteriormente assessor e ministro de D. Pedro, juntamente com seu irmão Martim Francisco. Tornou-se o principal organizador da Independência do Brasil com atuação destacada no processo constitucional. Seu liberalismo porém, limitava-se ao discurso ou a alguma literatura que produziu sobre a necessidade de abolição gradual da escravidão. Na prática foi um assumido defensor dos escravocratas. Nas eleições para Constituinte, José Bonifácio conseguiu fazer três dos seis representantes paulistas, colocando na liderança do grupo seu outro irmão Antonio Carlos. Atenuou as divergências políticas e ideológicas entre o imperador e a Assembléia Constituinte, onde representava a corrente mais conservadora defendendo um Estado extremamente centralizado e a limitação do direito de voto, em oposição aos liberais radicais, que exigiam uma constituição liberal, a limitação dos poderes de D. Pedro e a maior autonomia das províncias.

O autoritarismo de José Bonifácio gerou severas críticas por parte da oposição e a perda de seu prestígio frente ao imperador. Em junho de 1823 José Bonifácio foi frontalmente contrariado pelo monarca que assinou um decreto anistiando revoltosos inimigos dos Andradas. No mês seguinte José Bonifácio e Martim Francisco demitiam-se, enquanto Antonio Carlos se destacava como principal articulador do projeto constitucional na Assembléia Constituinte, mais tarde dissolvida pelo imperador.

Na oposição os Andradas passaram a combater o governo de D. Pedro. Com a dissolução da Constituinte, José Bonifácio, seus irmãos e alguns partidários, foram deportados para Europa. De volta ao Brasil, reaproximou-se de D. Pedro I que após abdicar ao trono, indicou-o como tutor de seu filho (futuro D. Pedro II). Suspeito de participar da conspiração que pretendia restaurar D. Pedro I, foi acusado de crime político e preso em 1833, sendo julgado e absolvido por unanimidade. Em seus últimos dias de vida mudou-se para cidade de Niterói, onde faleceu em 1838. Legítimo representante das elites rurais José Bonifácio foi um político conservador que odiava a democracia e não hesitava em lançar tropas contra as massas.

Sobre a HQ

A HQ tem 28 páginas e é toda em preto e branco. A edição teve tiragem de 4 mil exemplares e foi distribuída gratuitamente para escolas e para a população da cidade. Fez tanto sucesso que foi reeditada em 2002.

Toda narrada em primeira pessoa, ela passa por várias etapas da vida de José Bonifácio Mostra sua infância, seus tempos de estudante, suas viagens e seus amores. Explora também sua presença nos momentos decisivos da História do Brasil, como conselheiro do imperador e como tutor de D. Pedro II, além dos anos fora do Brasil, devido a deportação. Termina com um José Bonifácio já idoso, em seus últimos dias. Percebe-se que o autor teve a preocupação em criar uma HQ que mostra não apenas o Bonifácio político, mas também o homem, que tem sonhos, que tem desilusões, que vive e respira como qualquer outra pessoa.

É uma HQ criada para marcar uma data, para informar e para trazer ao público adulto e infantil a história de um personagem histórico. O uso das informações ali contidas vai depender do tipo de abordagem que um professor tenha sobre o tema e sobre o período. É importante lembrar que este tipo de material é enriquecedor, de boa qualidade e que não se pretende uma crítica profunda da história ou do personagem. Cabe ao leitor ler, analisar e julgar, se este for o caso.

Sobre o autor

A HQ foi criação de Alexandre Valença Alves Barbosa. Este autor tem uma longa relação com quadrinhos, história e ensino. Formado em comunicação pela Universidade Católica de Santos e com mestrado na USP, ele já desenvolveu diversos trabalhos sobre quadrinhos e ensino.

Em 1995 publicou sua primeira história em quadrinhos sobre a História de Santos, intitulada Santos na Mira dos Piratas, trabalho encomendado pelo filho do historiador santista Costa e Silva Sobrinho. Em 1999 participou do projeto sobre a saga de Martim Afonso de Souza em forma de história em quadrinhos. Este trabalho foi publicado pela Prefeitura de São Vicente em 2000 na comemoração aos 500 anos do Descobrimento. Em 2001 produz a revista José Bonifácio, o desbravador.

