sexta-feira, 13 de junho de 2008

Hugo Pratt e Corto Maltese

Há pouco mais de dois anos eu fui apresentada a um dos mais marcantes personagens das Histórias em Quadrinho: O Corto Maltese. Criado pelo Italino Hugo Eugenio Pratt (1927-1995). Em 1967, conhece Florenzo Ivaldi, e ambos decidem lançar uma nova revista mensal, Sgt. Kirk, onde aparecem as primeiras pranchas de Una Ballata del Mare Salato (A Balada do Mar Salgado), com um personagem, Corto Maltese, ainda em um papel secundário. A publicação da revista seria interrompida 30 números depois em Dezembro de 1969. A partir da segunda metade dos anos 70 e nos anos 80, Hugo Pratt desenvolve novas aventuras de Corto Maltese.

“Segundo Hugo Pratt, o Corto Maltese nasceu na Ilha de Malta, em 1887. Filho de uma cigana e de um marinheiro inglês, o Corto seguiu fielmente sua herança nômade. Da Itália à Somália, passando pela Inglaterra, Brasil e China, este Marco Polo moderno viveu aventuras por todo o mundo. Os álbuns com suas histórias correspondem a um período que vai de 1904 a 1924, durante o qual o herói participou da Guerra da Manchúria e da Primeira Guerra Mundial, tendo encontrado revolucionários irlandeses, piratas do pacífico, índios e cangaceiros.”

Pratt revelou que o Corto Maltese teria morrido durante a Guerra Civil Espanhola, embora esta aventura final jamais tenha sido desenhada. A identificação entre criador e criatura é inegável: Hugo Pratt foi um verdadeiro “homem do mundo” e seu Corto Maltese o último herói romântico.

A Pixel tem lançado vários álbuns do Corto – fato que eu já mencionei aqui. A gibiteca tem dois, doados pela editora (Sob o trópico de Capricórnio e Balada do Mar Salgado), eu tenho dois, um foi presente de uma amiga, outro foi comprado em um sebo (loja e livros usados). Todos, sem exceção são excelentes leituras. O último lançamento da Pixel foi as Céticas. Por que estou comentando sobre este álbum? Porque quero muito comprar, assim que sobrar algum dinheiro.


“Trazendo seis aventuras que se passam entre 1917 e 1918, nos momentos finais da Primeira Guerra Mundial, As Célticas nos levam de Veneza à Irlanda, passando por Stonehenge até os campos de batalha na França. Com títulos tão belos quanto a poética simbolista de “O anjo da janela do Oriente” ou tão inventivos quanto o jogo modernista de “Concerto em ‘O’ menor para harpa e nitroglicerina”, as HQs misturam fatos históricos com referências literárias, pessoas reais com personagens fictícios. Não faltam homenagens ao escritor norte-americano Ernest Hemingway ou referências à obra do inglês William Shakespeare e do espanhol Miguel de Cervantes. E, se um dos capítulos tem o temido Barão Vermelho como personagem principal, não raras vezes o Corto Maltese se vê levado pelo ritmo dos acontecimentos, reconhecendo ironicamente que nessa história toda ele não passou de um mero observador.”

O legal do Corto é que suas histórias são montadas sobre um cenário real. Lugares e eventos que, em alguns casos, foram presenciados pelo autor, que viajou por várias partes do mundo, em uma época de grandes acontecimentos. É uma aula de História, Geografia, Antropologia e Literatura. É muito bom. Pratt é um poeta. Já li mais de uma vez este comentário a respeito de seus escritos e concordo plenamente. Não sou necessariamente uma crítica literária mas gosto de recomendar as leituras que faço. Corto Maltese foge de todos os rótulos que recebem as Hqs, sendo uma obra profunda e cuja leitura nunca cansa.

Fonte:

http://www2.correiobraziliense.com.br/cbonline/cultura/cadc_mat_95.htm
http://maisquadrinhos.blogspot.com/search/label/Hugo%20Pratt
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hugo_Pratt

2 comentários:

Anônimo disse...

O trabalho de Hugo Pratt é realmente fantástico. Suas histórias, principalmente a do Corto Maltese muito me influenciaram. Conheci o "Corto" quando fui pela primeira vez morar fora do país em Portugal num intercâmbio do curso de sociologia. A solidão do intercâmbio me levou a horas na biblioteca lendo Hugo Pratt. E quando dei por mim passei a encarar mais a aventura e antes de me formar já conhecia quase toda a Europa; visitei e morei em países que poucos brasileiros conhecem por influência do "Corto".

Natania A S Nogueira disse...

Ele é fantástico! É um personagem ótimo. Ele é complexo, é quase real. Eu adoraria seguir os passos dele, tb. Mas teria que ser de navio!
:-)