Adolfo Aizen (1907-1991) foi um dos principais responsáveis pela popularização dos quadrinhos no Brasil. Aizen defendeu intensamente na mídia da época, sempre afirmando que as revistas estimulavam o hábito de ler, sendo de uma importância ímpar na educação. Agora, no centenário do seu nascimento, vale a pena fazer um breve resumo da obra deste que foi um dos maiores nomes do mercado editorial brasileiro.
Viajando aos Estados Unidos, como repórter d’O Malho em 1933, Aizen reparou o sucesso que os "comics" faziam grande naquele país.No Brasil, Adolfo Aizen foi à busca de patrocinadores e em 1934 lançou o seu "Suplemento Juvenil", publicando "Jim das Selvas", "Flash Gordon", "Mandrake", "Terry e os Piratas" e "Tarzan". Com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), houve escassez de papel e ele teve que vender a empresa. Com o fim da guerra, Aizen fundou a EBAL (Editora Brasil América Ltda), que publicava tanto revistas de quadrinhos estrangeiros quanto adaptações de clássicos da literatura. Com a EBAL, Adolfo Aizen, tornou-se um dos pioneiros na produção e edição de histórias em quadrinhos dedicadas a temas históricos, abrindo espaço para desenhistas nacionais, numa época em que os quadrinhos eram colocados como responsáveis pela delinqüência juvenil.
Ele lançou as séries Edições Maravilhosas, Grandes Figuras do Brasil (lançado pela primeira vez em 20 volumes, entre 1957 e 1958), História do Brasil e Epopéia. A finalidade destes empreendimentos, segundo o professor Alexandre Valença Alves Barbosa, era reverter o status cultural dos quadrinhos e afastar do Brasil o fantasma da censura aos quadrinhos – praticada na década de 50 nos Estados Unidos, na forma do macartismo, liderado pelo senador Joseph McCarthy, o mais famoso caçador de bruxas, no cinema, jornalismo, literatura e televisão -, colocando-os como parte importante da formação cultural Brasileira.( BARBOSA, Alexandre Valença Alves. Quadrinho Histórico Brasileiro no final da década de 50. 1o Encontro Nacional da Rede Alfredo de Carvalho, Mídia Brasileira: 2 séculos de História. – São Paulo, 2003). Para tanto, Aizen procurou se aproximar das autoridades brasileiras da época, como o Ministro Clóvis Salgado.
Além de material importado, a Ebal publicou várias revistas com artistas brasileiros, como Álbum Gigante, Edição Maravilhosa (posteriormente republicada como Clássicos Ilustrados), com versões em quadrinhos para obras consagradas de autores como Euclides da Cunha e José de Alencar, Série Sagrada, com biografias de santos católicos e Episódios e História do Brasil e Figuras do Brasil, com adaptações de fatos históricos.
A produção de Histórias em Quadrinhos da EBAL possuía características positivistas. Eram álbuns ilustrados por desenhistas brasileiros e organizados por historiadores, que privilegiam a narrativa e apresentavam os temas de forma romanceada, enaltecendo a figura do herói. A título de ilustração, podemos citar a edição comemorativa dos 500 anos do nascimento de Pedro Álvares Cabral, lançada pela EBAL em l968. Outro exemplo é a História do Brasil em Quadrinhos, que narra em duas edições a História do Brasil (de 1500 a 1967). Os dois álbuns possuem um caráter enciclopédico, prevalecendo a narrativa dos fatos, que são ilustrados em quadrinhos, sem destaque para nenhum personagem em especial.
O declínio da editora teve início no final dos anos 60. Com o avanço da televisão, no mundo inteiro os quadrinhos passaram a vender cada vez menos, levando ao fim várias editoras do gênero. A crise se prolongou durante a década de 1970 e, em 1983 a editora encerrou sua produção. Durante suas primeiras quatro décadas a Ebal foi uma forte influência em várias gerações de editores, artistas e leitores, contribuindo decisivamente para a estabilização das histórias em quadrinhos no Brasil. Atualmente fala-se muito do impacto das revistas em quadrinhos como uma forma de expressão artística importante no mundo atual.
A produção de Histórias em Quadrinhos da EBAL possuía características positivistas. Eram álbuns ilustrados por desenhistas brasileiros e organizados por historiadores, que privilegiam a narrativa e apresentavam os temas de forma romanceada, enaltecendo a figura do herói. A título de ilustração, podemos citar a edição comemorativa dos 500 anos do nascimento de Pedro Álvares Cabral, lançada pela EBAL em l968. Outro exemplo é a História do Brasil em Quadrinhos, que narra em duas edições a História do Brasil (de 1500 a 1967). Os dois álbuns possuem um caráter enciclopédico, prevalecendo a narrativa dos fatos, que são ilustrados em quadrinhos, sem destaque para nenhum personagem em especial.
O declínio da editora teve início no final dos anos 60. Com o avanço da televisão, no mundo inteiro os quadrinhos passaram a vender cada vez menos, levando ao fim várias editoras do gênero. A crise se prolongou durante a década de 1970 e, em 1983 a editora encerrou sua produção. Durante suas primeiras quatro décadas a Ebal foi uma forte influência em várias gerações de editores, artistas e leitores, contribuindo decisivamente para a estabilização das histórias em quadrinhos no Brasil. Atualmente fala-se muito do impacto das revistas em quadrinhos como uma forma de expressão artística importante no mundo atual.
A própria trajetória da Editora Brasil-América confunde-se com a evolução da imprensa brasileira e seu impacto na sociedade. Apesar disso, o tema nunca ganhou o merecido destaque, só sendo visualisado em sua total dimensão com o lançamento em 2004 de A Guerra dos Gibis - A Formação do Mercado Editorial Brasileiro e a Censura aos Quadrinhos do jornalista e escritor Gonçalo Junior, uma pesquisa ampla e sem precedentes da história da Ebal.
A quem deseja saber um pouco mais sobre a vida e a obra de Adolfo Aizen, sugiro a leitura do livro de Orlando Jr, a Guerra dos Gibis.
2 comentários:
Meus Caros, Adolfo Aizen tem alguma Fundação que preserve o acervo e o Histórico deste Herói da História do Brasil ?
Luís Cruz Guerreiro
Eu realmente não sei, Luís. O antigo prédio da Ebal fica no Rio, mas não sei se lá há algum espaço dedicado à memória da editora e de seu fundador. Quem poderia lhe informar talvez fosse o Gonçalo Jr. Ele tinha uma coluna no site Bigorna. Talvez vc possa chegar até ele por lá.
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