quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Quadrinhos: seu uso cotidiano

Esatava lendo alguns texto no Pop Balões e gostei muito de um, escrito por Wallace (Wally) Silva, de quem eu já tinha lido outro texto naquele site. Gosto muito da forma direta com que ele fala sobre o uso dos quadrinhos na sala de aula, e achei interessante reproduzir o texto aqui (espero que o autor não se importe).

Fórmula química dos quadrinhos e seu uso no cotidiano educacional


Quem de alguma forma trabalha com crianças e adolescentes já viu que as histórias em quadrinhos têm uma grande receptividade na vida dos jovens, principalmente hoje com o fenômeno do mangá (quadrinho japonês). Se perguntarmos a professores o que acham dos quadrinhos em sala de aula, muitos defenderão a idéia e até falarão da experiência que já tiveram. Mas a questão é: Se perguntarmos a nós mesmos “qual a definição de quadrinhos?”, será que a resposta não seria vaga? Provavelmente baseada em exemplos de infância ou personagens conhecidos na mídia.

Não é difícil ver os quadrinhos como uma arte-comunicativa. O problema é que parte de nossa cultura inferioriza os quadrinhos a ponto de não termos muitas bases para tirar nossas conclusões. Às vezes a resposta para a definição de quadrinhos é vaga, resultado de um conceito mastigado por educadores ou críticos. Mais ou menos como a criança que decora que a formula química H2O é água, mas não tem a mínima idéia do significado de átomos, hidrogênio ou oxigênio.

Existe uma explicação para a fórmula dos quadrinhos? Com certeza!
O autor e quadrinista Will Eisner define quadrinhos com o termo arte-sequencial. A partir de Eisner temos também uma definição mais elaborada, de que particularmente eu gosto muito, feita por Scott McCloud: “Imagens pictóricas e outras justapostas em seqüência deliberada, destinadas a transmitir informações e/ou produzir uma resposta no espectador.”

Quando tomamos essas duas definições podemos afirmar que o conceito por trás dos quadrinhos já fazia parte da história da humanidade, muito antes da própria invenção da imprensa e até mesmo da palavra escrita ou falada. Desde o período paleolítico as ações reais ou imaginárias já eram gravadas em seqüências de imagens que serviam, segundo alguns historiadores, para evocar a sorte na caça (talvez nossos ancestrais estivessem só entediados, mas quem vai saber?).


O uso da arte seqüencial como meio de comunicação prossegue por toda história da humanidade e se mostra notório em várias culturas. Egípcios, pré-colombianos, pré-cambrianos, indianos, chineses e europeus da idade média são algumas das sociedades que usavam a imagem e/ou o texto para transmitir mensagens ideológicas, políticas ou religiosas a seus componentes.

No Brasil o valor dado aos quadrinhos pelo grande público e por uma parte dos professores é apenas de entretenimento. Porém sua aplicação é muito mais ampla do que a usada atualmente, principalmente no que se refere às salas de aula, onde por muitas vezes é colocada mais como "uma curiosidade" ou "expressão artística menor" do que como objeto educacional que pode ser usado tanto na vida escolar como na vida cotidiana, mesmo porque as duas estão associadas.

Muitas vezes, quando procuramos exemplos de uso dos quadrinhos como instrumento educacional o que encontramos é quase sempre o uso de imagens de tirinhas de jornal chamando atenção para um assunto especifico. Mas em uma análise mais detalhada do "corpo" de uma história em quadrinhos, que não é limitada a tiras de jornais, podemos encontrar mais do que a estética como ponte para questões, digamos, acadêmicas.

O uso como ponte para um assunto como geografia ou física é válido, mas muito limitado. É como usar um bisturi para descascar laranja. Uma história em quadrinhos não é composta simplesmente por imagem/texto, mas também de outros signos, oralidades e ideologias formando um complexo meio de comunicação. Dessa maneira através do estudo básico e da produção dos quadrinhos podem ser inseridos temas como produção e argumentação de textos, conhecimento de códigos e linguagens, além de uma infinidade de conceitos artísticos, filosóficos e qualquer outro tipo de informação.

O texto original está no link http://www.popbaloes.com/mats/hqnasala2.htm, lá também há outros textos deste autor e e-mail para contato.

4 comentários:

Unknown disse...

Me importar? De maneira alguma... agradeço a o espaço e a divilgação de meus textos. E sempre que quiser procurar, discutir ou simplesmente comentar sobre quadrinhos (principalmente na educação) estou aqui pra isso...
:-)
Abraços

Natania A S Nogueira disse...

Que bom, Wally! Assunto não vai nos faltar! :-)
Gosto muito dos seus textos e acho que eles são motivadores para quem está começando a trabalhar com quasdrinhos. Todo começo é muito difícil e as iniciativas são muito tímidas. Nem todos conseguem apoio quando querem colocar em prática projetos mais ambiciosos e fazer algo novo dentro da escola. Toda experiência que dá certo, toda defesa que se faz do uso dos quadrinhos nas salas de aula ajuda a romper com essas barreiras.

Unknown disse...

o bom amigo wally desenvolve esse estudo de forma muito pontual, zeloza e com resultados encorajadores. só fica devendo suas histórias, que estão engavetas a muito tempo.

abraços.

Natania A S Nogueira disse...

Ora, então temos que incentivá-lo a tirá-las da gaveta! Quem trabalha com quadrinhos encontra muitas dificuldades, mas o espaço para esta mídia tem crescido bastante, seja mas escolas, seja no dia-a-dia. O importante é estar sempre produzindo e, é claro, encontrar um jeito de tirar uma boa parte desta produção da "gaveta". :-)