Filho de lagunenses, o paulistano Custódio ficou fascinado com as histórias do casal, que revivia quando passava as férias escolares no município. Mulheres guerreiras sempre fizeram parte da sua vida e classifica Anita como uma delas, incluindo a mãe e sua companheira.
Para ele, o desafio está lançado em desenhar uma biografia em quadrinhos. O projeto terá 90 páginas e uma edição. A idéia é não parar mais de narrar as histórias do casal. No primeiro trabalho, vai desenhar as aventuras de Anita e Garibaldi no Brasil e algumas cenas na Itália.
Já esteve na cidade conversando com o historiador Marega e pesquisando no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e no acervo do Wolfgang Ludwig Rau. Os internautas podem acompanhar todo o processo de criação no blog do autor, clicando aqui.
Cartunista, chargista e ilustrador
Custódio (José Custódio Rosa Filho), 41 anos, paulistano, é cartunista, chargista e ilustrador há 20 anos. Já fez personagens, tiras, charges e animações para agências de publicidade, sindicatos, revistas, jornais e canais de TV.
Pela Agência Estado, publicou em 55 jornais no Brasil e um do exterior. Tem um livro de textos publicados (Manual do Sexo Virtual), ilustrou livros infantis e teve colaborações em várias revistas e álbuns de quadrinhos.
Foi premiado nos salões de humor de Volta Redonda, Amazônia, Brasília e recebeu o Prêmio de Excelência no National Press Club do Canadá. Venceu o Prêmio de Tiras do Jornal Estado de São Paulo em 2008 e atualmente é chargista do Hoje Jornal, do ABC (SP). Foi um dos vencedores do ProAC 2008, categoria quadrinhos, com o projeto “Anita Garibaldi”.
Entrevista por email
Secretaria de Comunicação Social (Secom) - A história em quadrinhos terá quantas edições ?
Custódio - Essa tiragem inicial é uma edição. O projeto é de um álbum de quadrinhos, então é uma história que começa e se encerra no próprio álbum.
Secom - O que será retratado nas histórias ? A infância do casal ? Apenas as batalhas ?
É uma biografia da Anita, então retrata a vida dela, desde o nascimento até a morte. Junto com isso, tem que passar os acontecimentos políticos que levaram ao casal se conhecer e fazer suas escolhas.
Custódio - É uma história muito rica, tem amor, aventura, batalhas e lugares bonitos. O difícil é conseguir condensar tudo em um álbum de menos de 90 páginas.
Secom - Qual foi o personagem mais difícil de desenhar ?
Custódio - Eu ainda não estou na fase de desenhos. A parte de pesquisa e de textos é uma etapa longa, é uma base sobre a qual a história vai ser construída, então tem que cuidar bem. Depois dessa base sólida, aí vamos desenhar bastante. Até dar calo nos dedos.
Secom - Terão outros personagens ? Podes dizer alguns ?
Custódio - Sim, tem vários. Alguns entram e saem, aparecem só porque tiveram uma importância temporária na história. O Bentão, pai da Anita é um exemplo: pouco se sabe dele, mas acho que ele teve um peso na formação do caráter e na valentia da filha. Eu achei um padre que celebrou o casamento dos pais de Anita e anos depois batizou um dos filhos. São como peças que a gente coloca no tabuleiro pra cumprir uma função que precisamos que seja exercida.
Secom - De tudo que você leu sobre o casal, o que mais chamou atenção e emocionou ?
Custódio - Acho que não tem um detalhe específico. A história toda é bastante interessante, e quanto mais você conhece, mais vai achando interessante.
Secom - Qual será o nome da história em quadrinhos ou gibi?
Custódio - A princípio será só “Anita Garibaldi”, mas eu ainda penso e algum subtítulo, algo como “Biografia em quadrinhos”, ou uma frase interessante.
Secom - Você se inspirou em algum outro personagem de histórias em quadrinhos para realizar esse trabalho?
Custódio - Posso estar enganado, mas não sei se há outra personagem com o perfil da Anita. Isso também é interessante. Existem “inspiração” de outros autores, não de personagens.Todo autor, seja de quadrinhos, de música, literatura, cinema, etc, tem vários mestres que servem de inspiração e modelo. Mas quase sempre são muitos, alguns relacionados ao roteiro, outros ao traço, outros ao “clima”, ao humor, etc. Como eu disse, a inspiração vem de autores, não de personagens.
Secom - Você irá enfatizar mais a trajetória de Anita no Brasil? Terá histórias sobre a luta do casal na Itália?
Custódio - Vou falar da vida toda dela. Mas acho que 70% da história vai ser a vida dela no Brasil.
Ela ficou pouco tempo no Brasil, com Garibaldi, depois ficou vários anos no Uruguai, teve três filhos lá (uma morreu), e ficou um ano na Itália. Mas muitos dos grandes acontecimentos heróicos dela se passaram no pouco tempo de Brasil, então vou focar mais essa etapa.
Secom - Anita será a personagem principal, a história gira entorno dela?
Custódio - Sim, quase sempre. Mas em alguns momentos vou falar do período político também, do contexto em volta. Mas acho que ela e o Garibaldi vão estar presentes em 80% do livro.
Secom - O apoio do governo de São Paulo foi feito através de um projeto apresentado? Qual foi o principal motivo para realizar esse trabalho?
Custódio - O apoio do Governo do Estado de São Paulo se deu através de um edital convocando pessoas que tivessem projetos de quadrinhos para apresentar. Todos os anos fazem esses editais, tem de teatro, cinema, dança, artes plásticas, hip-hop, etc...
De quadrinhos nunca tinham feito. Essa é uma queixa, por mais que seja uma atividade séria, que envolve dedicação e pesquisa, muita gente encara as histórias em quadrinhos como coisa secundária.
Então, em resposta a esse edital foram apresentados 130 projetos, e só seriam escolhidos 10. Teve uma comissão de pessoas ligadas à área que escolheria os vencedores. Acabei sendo um dos escolhidos.
Foi uma feliz coincidência pois eu queria fazer este projeto em 2009, já tinha algumas pesquisas feitas, este ano tem a data de aniversário de 170 anos de “descoberta” dela por Garibaldi (em 1839) e a data de 160 anos da morte de Anita (em 1849).
Mas faltava oportunidade para me dedicar exclusivamente ao volume de trabalho que isso tomaria.
Com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, ganhei condições de realizar o projeto. Mas esse apoio é apenas para uma tiragem pequena, de caráter quase independente. Alguns exemplares vão ficar com o governo estadual, para enviar à bibliotecas públicas e escolas de São Paulo, o que eu acho muito legal.
Depois dessa tiragem contratada, eu fico liberado para publicar a história como quiser, em qualquer editora, com qualquer tiragem. Até mesmo para compras de outros governos estaduais ou do Federal.
Digamos que esse apoio é apenas para o projeto ficar de pé e dar o primeiro passo. Como acredito muito na força da Anita e da história que vai ser contada, acredito que depois o álbum vai dar caminhadas mais longas.
O motivo de querer fazer foi simples: minha família é lagunense, pai, mãe, tios... como cartunista, com tanta proximidade com a cidade, desenhar uma história sobre a Anita Garibaldi era um desafio irresistível. Difícil, assustador, mas irresistível.
Fonte: http://www.belasantacatarina.com.br/noticias/2009/04/06/Anita-e-Giuseppe-Garibaldi-em-quadrinhos-4560.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário