quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Mulheres reagem contra machismo das HQs

"Bayou Arcana" é um dos títulos mais ansiosamente aguardados a emergir do dinâmico cenário britânico de gibis e "graphic novels". Mas a antologia de horror "gótico sulista" está causando espécie por razões que não se limitam a suas imagens e tramas sombrias.
A antologia é fruto de um experimento singular que reúne uma equipe de ilustradoras formada inteiramente por mulheres e uma equipe de autores de texto composta só de homens. Ela ilustra como uma nova geração de mulheres --artistas e leitoras--, que está mudando radicalmente a aparência das histórias em quadrinhos.

"Há uma sensibilidade encontrada na arte de mulheres que simplesmente não aparece no trabalho de muitos homens", explica James Pearson, que editou a antologia. "Bayou Arcana" relata a história de escravos foragidos que se refugiam em um pântano.

"O modo como elas interpretam o horror possui uma profundidade adicional, e isso faz parte do experimento. É uma abordagem bastante sensível a um tema visceral."

Prevista para sair este ano, a antologia chega no momento em que cresce o impulso por mudanças na cultura das HQs, ainda vista como sendo dominada por homens jovens, sérios, de cavanhaque e rabo de cavalo.

"Historicamente falando, o setor das HQs sempre foi muito dominada por homens. Mas recentemente uma mudança vem ocorrendo", fala Lisa Wood, cofundadora do festival Thought Bubble, um evento de seis dias de duração em Leeds que é descrito como o maior evento anual britânico que celebra todas as formas de "arte sequencial".

"De repente estamos ouvindo as experiências e opiniões de mulheres sobre política, religião, sexo e maternidade. O mais importante, porém, é que essas histórias não são criadas exclusivamente para mulheres --elas são para todos."

Wood citou "Persépolis", o livro autobiográfico (transposto para o cinema em um filme de animação indicado ao Oscar) de Marjane Satrapi sobre sua adolescência e juventude no Irã, "Fish and Chocolate", de Kate Brown, e "Fluffy", de Simone Lia, como exemplos da mudança. "Essas histórias abordam o gênero com humor delicado e emoção inteligente", disse ela.
O Thought Bubble, cujos workshops e fóruns em novembro celebraram as autoras e ilustradoras, reflete a voz crescente das mulheres num cenário que tradicionalmente tem sido masculino.

O festival atraiu artistas renomadas, como Posy Simmonds, criadora de "Tamara Drewe", e Suzy Varty, que em 1977 publicou a primeira antologia de HQs do Reino Unido, "Heroine". Outras convidadas de uma nova geração incluíram artistas do grupo de HQs dinamarquês Penneveninder, a americana Becky Cloonan e a britânica Emma Vieceli.

"É realmente importante para nós dar destaque a mulheres no setor das HQs, especialmente porque muitas pessoas de talento acabam sendo passadas por cima por outras convenções de HQs no país", diz Wood. "Basta olhar para a lista de convidados a qualquer grande convenção: a disparidade é evidente."

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