terça-feira, 2 de setembro de 2008

A história das HQs no Brasil

Li este texto ontem e achei interessante postar aqui no blog. É sobre um programa que está sendo veiculado no Canal Brasil. O texto é do dia 25 de agosto. Nesta série estão presentes grandes nomes dos quadrinhos no Brasil, como nosso querido Waldomiro Vergueiro (um dos maiores pesquisadores da área). Eu ainda não pude ver, mas os comentários são os melhores possíveis.

Costumam dizer que o Brasil é um país sem História, que não preserva sua memória. Mas, em se tratando de HQs, pode-se dizer que os irmãos Eduardo e João Calvet fazem a sua parte em ´Quadrinhos´, série semanal de cinco documentários que o Canal Brasil começa a exibir amanhã, às 21h

São episódios de aproximadamente meia hora em que autoridades do gênero, artistas ou estudiosos, analisam a produção brasileira de quadrinhos desde seu surgimento, em fins do século XIX, com a publicação de ´Nhô-Quim ou impressões de uma viagem à corte´ pelo ítalo-brasileiro Angelo Agostini.

Especialistas como Waldomiro Vergueiro, Patati, Moacy Cirne, Álvaro de Moya, Heitor Pitombo e Sidney Gusman conversam com a câmera em bate-papos que destacam a importância da HQ nacional. Como é o caso do gênero terror, tema do segundo episódio. Com a censura imposta aos quadrinhos americanos nos anos 50 devido a criação de um código de ética, a demanda pelo gênero no Brasil alavancou o surgimento de vários novos desenhistas como Flavio Colin, Nico Rosso, Rodolfo Zalla, Júlio Shimamoto e Eugênio Colonnese.

´A censura nos Estados Unidos foi excelente para o Brasil. Graças a ela, surgiram vários autores para cumprir a falta de material americano´, diz João Calvet, idealizador da série de TV e conhecido dos fãs de quadrinhos como organizador da feira Comicmania, que teve 12 edições e acontecia no Castelinho do Flamengo, no Rio.

Comicmania

Um evento que fez tanto sucesso em meados dos anos 90, que acabaria virando programa com o mesmo nome, no canal CNT. O Comicmania da TV era produzido realmente no quarto em que Calvet morava, no Rio, diferentemente do ´15 minutos´ da MTV, com Marcelo Adnet, que reproduz algo despojadamente parecido, só que em estúdio.

Depois de produzir um documentário sobre o cineasta Ivan Cardoso para o Canal Brasil, João Calvet, que tem 38 anos e mora há dez em Nova York, sugeriu a série ´Quadrinhos´. ´Eles gostaram da idéia, mas disseram que a idéia inicial, de dez episódios, teria que ser reduzida à metade´, explica.

´A partir daí, fiz uma lista de pessoas básicas. A cooperação em São Paulo, por exemplo, foi total. Mauricio de Sousa, por exemplo, gostou tanto do projeto que sugeriu fazermos outro documentário sobre o seu estúdio´, conta.

Personalidades

De São Paulo, além do pai da turma da Mônica, que aparece em seu estúdio e em imagem de arquivo ao lado de Pelé , aparecem na série de documentários, como Angeli e Lourenço Mutarelli, que, abandonou os quadrinhos para dedicar-se à literatura e dá um belo depoimento sobre Flávio Colin, um dos melhores desenhistas, dono de um traço único e falecido há seis anos.

´Ele tinha um traço diferente de tudo o que eu conhecia, muito próprio. Era um desenho muito simples, quase infantil. E, ao mesmo tempo, ele era perturbador, tinha algo de medieval naquelas figuras´, frisa.

Do Rio de Janeiro, aparece Renato Lima, da revista de bolso ´Jukebox´, e Ziraldo, que ao lado de Mauricio, são entrevistados no terceiro programa: ´A turma do infantil´. ´Gibis, drogas e rock’n’roll´ é o tema do quarto episódio e ´Capitão Brasil e sua gangue´ é o último, previsto para o dia 23.

Para 2009, Calvet pretende uma segunda fornada do programa, com artistas brasileiros que trabalharam para o mercado americano, como é o caso de Gutemberg Monteiro, o Goott, que ilustrou por décadas o Tom e Jerry e o Gasparzinho.

Télio Navega
Agência O Globo
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=566328

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