terça-feira, 5 de agosto de 2008

Projeto incentiva uso de quadrinhos na escola

O projeto Correio Escola, da Rede Anhangüera de Comunicação (RAC) iniciou ontem as atividades do segundo semestre de 2008 com uma palestra sobre o uso dos quadrinhos na educação aos professores participantes do curso de extensão gratuito que capacita docentes para o trabalho com jornal na sala de aula. Para falar sobre o assunto, o convidado foi o jornalista, cartunista e educador Djota Carvalho, autor do livro A Educação Está no Gibi, publicado no ano passado pela Editora Papirus. Das tirinhas, publicadas nos jornais desde o final do século 19 até os mangás, desenhos japoneses que caíram no gosto do brasileiro nas últimas décadas, a interdisciplinaridade, o estímulo à criatividade e a utilização de uma ferramenta envolvente para incentivar a leitura foram alguns dos pontos detalhados por Djota.

Os gibis despertam interesse nas mais diversas gerações e, inclusive, foi o primeiro contato de muita gente com a leitura. Tal fascínio, segundo o palestrante, é explicado por três motivos principais. O primeiro é a sobreposição de imagens e texto, que torna a leitura mais agradável. O segundo ponto destacado por ele é a possibilidade de o leitor se envolver com as aventuras, sem que, para ele, exista algum risco. Por fim, há uma forte identificação com os enredos dos super-heróis, muitas vezes, resultados da transformação de um ser humano comum em um grande mito, como acontece com o jornalista Clark Kent, tímido e introvertido, mas que, ao se transformar no Super-Homem, ganha projeção e sucesso.

A força do gibi é tanta que ele já chegou a ser utilizado com fins políticos em diversos momentos da história. É o caso, por exemplo, do período da 2 Guerra Mundial, em que tanto Estados Unidos quanto os nazistas criaram histórias e personagens para difundir seus ideais. Dessa época, um dos personagens mais conhecidos é o Capitão América, criado especialmente para elevar o moral dos norte-americanos.

Educação
Para servir como estratégia pedagógica, Djota lembrou que o Ministério da Educação (MEC) incentiva a utilização dos quadrinhos em sala de aula, inclusive, com o envio de gibis no conjunto de livros que vão compor as bibliotecas das escolas. “O professor que lê gibi também tem um desempenho melhor, porque se aproxima da linguagem dos alunos. Para trabalhar com mangás, por exemplo, é importante que o educador conheça as particularidades dos quadrinhos orientais”, disse o cartunista, enfatizando que do outro lado do mundo a forma de representação gráfica e o enredo das histórias são bem diferentes. Uma das particularidades é que, nos desenhos japoneses, os personagens não têm sempre a mesma idade e passam por conflitos existenciais, o que os aproxima da vida real.

Djota lembrou que, além das tradicionais aulas de língua portuguesa, os quadrinhos podem ser utilizados em praticamente todas as disciplinas, como história, ciências e matemática. “Com o Homem-Aranha, por exemplo, o professor pode explorar os tipos de aranhas que existem e como é constituída a teia”, ilustrou. Na aula de matemática, o professor pode usar a produção de quadrinhos para abordar proporção, geometria e ângulos.

Resultados
Estudantes que têm o hábito de ler gibis têm desempenho melhor na escola. Essa é a principal conclusão de uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE). Entre as melhores notas atribuídas pelos professores, o estudo provou que, na 4 série do Ensino Fundamental, 17,1% das melhores notas estavam nos boletim de alunos que liam gibis, contra 9,9% entre os que não tinham o hábito.

Concurso
Para estimular a leitura e o contato dos estudantes com histórias em quadrinhos, a Rede Anhangüera de Comunicação (RAC) lança hoje um
concurso de tirinhas aberto a todos os alunos das escolas com professores participantes do Correio Escola. O concurso vai selecionar produções de alunos que serão publicadas no Correio Popular e no Diário do Povo, numa edição do mês de setembro a ser definida.

