O mineiro promete marcar a atual geração de crianças com o lançamento de Uma Menina Chamada Julieta (Editora Melhoramentos, 111 páginas, R$ 27). "É um livro sobre a alma e o universo femininos", explica Ziraldo. "Observei bastante minhas filhas e minhas netas para tentar descobrir como é ser uma garotinha."
A publicação conta a história da simpática e criativa Julieta, uma das amigas do Menino Maluquinho - ela já existia nas histórias em quadrinhos do famoso personagem. Com a popularidade do garotinho que usa uma panela na cabeça, a posterior criação de aventuras protagonizadas pela garotinha poderia parecer inevitável. Mas não é bem assim. "Nunca uma menina me pediu para fazer uma ‘Menina Maluquinha''. As crianças entendem que os livros são sobre o jeito de ser daquele personagem. Quem sempre me pediu esse tipo de trabalho foram os adultos", diz o autor.
DESAPEGO
Durante conversa com o Diário, Ziraldo constantemente demonstrou ser desapegado dos detalhes de sua imensa obra. Foi preciso lembrá-lo sobre seu projeto ligado ao futebol com as publicações Todo-Poderoso Timão (Editora Globo, 112 páginas, R$ 25) e O Mais Querido do Brasil (Editora Globo, 112 páginas, R$ 25). "É verdade, tem esses aí também", diz.
O primeiro acompanha o pequeno Mosquetinho e suas descobertas sobre as glórias e momentos marcantes da trajetória do Corinthians. O material é uma edição comemorativa dos 100 anos a serem completados pelo clube no ano que vem.
Em O Mais Querido do Brasil, o cartunista demonstra seu amor pelo Flamengo em uma versão em quadrinhos sobre a história da tradicional agremiação carioca. "O primeiro conto é só meu. Fala de como me tornei flamenguista. Sou um dos poucos torcedores da velha guarda", afirma.
Não só os dois clubes terão sua trajetória mostrada em HQs. Todos os principais times de futebol do País também ganharão edições feitas pela equipe de Ziraldo. Atualmente, eles trabalham no projeto do Vasco.
Além de novas publicações, o cartunista também encontra tempo para o lançamento de Flicts - Edição Comemorativa (Editora Melhoramentos, 103 páginas, R$ 59), em homenagem aos 40 anos da primeira edição de seu primeiro conto infantil. "Poxa, como pude me esquecer do Flicts?", pergunta, após ser lembrado mais uma vez sobre as novidades. Em capa dura e com selo comemorativo, o livro filosofa sobre a vida da cor flicts, que tem dificuldades de encontrar seu lugar no mundo. Uma das principais diferenças da atual versão é a presença da bandeira brasileira em vez do símbolo britânico, já que a ditadura militar não permitia seu uso na época.
Enquanto fala sobre o livro, lembra o fato de ter reencontrado a primeira edição da história, datada de 1969, na livraria de um aeroporto. "Quase tive um enfarto! Fazia 40 anos que não via aquele livro."
Nesse ritmo frenético de trabalho, o autor de 76 anos não vê sua rotina como um fardo. "Isso (desenhar) não é trabalho para mim. Na verdade, me descansa. Fazer o que você gosta sempre vale a pena. Os meus projetos são um meio de enganar a morte. É um golpe que dei para viver mais", brinca Ziraldo.
Fonte: Diário do Grande ABC
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