Ele é, também, um dos autores do livro Como usar Quadrinhos em sala de aula juntamente com o professor Waldomiro Vergueiro e outros professores do Núcleo de Quadrinhos da USP.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

HQ I Reinado: Chalaça, o amigo do Imperador

No mês de setembro pretendo fazer algumas postagens sobre HQs relacionadas à História do Brasil. No caso, darei preferência àquelas que se passam durante o século XIX ou em períodos posteriores.

Para abrir este ciclo de postagens, escolhi Chalaça, o amigo do Imperador uma publicação da Conrad Editora, publicado originalmente em julho 2005. Baseada em fatos históricos, a obra aborda o período da permanência da família real portuguesa no Brasil, no início do século XIX. O álbum foi produzido por André Diniz (roteiro) e Antonio Eder (ilustração). Uma mistura de história e ficção com toque de humor, mas fruto de uma pesquisa série, típico das produções de André Diniz[1], de quem já falamos aqui no blog, em outras ocasiões.

Mas quem foi Chalaça?

Francisco Gomes da Silva, o Chalaça, (apelido que significa gracejo, zombaria), era filho bastardo do Visconde de Vila Nova da Rainha e de Maria da Conceição Alves, aldeã pobre de 19 anos, que trabalhava como criada de quarto do Visconde. Por ele seduzida, a moça registrou a criança como "filho de pais incógnitos". Apesar de não assumi-lo, o Visconde o manteve junto de si, com todo o conforto, até o momento em que decidiu casar-se com a filha do conde de Resende.

A amante não poderia mais permanecer junto ao Visconde e ele a enviou para a África e pagou oito mil cruzados a um protegido, Antonio Gomes, para assumir a paternidade do menino e o registrar como filho legítimo. O pai "testa-de-ferro" ainda ganhou, por influência do visconde, um emprego público como ourives da casa real.

Francisco foi mandado para o seminário de Santarém, preparar-se para ser padre. Estava quase a ordenar-se sacerdote quando chegaram as notícias dos preparativos da fuga da corte portuguesa para o Brasil. Tinha 16 anos. Brigou com o reitor e com o padre-mestre de disciplina do seminário e viajou para Lisboa, decidido a participar dos acontecimentos. No caminho, foi preso por uma guarnição francesa e condenado como espião. Às vésperas de ser fuzilado, conseguiu fugir, chegando ao cais de Lisboa na mesma manhã em que D. João e sua corte embarcavam para o Brasil.

De condenado à morte, passou a membro da multidão de 15 mil lusitanos que desembarcaria no Rio de Janeiro em março de 1808. Com o tempo, o rapaz conseguiu ganhar espaço dentro da Corte, então instalada no Rio de Janeiro, tornando-se, inclusive, um dos “espiões” de D. João, encarregado vigiar a esposa do príncipe regente e futuro rei de Portugal, D. Carlota Joaquina. Ele se tornou um dos grandes desafetos de Carlota que acabou por lhe armar uma armadilha, afastando-lhe da convivência de D. João, até que a intervenção de seu verdadeiro pai, o Visconde de Vila Nova, reabilitou-o junto ao monarca.

Arregimentava mulheres para Dom Pedro, sendo seu secretário e homem de confiança. Até onde se sabe, a mais importante de todas as mulheres na vida de D. Pedro é Domitila de Castro, que mais tarde receberia o título de Marquesa de Santos. É fato histórico que Domitila e o imperador tiveram um tórrido romance.

Entre seus feitos estariam o fato de ser um dos incentivadores da Independência e o primeiro a compartilhar a intenção de D. Pedro em proclamá-la; foi "ghost writer" do imperador escrevendo discursos, textos para jornais e até mesmo artigos inteiros da Constituição de 1824; organizou uma espécie de ministério paralelo que influenciava importantes decisões do Império. Foi inimigo declarado de José Bonifácio e um dos responsáveis pelo seu afastamento do poder.

Conselheiro habilidoso, filósofo de alcova e mulherengo inveterado fizeram de Chalaça a companhia favorita do imperador. Essas características aliadas ao talento para política, renderam-lhe a chefia de um "gabinete secreto", criado para defender os interesses de Dom Pedro. O grupo comandado por Chalaça passou a exercer grande influência na gestão dos negócios públicos, em boa parte das vezes por vias ilícitas e truculentas.

Por conta de seu perfil alcoviteiro e oportunista, era tido como responsável pela preservação no poder do Partido Português. Por conta disso, ganhou muitos inimigos e acabou sendo afastado do Brasil. Na Europa, continua a servir Dom Pedro até sua morte, em 1834. Morreu em 1852, em Lisboa, deixando uma fortuna a seus filhos legítimos e ilegítimos.

