sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Professores elogiam a lista de obras literárias do MEC, e destacam a presença dos quadrinhos


Publicada em 17/10/2008 às 20h19m
Marta Reis


RIO - Seiscentas obras literárias se somarão aos demais livros das bibliotecas públicas das escolas municipais e estaduais, a partir do 1º semestre do ano que vem. A lista com os títulos, destinados aos ensinos médio e fundamental, foi divulgada na última semana, e faz parte do Programa Nacional Biblioteca da Escola, do MEC. A pedido do site do Globo, professores e especialistas em educação analisaram a relação que, segundo eles, está bem variada e atraente. Em comum, eles também destacaram a presença de muitas histórias em quadrinhos.

Confira a relação completa dos livros selecionados pelo MEC

A lista inclui 12 gêneros literários, como poesia, prosa, teatro, crônica, memória e os quadrinhos, representados em 19 obras, entre elas a versão para o clássico "O alienista", de Machado de Assis, ganhador do troféu Jabuti deste ano. O acervo também inclui títulos como" Agosto", de Rubem Fonseca; "Cem anos de solidão", de Gabriel Garcia Márquez; "Dois amigos e um chato" , de Stanislaw Ponte Preta e "Crime e castigo", de Fiodor Dostoievski.

De acordo com a pedagoga Bertha do Valle, os quadrinhos deixaram de ser o "patinho feio" da literatura infanto-juvenil há algum tempo:

- Numa banca de mestrado de que participei, a pesquisadora aplicou histórias em quadrinhos em turmas de 5º ano de duas escolas para ensino de ciências, e o resultado foi fantástico nos dois casos - relata ela.

A professora Katia Zacharias, da rede municipal do Rio, também elogiou a escolha dos quadrinhos:

- Eles trabalham criatividade e a imaginação, pois são divertidos e promovem grande interação entre o personagem e o leitor.

De uma forma geral, Bertha do Valle analisa que a relação do MEC está bastante adequada à faixa etária dos alunos, pois são incluídos títulos de diferentes estilos literários e de vários temas, inclusive alguns clássicos da literatura.

- Não me ocorreu nenhum título que considere fundamental e que não conste da lista. A forma como os professores trabalharão este acervo depende do projeto político-pedagógico de cada escola - ressalta ela, que é professora da faculdade de Educação da Uerj.

Professores devem despertar o interesse dos alunos pelas obras

Para a pesquisadora de literatura infanto-juvenil da Unisuam e da Uerj Regina Silva Michelli, a lista inclui livros de diferentes graus de dificuldade. Ela também destacou a grande variedade de gêneros como um aspecto positivo.

- Há um leque variado de autores - nacionais e estrangeiros - alguns já consagrados, outros nem tanto. Alguns títulos certamente atrairão mais a leitura dos alunos e outros, o que é normal. Há também aqueles de leitura obrigatória na construção de uma boa bagagem cultural - analisa.

Independentemente dos livros escolhidos, Regina destaca que o bom aproveitamento das obras depende muito do empenho do professor:

- Ele é o grande cicerone dessa viagem. É sua responsabilidade despertar a paixão no aluno através de estratégias que aproximem o texto da vivência discente. Assim, até a leitura de uma obra como "Os Lusíadas", de Luís de Camões, do século XVI, torna-se uma aventura - completa Regina, que também é professora de língua portuguesa na rede municipal.

A previsão do MEC é que sejam comprados cerca de 12 milhões de livros, que devem beneficiar 20 milhões de alunos no Brasil.

Fonte: http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2008/10/17/professores_elogiam_lista_de_obras_literarias_do_mec_destacam_presenca_dos_quadrinhos-585997396.asp

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