Os interessados em participar deverão produzir uma tirinha, com 25cm de largura por 8,3cm de altura, dividida em quantos quadros julgar necessários. As histórias deverão ser criadas a partir de notícias publicadas nos jornais. A matéria que gerar a produção deverá ser anexada ao trabalho, enviado à RAC até o dia 30 de agosto. Uma comissão julgadora composta por professores, jornalistas e cartunistas será montada para realizar a escolha dos melhores trabalhos. Haverá duas categorias para premiação. A primeira é voltada a crianças que estejam cursando do 1 ao 6 ano do Ensino Fundamental, cuja melhor tirinha será publicada no Correio Criança. A segunda categoria destina-se aos estudantes entre o 7 e 9 ano e o trabalho vencedor será veiculado no Correio Popular (confira todos os detalhes do regulamento no site). As tiras também serão publicadas no Diário do Povo.

Interdisciplinaridade
Segundo a coordenadora do projeto da RAC, Cecília Pavani, o concurso de quadrinhos do Correio Escola tem uma proposta interdisciplinar, já que pode envolver notícias relacionadas às mais diversas disciplinas. “A proposta é oferecer um estímulo à criatividade, à leitura do jornal e a descoberta de novos talentos”, explicou Cecília.

Para o editor-executivo da RAC, Marcelo Pereira, um dos ganhos do concurso é a “aproximação da criança a um universo mais lúdico, mas nem por isso menos pedagógico”. Segundo ele, as tirinhas baseadas nas notícias de jornal serão uma maneira criativa para contar histórias, de maneira rápida e bem-humorada.

O Correio Escola realiza diversos concursos de estímulo à criatividade e à leitura durante o ano. Em cada data comemorativa, o anúncio publicado em todos os jornais da RAC é produzido por um aluno ou professor do projeto. No ano passado, foi realizado um concurso de redação que estimulou a pesquisa sobre pessoas que dão nomes a ruas de Campinas.

Confira o regulamento do Concurso de Quadrinhos

1. Poderão participar do Concurso de Quadrinhos do Correio Escola, todos os alunos regularmente matriculados em qualquer escola do ensino público ou privado da Região Metropolitana de Campinas (RMC), participante do projeto Correio Escola, em duas categorias: A) do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental e B) do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental II.
2. Os quadrinhos inscritos deverão ser realizados com base em notícias publicadas nos jornais Correio Popular e Diário do Povo.
3. As tiras deverão vir acompanhadas de um recorte original da matéria em que se baseou o autor para criação dos quadrinhos, com a indicação da data, do caderno e a página em que foi publicada.
4. Só será aceita um tira por aluno e ela deverá ter sido realizada individualmente.
5. Os trabalhos devem ser entregues até as 18h, do dia 30 de agosto de 2008, na Rede Anhangüera de Comunicação (RAC), aos cuidados do Departamento de Educação, na Rua 7 de setembro, n.º 189, Vila Industrial, Campinas. Os trabalhos devem vir identificados com nome do aluno, professor(a), escola e ano que cursa.
6. Os trabalhos deverão ser apresentados com 25 centímetros de largura por 8,3 centímetros de altura, com quantas divisões o autor julgar necessário e poderão ser em preto e branco ou colorido. Trabalhos cujas especificações de tamanho não forem cumpridas serão desclassificadas.
7. Os vencedores concordam, desde o momento da inscrição, a ceder sua imagem e a de seus trabalhos inscritos ao Correio Popular, que poderá publicar quando e quantas vezes julgar necessário os trabalhos finalistas e o vencedor do concurso, sem nenhum ônus.
8. Os trabalhos serão avaliados por uma comissão julgadora formada por profissionais do Correio Popular e professores, cuja decisão é soberana e incontestável. Serão escolhidos um vencedor em cada categoria e duas menções-honrosas.
9. Caberá aos vencedores do concurso uma publicação das tiras vencedoras acompanhada de matéria com o autor e seu professor.
10. Os resultados serão divulgados nos jornais Correio Popular e Diário do Povo em setembro de 2008.
11. Os casos omissos a este regulamento serão decididos pela Coordenação do projeto Correio Escola.

Fonte: http://www.correioescola.com.br/default.asp

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