O ex-ditador nazista Adolf Hitler é hoje uma figura tabu na Alemanha por motivos tão óbvios quanto o que sua existência representou para a humanidade.
No final da semana passada, um novo episódio envolvendo a imagem do Führer ganhou tamanha proporção negativa no país - a ponto de ganhar os noticiários internacionais em poucas horas - que somente o tratamento comedido dispensado ao assunto pelos alemães explica a repercussão.
Desta vez, os quadrinhos Disney estão no olho do furacão.
Tudo começou quando um jovem de 15 anos de idade, folheando o gibi Lustiges Taschenbuch # 370 - publicado pela editora Egmont Ehapa Verlag e lançado na Alemanha no dia 6 de novembro de 2007 -, encontrou em alguns quadrinhos da história Die Superschurkenschule (A Escola de Supervilões) um personagem com as feições e postura de Hitler.
Na aventura, o Pato Donald, após desastrosas e sucessivas derrotas diante das tentativas de consertar o encanamento de sua casa, resolve se matricular em um curso para encanadores. Atrapalhado como sempre, ele acaba entrando em uma escola de supervilões, da qual faz parte o caricato Hitler.
Informado pelo leitor, o jornal alemão Bild procurou a editora para colher esclarecimentos.
Um porta-voz da Egmont afirmou que o italiano Pasquale Venanzio, autor dos desenhos da HQ, não trabalha mais na companhia, mas que sua intenção teria sido apenas a de fazer uma alusão irônica do líder nazista em um grupo de vilões.
Coincidência ou não, esse foi o último trabalho de Venanzio na editora. A HQ - lançada simultaneamente em vários países da Europa - não foi republicada desde então, o que não impediu de as imagens de Hitler serem "descobertas" há poucos dias.
Segundo o porta-voz, Die Superschurkenschule está suspensa para exportação, até sofrer os necessários cortes ou retoques nos quadros polêmicos.
Escrita pelo norte-americano Stefan Petrucha, a aventura de 30 páginas permanece inédita no Brasil.
PUBLICADO ORIGINALMENTE NO UNIVERSO HQ
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