segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Concurso de Mangá e imigração japonesa

A Associação para Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil (ACCIJB) definiu, em 10 de janeiro, o desenhista Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica, para fazer o personagem-mascote do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil. O concurso para a escolha da mascote, que recebeu cerca de 200 inscritos, ficou sem vencedor, com a decisão da comissão julgadora de que nenhum dos 25 trabalhos selecionados alcançou os resultados esperados. Maurício irá criar um personagem exclusivo para o centenário que poderá ser posteriormente encaixado dentro da Turma da Mônica.

Maurício de Sousa tem uma ligação forte com a comunidade japonesa que vive no Brasil, pois é casado com uma descendente nissei Alice Takeda, com quem tem três filhos sanseis. Além disso, nos quadrinhos Maurício de Sousa já possui, desde 1963, um personagem descendente de japoneses, nas histórias rurais de Chico Bento: Hiro, cujo nome verdadeiro seria Hiroshi. Ele é nissei e mantém as tradições orientais de seus ascendentes. Em em 1994 foram criados mais dois personagens nipônicos mestiços: Nimbus e Do Contra. Nimbus, popular entre as personagens meninas da turma, é muito interessado nos fenômenos atmosféricos, e foi baseado em Mauro, filho de Maurício de Sousa. Do Contra, que sempre tenta fazer tudo ao contrário, foi baseado em Mauricinho, caçula do autor. A matéria completa sobre a escolha do mascote, de autoria de Maurício Kanno pode ser lida no site do Portal Japão, onde podem se encontradas mais informações sobre as comemorações do Centenário da Imigração Japonesa, é só clicar aqui

Histórias em quadrinhos Japonesas

No Japão, as histórias em quadrinhos (mangás) são consideradas uma forma de arte tão importante quanto qualquer outra. Lá as Hqs são utilizadas inclusive como instrumentos para facilitar a alfabetização das crianças, uma vez que o sistema de escrita japonês é extremamente complexo. As publicações mais populares chegam a vender centenas de milhares de exemplares por semana. Nascidas de uma indústria voltada para o público e os autores nacionais, algumas séries são publicadas durante anos, formando coleções com milhares de páginas.

“O principal responsável pelo estilo japonês de fazer quadrinhos foi Osamu Tezuka, um médico que dedicou sua vida às HQs e animações, sendo considerado o "pai" dos mangás modernos. Inspirado pelos primeiros desenhos animados de Walt Disney e por figuras do teatro japonês, Tezuka criou os olhos gigantescos que são o elemento característico dos quadrinhos japoneses, desenvolvendo um estilo cartunístico que conjuga um traço conciso a uma narrativa bastante dinâmica.O personagem mais famoso criado pelo quadrinista foi Tetsuwan Atomu (Astro Boy), um menino-robô movido a energia atômica, que luta pela paz mundial. O sucesso das HQs de Tezuka possibilitou que seus personagens fossem parar em desenhos animados, tornando-o também um pioneiro dos animes. Osamu Tezuka faleceu aos 60 anos, em 1989, deixando mais de 100 mil páginas de quadrinhos e centenas de horas de animação.” [1] No Japão há um museu, criado em sua homenagem, o Museu Osamu Tezuka.

Os mangás podem abordar os mais diversos temas da atualidade. Recentemente foi lançada uma série de mangá que fala sobre autismo. A série, Hikari to Tomoni (Com a Luz), é centrada em um casal e seu filho autista, como lidar com a questão, como interagir com o mundo. A autora, Keiko Tobe, diz que buscou inspiração no drama de um coleguinha de jardim de infância do filho, que era autista.[2]

A Imigração Japonesa

No começo do século XX, o Brasil precisava de mão-de-obra estrangeira para as lavouras de café, enquanto o Japão, passava por um período de grande crescimento populacional, o que provocou a escassez de empregos. Foi então selado um acordo imigratório entre os governos brasileiro e japonês.

Nos primeiros dez anos da imigração, aproximadamente quinze mil japoneses chegaram ao Brasil. Este número aumentou muito com o início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). De 1918 até 1940, aproximadamente 160 mil japoneses vieram morar em terras brasileiras. A maioria dos imigrantes preferia o estado de São Paulo, porém, algumas famílias espalharam-se para outros cantos do Brasil como, por exemplo, agricultura no norte do Paraná, produção de borracha na Amazônia, plantações de pimenta no Pará, entre outras.

Durante o período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os japoneses enfrentaram muitos problemas em território brasileiro. O Brasil entrou no conflito ao lado dos aliados, declarando guerra aos países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Durante os anos da guerra a imigração de japoneses para o Brasil foi proibida e vários atos do governo brasileiro prejudicaram os japoneses e seus descendentes. O presidente Getúlio Vargas proibiu o uso da língua japonesa e as manifestações culturais nipônicas foram consideradas atitudes criminosas.Com o fim da Segunda Guerra Mundial, as leis contrárias à imigração japonesas foram canceladas e o fluxo de imigrantes para o Brasil voltou a crescer. Neste período, além das lavouras, muitos japoneses buscavam as grandes cidades para trabalharem na indústria, no comércio e no setor de serviços. Atualmente, o Brasil é o país com a maior quantidade de japoneses fora do Japão.

Para conhecer um pouco mais da história da imigração japonesa, dê um pulinho no site do Museu da Imigração

O concurso

Em comemoração aos cem anos da imigração japonesa, o Folhateen lançou o Concurso Ninja de Mangás. A idéia é estimular os milhares de leitores a assumirem o lugar de mestres como Masami Kurumada ("Cavaleiros do Zodíaco"), Akira Toriyama ("Dragon Ball") ou Satoshi Tajiri ("Pokémon"). Serão duas categorias, uma até 17 anos e outra a partir de 18. Os prêmios incluem uma câmera digital e um kit com dez mangás da editora Conrad, que é parceira do Folhateen no concurso. Mais detalhes, em breve!

[1] http://maisquadrinhos.blogspot.com/2008/01/mangs-os-quadrinhos-japoneses.html
[2] http://www.shoujo-cafe.blogspot.com/

2 comentários:

Carminha disse...

Oi Natania, adorei a matéria, este ano vamos aprender muito sobre essa cultura milenar,desenhos, festas, origami, lendas...enfim...vou me deliciar com tudo isso...hehehehe
bjs

Natania A S Nogueira disse...

Valeu, Carminha! Eu encontrei até mais coisas sobre o centenário, depois que fiz a postagem. É realmente muito legal poder mergulhar nesta cultura milenar, só espero que não seja só de 100 em 100 anos.
:-)