Em 2001, a prefeitura de Santos lançou a biografia em quadrinhos de um dos grandes nomes da política brasileira, durante o Império: José Bonifácio de Andrada e Silva. A HQ foi criada para a comemoração à Semana do Patriarca da Independência. Santista, José Bonifácio é considerado um dos responsáveis pela proclamação da independência de nosso Brasil.
Sobre José Bonifácio
José Bonifácio foi presidente da junta governativa de São Paulo (1821) e posteriormente assessor e ministro de D. Pedro, juntamente com seu irmão Martim Francisco. Tornou-se o principal organizador da Independência do Brasil com atuação destacada no processo constitucional. Seu liberalismo porém, limitava-se ao discurso ou a alguma literatura que produziu sobre a necessidade de abolição gradual da escravidão. Na prática foi um assumido defensor dos escravocratas. Nas eleições para Constituinte, José Bonifácio conseguiu fazer três dos seis representantes paulistas, colocando na liderança do grupo seu outro irmão Antonio Carlos. Atenuou as divergências políticas e ideológicas entre o imperador e a Assembléia Constituinte, onde representava a corrente mais conservadora defendendo um Estado extremamente centralizado e a limitação do direito de voto, em oposição aos liberais radicais, que exigiam uma constituição liberal, a limitação dos poderes de D. Pedro e a maior autonomia das províncias.
O autoritarismo de José Bonifácio gerou severas críticas por parte da oposição e a perda de seu prestígio frente ao imperador. Em junho de 1823 José Bonifácio foi frontalmente contrariado pelo monarca que assinou um decreto anistiando revoltosos inimigos dos Andradas. No mês seguinte José Bonifácio e Martim Francisco demitiam-se, enquanto Antonio Carlos se destacava como principal articulador do projeto constitucional na Assembléia Constituinte, mais tarde dissolvida pelo imperador.
Na oposição os Andradas passaram a combater o governo de D. Pedro. Com a dissolução da Constituinte, José Bonifácio, seus irmãos e alguns partidários, foram deportados para Europa. De volta ao Brasil, reaproximou-se de D. Pedro I que após abdicar ao trono, indicou-o como tutor de seu filho (futuro D. Pedro II). Suspeito de participar da conspiração que pretendia restaurar D. Pedro I, foi acusado de crime político e preso em 1833, sendo julgado e absolvido por unanimidade. Em seus últimos dias de vida mudou-se para cidade de Niterói, onde faleceu em 1838. Legítimo representante das elites rurais José Bonifácio foi um político conservador que odiava a democracia e não hesitava em lançar tropas contra as massas.
Sobre a HQ
A HQ tem 28 páginas e é toda em preto e branco. A edição teve tiragem de 4 mil exemplares e foi distribuída gratuitamente para escolas e para a população da cidade. Fez tanto sucesso que foi reeditada em 2002.
Toda narrada em primeira pessoa, ela passa por várias etapas da vida de José Bonifácio Mostra sua infância, seus tempos de estudante, suas viagens e seus amores. Explora também sua presença nos momentos decisivos da História do Brasil, como conselheiro do imperador e como tutor de D. Pedro II, além dos anos fora do Brasil, devido a deportação. Termina com um José Bonifácio já idoso, em seus últimos dias. Percebe-se que o autor teve a preocupação em criar uma HQ que mostra não apenas o Bonifácio político, mas também o homem, que tem sonhos, que tem desilusões, que vive e respira como qualquer outra pessoa.
É uma HQ criada para marcar uma data, para informar e para trazer ao público adulto e infantil a história de um personagem histórico. O uso das informações ali contidas vai depender do tipo de abordagem que um professor tenha sobre o tema e sobre o período. É importante lembrar que este tipo de material é enriquecedor, de boa qualidade e que não se pretende uma crítica profunda da história ou do personagem. Cabe ao leitor ler, analisar e julgar, se este for o caso.
Sobre o autor
A HQ foi criação de Alexandre Valença Alves Barbosa. Este autor tem uma longa relação com quadrinhos, história e ensino. Formado em comunicação pela Universidade Católica de Santos e com mestrado na USP, ele já desenvolveu diversos trabalhos sobre quadrinhos e ensino.
Em 1995 publicou sua primeira história em quadrinhos sobre a História de Santos, intitulada Santos na Mira dos Piratas, trabalho encomendado pelo filho do historiador santista Costa e Silva Sobrinho. Em 1999 participou do projeto sobre a saga de Martim Afonso de Souza em forma de história em quadrinhos. Este trabalho foi publicado pela Prefeitura de São Vicente em 2000 na comemoração aos 500 anos do Descobrimento. Em 2001 produz a revista José Bonifácio, o desbravador.
Ele é, também, um dos autores do livro Como usar Quadrinhos em sala de aula juntamente com o professor Waldomiro Vergueiro e outros professores do Núcleo de Quadrinhos da USP.
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