Sábado (3), a 58a Feira do Livro será palco de um evento paralelo
especial, o VII Mutação: quadrinhos, fanzines e cultura pop. Uma
parceria entre o grupo Quadrante Sul e a Câmara Rio-Grandense do Livro
(CRL), o Mutação começa às 9h e vai até às 20h, com atividades variadas
na Casa do Pensamento, Cais do Porto. Neste dia, a temática da Feira que
acontece em Porto Alegre se concentra nas histórias em quadrinhos (HQs)
e promete muitas atrações diferenciadas.
A
organização do evento deste ano está a cargo, pela primeira vez, do
grupo Quadrante de Sul, que tem entre seus membros Denilson Rosa dos
Reis e Alexandre Fontoura Doeppre. Eles assumiram a responsabilidade de
trazer para a praça da Alfândega a tradição dos quadrinhos. Além de
proporcionar um ambiente para o pessoal aficionado, o Mutação também é
uma forma de reunir as pessoas para falar desse mundo.
Segundo
Reis, a montagem do evento é uma loucura: “Foi uma surpresa para nós,
fomos convidados para constituir um cronograma, e, a cada dia, é uma
mutação mesmo.” Mais calmo, Doeppre afirma que, este ano, serão muitas
as novidades. “Teremos quadrinistas que realmente representam a área,
não são profissionais com editoras comerciais por trás. Vamos trazer
ilustradores do meio alternativo”, ressalta.
Durante a manhã de sábado será oferecido o TelaHQ, com debates sobre as séries Doctor Who e Supernatural. Logo depois, Gelson Weschenfelder, palestra sobre heróis e apresenta seu livro: Filosofando com os super-heróis (Mediação). À tarde, a Liga Comics, fã clube da Marvel/DC, garante a participação de convidados especiais.
Especialistas
como Henry Jaepelt, Law Tissot, Gervásio Santana e Romir Rodriguez
falarão sobre o segmento europeu, no bate-papo Outros Quadrinhos. A
oficina de fanzine, promoção da Quadrante Sul, encerra a programação
desta edição.
Quadrante Sul e o mercado editorial
A
revista, que completa 25 anos em 2013, passou por reformulações em
2009. “Está mais elaborada, mais bem apresentada”, conta Reis. Doeppre
explica que o grupo investe cada vez mais em novas tecnologias. Ele é
tecnólogo em química, mas decidiu exercer no design gráfico, função que
desempenha na Quadrante Sul. Reis é formado em história e escreve sues
próprios fanzines.
Atualmente, eles relatam, o
processo produtivo é mais fácil. “Nas décadas de 1980 e 1990,
publicações independentes eram todas em xerox”, esclarecem. O
barateamento do custo de fabricação é uma das razões pelas quais os HQs
se disseminaram pelo mundo. Porém, isso causou impactos divergentes nos
colecionadores, conforme explica Doeppre: “A coisa está muito elitizada.
Dá saudade daquela época que a gente ia na banca e com 10 reais
comprava vários gibis.”
Reis pondera: “Tem que
olhar os dois lados, o do colecionador e o do artista. Ficou mais caro
colecionar, no entanto, para quem produz, abriu-se um novo nicho.” Eles
lembraram que, no Brasil, inclusive o Governo vem investindo no meio
como forma de educação, liberando verbas para produção de HQs dos
clássicos da literatura.
Quanto a proposta
transmidiática que se instaura mundo a fora, eles comentam que pode ser
uma maneira bem útil de divulgação das narrativas. Doeppre diz que
muitos seriados acabaram por acrescentar elementos e enriquecer os
quadrinhos.
“A própria Marvel está reformulando
seus super-heróis para o cinema. Para os norte-americanos, isso é uma
indústria”, ressalta Reis. Ambos lamentam que o mercado brasileiro ainda
não atingiu o mesmo nível do exterior. “Se o país fosse mais forte
nessa área, existiriam quadrinhos das novelas”, brincou Doeppre.
A
revista Quadrante Sul pode ser conferida durante o VII Mutação. Uma
mostra das edições ficará exposta no hall de entrada da Casa do
Pensamento, no mesmo local.