quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Adolescentes do Proame terão seus quadrinhos publicados

Para eles, fazer um desenho não é apenas colocar um risco no papel. Através de uma imagem é possível criticar, informar, expressar sentimentos e pensamentos, falar do cotidiano ou até mesmo fugir da realidade. Estes são os motivos que estimulam cada um dos adolescentes do Programa de Amparo ao Menor (Proame) da Vila Garcia e do Conjunto Habitacional Mário Augusto Ribeiro - Promorar, em Votorantim, a participar do projeto Fabricando Arte. Patrocinado pela empresa Dixie Toga, a proposta desse trabalho é incentivar o conhecimento e a prática do desenho entre os jovens, além de descobrir talentos. No final do projeto, as histórias em quadrinhos produzidas pelos alunos serão publicadas em livro.

Ao todo, 70 adolescentes, dos 12 aos 17 anos, estão envolvidos com esse trabalho. A professora Adriana Paula Loriano da Silva Duran, que orienta os alunos, afirma que é uma satisfação vê-los com mais uma oportunidade de aprendizado. Ela observa o potencial de cada um de seus alunos e estimula o que cada um tem de melhor: um é o traço, outro é a criatividade, o aluno do lado é bom para escrever histórias, o da frente pinta muito bem, mas todos, sem exceção, têm as suas qualidades. Alguns são mais talentosos para o desenho que outros, e esses, a professora acredita que têm possibilidade de seguir carreira. Mas vai da decisão de cada um. Eles conhecem seu potencial, afirma.

Durante as aulas, realizadas uma vez por semana, desde março, os participantes aprendem a desenvolver a técnica do desenho em quadrinhos como cartoon, tiras, charges e gibis, por meio de material profissional, utilizando lápis e canetas específicas.

Ana Bárbara Alves dos Santos, de 14 anos, afirma que desenhar é uma forma de expressar seus sentimentos e pensamentos. Ela observa que seu traço é mais feminino, redondo, e que mostra a leveza das mãos, ao contrário de seu irmão, Rui Lopes dos Santos Júnior, de 13 anos, que tem um traço mais quadrado. Nossa mãe desenha muito bem e como eu sempre vi ela desenhando, tinha vontade de desenhar também. O desenho é uma coisa que eu gosto e tenho vontade de aperfeiçoar, afirma Rui.

Tamires da Silva, de 15 anos, começou a desenhar com o projeto e diz que sente-se feliz em aprender. Ela gosta de fazer quadrinhos sobre diversos temas.

Outro que gosta muito de desenhar é Alex Júnior das Neves Pereira, de 14 anos. Para ele, as aulas são inspiradoras. Esse mundo está numa situação crítica, as meninas nas ruas, os meninos nas drogas... Tem a questão do aquecimento global, ninguém respeita a natureza... Então o desenho é uma oportunidade de deixar uma mensagem para as pessoas, diz.

Para Lucas Ribeiro, de 15 anos, o desenho é um modo de expressar o que está sentindo e também de fugir um pouco da realidade. Gosto de poder me comunicar com as pessoas, explica.

Apesar da participação ser aberta a maiores de 12 anos, Daniele Cristina Lafão, tem apenas 10 anos e é uma exceção no projeto, por ter um desenho perfeito, coordenação e criatividade, conforme a professora.

Ainda de acordo com Adriana, a autoestima do grupo elevou-se muito com as aulas de desenho. Eles enxergaram através do desenho uma oportunidade de vida melhor, de carreira. Noto que além do talento, eles estão saindo do casulo social, observo isso nos meus alunos, uma perspectiva de vida muito melhor. Através das histórias em quadrinhos eles se igualam, esquecem das limitações físicas e da realidade social que vivem.

Outras professoras que trabalham no projeto são Vera Zago, que orienta os alunos da Vila Garcia no período da manhã, e Marli Zamuner, que trabalha com os alunos do Promorar.

Fabricando Arte é idealizado pela empresária Kely Freitas e o designer e jornalista Daniel Dominique Valdi. No final da oficina, que tem como tema Amanhecer...despertando para um futuro melhor, cada aluno escolherá seus três melhores trabalhos e desses, 70 serão avaliados por uma comissão julgadora em data ainda não definida, que escolherá os dez melhores para concorrer com outras sete cidades brasileiras, que também estão participando. Todos terão seu trabalho impresso no livro e receberão certificado, mas apenas 10 serão premiados, esclarece Adriana.

O Programa de Amparo ao Menor (Proame) é desenvolvido pela Secretaria de Cidadania e Geração de Renda, da Prefeitura de Votorantim. O Proame não é reforço escolar, é família, é transmissão de valores, respeito a si mesmo, ao próximo, ao meio ambiente... Aqui eles tem amor e carinho. Todos são igualmente respeitados e têm oportunidade de cultivar hábitos saudáveis como esporte, lazer, arte e alimentação, esclarece Adriana, professora do Proame e coluntária no projeto Fabricando Arte.

Fonte: Cruzeiro do Sul

2 comentários:

Unknown disse...

´Verdadeiramente é uma grande satisfação contribuir com o desenvolvimento de adolencentes. Acredito que todos tem a capacidade de escolher o seu caminho e a arte pode ser um desses caminhos, só depende deles...

Natania A S Nogueira disse...

Exatamente!
Abraços!