Há tempos que as histórias em quadrinhos deixaram de ser apenas as histórias de super heróis que os brasileiros nascidos na década de 70 leram na infância. O momento é de efervescência quando o assunto é criação nacional. Em 2011, a HQ “Daytripper”, dos irmãos Gabriel Bá e Fábio Moon venceu nos Estados Unidos os prêmios Eisner Award e Harvey Award, e foi considerado o grande destaque do ano.
A exposição “Desbravadores”, em cartaz no Espaço Cultural Pandora a partir deste sábado (28), mostra um panorama da produção atual no país no mês em que se comemora o Dia Nacional do Quadrinho. Em 30 de janeiro de 1869, foram publicadas as histórias do personagem Nhô-Quim, de Ângelo Agostini, considerado o primeiro quadrinho brasileiro e uma das mais antigas HQs do mundo. “Reunimos na mostra os autores que fazem atualmente o que Agostini fez lá atrás. Eles bancam a impressão, escrevem o roteiro e fazem as ilustrações. Fazem praticamente tudo sozinhos porque querem fazer o quadrinho acontecer. Alguns têm material publicado por editora, mas continuam produzindo material autoral e publicando por conta própria. São os novos desbravadores”, explica o quadrinista Ricardo Quintana, coordenador da mostra.
Com curadoria do cartunista Mario Cau, a exposição reúne obras de mais de 40 artistas brasileiros. Entre as peças em exposição estão ilustrações do campineiro Bira Dantas e uma caricatura de Chico Buarque feita por outro artista local Dalcio Machado, premiada no Salão de Humor de Piracicaba de 1999. “O mundo das caricaturas mudou depois desse trabalho. Os caricaturistas passaram a prestar mais atenção à textura e detalhes da pele”, ressalta Quintana.
A tira “Os Passarinhos” (foto abaixo), do carioca Estevão Ribeiro, é outro destaque da mostra. As histórias publicadas num blog independente na internet fizeram tanto sucesso que os personagens ganharam versões em bonecos de pelúcia. As histórias do condutor de almas “Necronauta”, de Danilo Beyruth, e a Graphic Novel “Yeshua”, de Laudo Ferreira, primeira versão realista sobre a vida de Jesus, também poderão ser vistos durante a exposição.
Em publicações luxuosas e formatos que não lembram em nada os saudosos gibis vendidos nas bancas de jornais, os quadrinhos atuais atendem um público diversificado, com histórias voltadas para todas as idades e envolvendo diferentes temas, até de cunho religioso. “O quadrinho mudou a forma de existir no Brasil. O que havia nos anos 80 e 90 não existe mais. Abriu-se um leque maior e deixou de ser apenas as histórias de super heróis para crianças. Hoje são produzidos quadrinhos para as igrejas católica e evangélica. Ele deixou de ser algo plástico e passou a ser elitizado, com publicações mais elaboradas".
Publicado originalmente no EP Campinas
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