terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Leo Pulp recria a atmosfera dos livros policiais e filmes noir com muito humor


Leo Pulp é um detetive particular à moda antiga, da escola dos durões, aqueles eternizados pelo cinema noir dos anos 1940 e pelos romances policiais escritos por Raymond Chandler e Dashiell Hammett. Leo Pulp é praticamente um arquétipo, mas no caso do personagem criado pelos italianos Claudio Nizzi (roteiro) e Massimo Bonfatti (desenhos) isso não é demérito algum. A ideia dos criadores foi justamente brincar com as características e os clichês que marcaram a produção da ficção detetivesca daquele período.

E o resultado não poderia ser mais bem-sucedido. Estão lá as mulheres fatais, os personagens ambíguos, as situações violentas, o cenário urbano entre a sarjeta e os estúdios de Hollywood. O diferencial de Leo Pulp está justamente em adicionar a esses elementos doses de humor e ironia, deixando o resultado mais leve e menos sombrio.

Leo Pulp — Detetive particular não é um título seriado, de periodicidade mensal. Até agora, a Bonelli Comics publicou apenas três edições na Itália (em 2001, 2005 e 2007). As duas primeiras foram reunidas no volume que a Mythos Editora colocou recentemente nas bancas brasileiras (o segundo foi anunciado para sair este mês). Como é tradição nos fumetti (os quadrinhos italianos), as histórias são fechadas, com começo, meio e fim.

Desaparecimento
Em O sumiço de Amanda Cross, além do próprio personagem, os leitores são apresentados ao universo em que se passam as histórias. A trama narra a investigação a respeito do desaparecimento de um aspirante a escritor. Até o caso ser encerrado, Leo encontrará pelo caminho estrelas de cinema, gangsters, capangas e outros tipos do submundo. Alguns coadjuvantes serão vistos novamente, caso de Norma, namorada do detetive (mesmo que, a princípio, ele não assuma a relação) e o capitão de polícia Nick Tracy — que Leo insiste em chamar de Dick, óbvia referência ao popular personagens dos quadrinhos criado na década de 1930, Dick Tracy. Aliás, as páginas estão recheadas de citações a cultura pop da época.

Em Os crimes de Sunset Blvd., Leo investiga mais um sumiço, desta vez, de uma aspirante a atriz. A resposta para o mistério, claro, não aparecerá antes de muita perseguição, troca de tiros e sopapos, algum romance, reviravoltas e mais referências ao cinema, música, literatura e histórias em quadrinhos.

Conhecido por seu trabalho com o caubói Tex (o mais famoso personagem de quadrinhos surgido na Itália), Nizzi desenvolve um roteiro preciso, no qual as peças vão se encaixando a medida que a história avança. E o melhor de tudo, apresenta um protagonista imediatamente carismático.

O traço de Bonfatti cria cenários realistas e detalhados e personagens caricatos (inclusive as mulheres, nunca tão bonitas quanto suas inspirações). Um detalhe que chama a atenção são as cenas construídas pelo artista que, mesmo baseadas na cultura noir, não exploram os fortes contrastes do claro e escuro, marca onipresente nos filmes do gênero. Detalhe que não tira o charme das páginas do desenhista.

O único porém do título fica por conta do preço. Ainda que a impressão a cores esteja ótima e a HQ tenha 146 páginas, R$ 19, 90 é um preço salgado para uma revista em tamanho 13,5 x 17,6 cm (o popular formatinho) em papel jornal (de boa gramatura, vale ressaltar), fato que pode afastar muitos leitores. Mas quem investir em Leo Pulp vai se deparar com duas histórias divertidíssimas, que pedem releituras — ou melhor, investigações mais aprofundadas

Lançamentos

# O que dizer das histórias de Calvin e Haroldo que já não tenha sido dito antes? Que são geniais? Que são atemporais? Que são engraçadíssimas? Que são uma das maiores criações das histórias em quadrinhos de todos os tempos? Tudo soará redundante — e verdadeiro. Calvin é um menino de criatividade infinita e junto com seu tigre Haroldo apresenta ao leitor desde comentários filosóficos sobre a vida até as mais inconsequente travessuras. Compre esta republicação para você, para suas crianças ou dê de presente para seus melhores amigos. Eles lhes serão eternamente gratos.

Deu “tilt” no progresso científico De Bill Watterson. 128 páginas. Conrad editora, R$ 29,90.

FONTE: CORREIO BRASILIENSE

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