Protagonista do cenário musical maranhense e brasileiro, com suas sensíveis composições, Antonio Vieira também contribuiu de outra forma para enriquecer a cultura popular. Em uma matéria da TV Mirante, feita pelo repórter Sidney Pereira em 10 de abril de 2003, é possível conhecer um pouco mais sobre a vida do compositor.
Já em uma matéria publicada no caderno Alternativo, de O Estado, em 22 de julho de 2007, ele falou sobre o seu livro "Contos Fantasmagóricos", que até hoje não foi lançado e que reúne cerca de 30 histórias sobre experiências sobrenaturais, possivelmente vividas por pessoas próximas do compositor.
Na entrevista, ele revelou a preocupação e cuidado que tinha em preservar a cultura popular, com seus aspectos simples e comuns ao povo maranhense.
"Causos" de Antonio Vieira
Depois de enriquecer a cultura maranhense com mais de 300 composições musicais, Antonio Vieira enveredou recentemente por outro caminho, para contribuir para a memória popular do estado. O livro Contos Fantasmagóricos, de sua autoria, é uma reunião de causos contados por pessoas próximas ao mestre que afirmam ter passado por experiências sobrenaturais.
Escritos por Vieira, os 30 contos foram selecionados e resumidos para integrar a obra, em formato de histórias em quadrinhos, que, para o autor, é a melhor maneira de conquistar leitores, já que alia o texto à visualização das cenas. “São contos que retratam experiências reais de pessoas que eu conheço, inclusive uma que eu vivi. Essas histórias vinham naturalmente aos meus ouvidos, então achei que isso tinha alguma importância”, conta ele, que é personagem no conto A Mulher de Branco, na qual ele conta que viu seu cunhado (já falecido), apavorado por ter visto a sogra (mãe de Vieira) num dos quartos da casa.
De acordo com o compositor, ele demorou quase cinco anos para conseguir concluir o livro, já que foi uma iniciativa própria e que ainda precisa de patrocínio para publicação. “Eu paguei para realizar esse trabalho e fico feliz dele ter sido concluído. Se ele vai ser ou não publicado, eu não sei. Mas já estou feliz só de fazê-lo”, afirma.
Processo
Antonio Vieira conta que essas histórias são registros de vários anos, revelando até que boa parte dos personagens dos contos já morreu. “Isso não foi de uma hora para outra. Há décadas em venho ouvindo essas histórias, e como sou muito observador, fui registrando todas elas. Aí eu pensei que fazer esse livro é uma maneira de guardar esses acontecimentos na lembrança, já que foram vividos por maranhenses”, ressalta ele, que conta experiências de vizinhos, do pai e de amigos que viram os espíritos de familiares, falaram com animais, entre outras situações incomuns no dia-a-dia.
Para o autor, esse trabalho é uma forma de mostrar, mesmo para quem não acredita, que a vida não tem fim no corpo físico, mas que continua em outra dimensão. “Não acredito que todas essas pessoas estejam mentindo. São muitas histórias. Eu acredito e penso que são acontecimentos comuns na nossa terra”, completa.
Tudo isso é ilustrado pelos desenhos de Antônio do Anjo, um vigia, descoberto por José de Ribamar Cordeiro Filho, amigo do compositor. Foi o desenhista amador que pensou nas cores, nos traços e nas letras. “É impressionante como o nosso estado tem talentos escondidos, que dificilmente são descobertos. Achar esse rapaz para fazer o meu livro foi muito bom. Ele fez um belo trabalho”, diz Vieira. Além de Antônio do Anjo, o livro teve colaboração de Cordeiro Filho, responsável pela adaptação dos textos, Epitácio Filho, que fez a digitalização eletrônica e o projeto gráfico, e Herbert de Jesus Santos, que assina a revisão.
Importância
Para Antonio Vieira, o livro vai além de um registro da memória de histórias sobrenaturais. Os contos têm um fundo moral, crítico e religioso, abordando certas atitudes, mostrando que é necessária uma boa conduta e um respeito à natureza. “A gente percebe que sempre que um fantasma aparece para aquela pessoa, ela está fazendo algo errado, e ele vem para dar lições de conduta”, diz.
“Uma das grandes lições que esse livro traz é a preservação da natureza. Um dos contos mostra que certos costumes do interior não deveriam continuar, assim como aconteceu com um vizinho meu”, comenta Vieira falando sobre o conto O Rei dos Curiós, em que depois de muito caçar o pássaro na mata, o Eloi Ferreira viu um curió gigante pedindo para que ele soltasse os pássaros.
Há alguns meses, o projeto do livro ficou pronto, mas por enquanto não tem previsão para ser lançado. Segundo Antonio Vieira, o projeto foi entregue há uns meses na Secretaria de Estado da Cultura, que não deu qualquer resposta sobre o assunto.
Fonte: http://imirante.globo.com/noticias/pagina195982.shtml
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