O Chalaça já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Giorgio Lambertini no filme "O Grito do Ipiranga" (1917), Emiliano Queiroz no filme "Independência ou Morte" (1972), Edwin Luisi na novela "Marquesa de Santos" (1984), no filme "Carlota Joaquina - Princesa do Brazil" (1995) e Humberto Martins na minissérie "O Quinto dos Infernos" (2002). Há também o livro "O Chalaça" de José Roberto Torero da Editora Objetiva, editado em 1998.


Não foi a toa a escolha de se escrever uma HQ tendo como protagonista este personagem histórico, desconhecido para o grande público. Através das peripécias de Chalaça o leitor pode fazer uma viagem ao nosso passado e entender um pouco mais a história do Brasil nos momentos que precederam a nossa independência e durante o I Reinado, período pouco explorado nas aulas de história, talvez até por falta de material paradidático que atraia a atenção dos alunos.

[1] O carioca André Diniz já ganhou vários prêmios HQ-Mix e Ângelo Agostini. Além de roteirista também é desenhista e editor do site www.nonaarte.com.br, especializado em quadrinhos.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

HQ de educação no trânsito chega a quinta edição

As HQs educacionais são, em geral, efêmeras. Muitas vezes lançadas para marcar datas importantes ou mesmo para ilustrar alguns projetos, elas nem sempre saem do primeiro número. No caso, estamos nos referindo a HQs vinculadas a projetos educacionais, criadas a partir do desejo de informar crianças e adultos sobre assuntos ligados à saúde, ao meio ambiente, etc.

Parece que este não está sendo o caso de Zé Quest, personagem de quadrinhos criado para pelo Projeto Escola, programa de educação voltado para a humanização do trânsito da Intervias - OHL Brasil. "O Jovem e o Trânsito" é o tema da nova revista em quadrinhos que foi lançada no dia no dia 29 de agosto, quarta-feira. Esta quinta edição do gibi irá ser distribuída para cerca de 58 escolas públicas acompanhadas pelo programa "Educar Para Humanizar o Trânsito", dos 19 municípios que integram a malha viária da concessionária. O encontro será na ACIA -Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Araras.

Esta quinta edição do gibi, que é anual, aborda questões como solidariedade, respeito e cidadania no trânsito.”Com 20 páginas, a revista traz os personagens Zé Quest, Téo, Zóio, Laís e Gil em duas histórias em quadrinhos: "Mundo Estranho" e "Tudo é Transitório", que buscam provocar uma reflexão nos leitores sobre valores como respeito, cidadania, solidariedade e educação no trânsito. Todos os alunos e professores acompanhados pelo Projeto Escola Intervias receberão gratuitamente um exemplar do gibi, que é mais uma ferramenta para ser trabalhada em sala de aula.
"O material possui uma linguagem adequada e atraente para as crianças e jovens, dessa forma eles assimilam os ensinamentos de uma forma prazerosa", explica a idealizadora e coordenadora do Projeto Escola, Maria José Finardi.”[1]
O interessante deste projeto é que a HQ é apresentada aos educadores das 58 escolas durante uma reunião pedagógica, onde eles fazem sua leitura e desenvolvem atividades em grupo. Os professores interagem como o material, discutem formas de utiliza-lo em sala de aula e estimulam sua própria criatividade. As atividades são socializadas e acaba fortalecendo a proposta do projeto, que já atua há seis anos.

Nesse período, 2.067 professores foram capacitados, contribuindo para a educação de 46.487 alunos dos ensinos fundamental, médio e EJA (Educação Para Jovens e Adultos. A metodologia adotada no Projeto Escola Intervias possibilitará aos professores incorporá-la ao projeto pedagógico de suas escolas de uma forma abrangente, apontando possibilidades de transversalizar o tema trânsito nas diversas áreas curriculares de Ensino.

O projeto tem um site onde quem tiver interesse pode obter mais informações e, quem sabe, se inspirar nesta iniciativa. O link é: http://www.projetoescolaintervias.com.br/
O primeiro número da HQ está disponível on line através do link http://www.projetoescolaintervias.com.br/zequest1/viva.php?pagina=1


[1] http://www.maxpressnet.com.br/noticia.asp?TIPO=CE&SQINF=281037