Premiado "Eu Sou Legião" monta um cenário onde nazistas buscam ajuda de criatura mitológica romena
PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Europa sofreu no início dos anos 40 com a ascensão do nazismo e a Segunda Guerra Mundial. Como se isso já não fosse terror suficiente, os autores Fabien Nury (roteiro), John Cassaday (arte) e Laura Depuy (cor) ainda colocam um ingrediente a mais: o sobrenatural. E assim nasce a história em quadrinhos "Eu Sou Legião", publicada originalmente em 2004 na Europa, premiada nos EUA e recém-lançada no Brasil.
Desde a cena de abertura, que se passa na Londres de 1942, é mostrado que o sobrenatural está presente: há um estranho ritual, aparentemente de magia, e é onde a história começa a se desenrolar. A trama envolve a investigação de um misterioso projeto chamado "Legião", tocado por uma instalação nazista.
Há tantos segredos por trás do projeto "Legião" que não são apenas os Aliados que querem saber mais sobre ele, mas também a cúpula nazista. Como toda boa história de guerra, há o clima paranoico de espionagem e traições -com direito até, como pano de fundo, à operação Valquíria, orquestrada para derrubar Hitler.
O nome do projeto secreto vem de uma passagem bíblica: "e perguntou-lhe: qual é o teu nome? E lhe respondeu: Legião é o meu nome, porque somos muitos". A operação inteira gira em torno de uma menina romena que apareceu para o Exército alemão alegando ter "dons": é em cima desta garota, e de suas capacidades, que os nazistas esperam tornar seu Exército ainda mais forte.
O fato de a menina ser romena acrescenta um elemento a mais. Afinal, a Romênia é, na literatura fantástica, a terra dos vampiros. E a própria cultura romena fala dos "strigoi", espécie de criatura mitológica que pode ser traduzida como "espíritos" ou "vampiros". Este é o último ingrediente que compõe "Eu Sou Legião", uma história sobrenatural de guerra, que envolve conspiração, espionagem, misticismo e "strigoi".
O que aconteceria se, de alguma maneira, o Exército alemão pudesse contar, na Segunda Guerra, com soldados que mesmo mortos continuassem combatendo? A arte de "Eu Sou Legião" merece destaque. O ilustrador americano Cassaday é mais conhecido por seu trabalho com super-heróis: trabalhou em "X-Men", "Capitão América" e "Planetary". Tanto ele como a colorista Depuy foram indicados ao Eisner Awards (o Oscar da HQ), em 2005, também pela participação em "Eu Sou Legião" -e Cassaday foi premiado como melhor desenhista.
EU SOU LEGIÃO
Autores: Fabien Nury, John Cassaday e Laura Depuy
Tradução: Pedro Bouça e Levi Trindade
Quanto: R$ 49 (176 págs.)
Editora: Panini
Fonte:
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