Mesa reunindo os quadrinhistas norte-americanos Robert Crumb e Gilbert Shelton foi a mais comentada da edição 2010 da feira literária
Todo leitor de histórias em quadrinhos que acompanha de perto as publicações nacionais dessa linguagem sabe que ela vive numa montanha-russa. As vendas melhoram um pouco, novos nichos florescem, para depois despencar ladeira abaixo, ter lançamentos adiados, títulos cancelados e editoras fechadas.
A expectativa diante da presença do quadrinhista norte-americano Robert Crumb na edição 2010 da Feira Literária Internacional de Paraty (Flip) é um indício do atual momento das HQs no Brasil. Um bom momento, que fique claro.
A despeito da presença de grandes nomes do Olimpo literário, Crumb foi o grande nome da festa, o mais esperado e o mais celebrado. Fato curioso para um artista que surgiu e se estabeleceu numa tradição marginalizada das HQs, voltadas para o público adulto e tocando em temas efervescentes nos anos 60. Há dois anos, outro artista das HQs, Neil Gaiman, já havia causado comoção no evento, com uma fila de autógrafos com seis horas de duração.
Ácidos
A mesa de Crumb aconteceu no sábado. Ao seu lado, um companheiro de geração e de projeto estético - Gilbert Shelton, criador do trio hippie The Fabulous Furry Freak Brothers, um clássico da contracultura. Os dois até chegaram a trabalhar juntos, dividindo páginas em revistas underground nos EUA.
Crumb confirmou as expectativas quanto a seu temperamento misantropo. Mostro-se rabugento e cínico, com sua própria criação. "Mal me identifico com o cara que fez aquilo (clássicos como ´Mr. Natural´ e ´Fritz The Cat´). Vejo aquele material e digo: ´Cristo, que lunático!´. Sou mais acadêmico hoje. E é um pouco embaraçoso ver aqueles trabalhos". Shelton relembrou o primeiro encontro deles, "provavelmente em 1969", desprovidos de detalhes, apagados por "muito LSD e erva".
Robert Crumb não poupou nem os quadrinhos, sua arte e ganha-pão. "É estranho ser convidado para uma festa literária. Me assusta o fato de as pessoas estarem levando histórias em quadrinhos a sério".
POSTADO ORIGINALMENTE NO DIÁRIO DO NORDESTE
Todo leitor de histórias em quadrinhos que acompanha de perto as publicações nacionais dessa linguagem sabe que ela vive numa montanha-russa. As vendas melhoram um pouco, novos nichos florescem, para depois despencar ladeira abaixo, ter lançamentos adiados, títulos cancelados e editoras fechadas.
A expectativa diante da presença do quadrinhista norte-americano Robert Crumb na edição 2010 da Feira Literária Internacional de Paraty (Flip) é um indício do atual momento das HQs no Brasil. Um bom momento, que fique claro.
A despeito da presença de grandes nomes do Olimpo literário, Crumb foi o grande nome da festa, o mais esperado e o mais celebrado. Fato curioso para um artista que surgiu e se estabeleceu numa tradição marginalizada das HQs, voltadas para o público adulto e tocando em temas efervescentes nos anos 60. Há dois anos, outro artista das HQs, Neil Gaiman, já havia causado comoção no evento, com uma fila de autógrafos com seis horas de duração.
Ácidos
A mesa de Crumb aconteceu no sábado. Ao seu lado, um companheiro de geração e de projeto estético - Gilbert Shelton, criador do trio hippie The Fabulous Furry Freak Brothers, um clássico da contracultura. Os dois até chegaram a trabalhar juntos, dividindo páginas em revistas underground nos EUA.
Crumb confirmou as expectativas quanto a seu temperamento misantropo. Mostro-se rabugento e cínico, com sua própria criação. "Mal me identifico com o cara que fez aquilo (clássicos como ´Mr. Natural´ e ´Fritz The Cat´). Vejo aquele material e digo: ´Cristo, que lunático!´. Sou mais acadêmico hoje. E é um pouco embaraçoso ver aqueles trabalhos". Shelton relembrou o primeiro encontro deles, "provavelmente em 1969", desprovidos de detalhes, apagados por "muito LSD e erva".
Robert Crumb não poupou nem os quadrinhos, sua arte e ganha-pão. "É estranho ser convidado para uma festa literária. Me assusta o fato de as pessoas estarem levando histórias em quadrinhos a sério".
POSTADO ORIGINALMENTE NO DIÁRIO DO NORDESTE
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