"As histórias em quadrinhos possuem diferentes possibilidades pedagógicas, mas professores e pais têm restrições com essa arte", comenta o professor Mauro César Bandeira, que conclui o curso de Artes Plásticas da UnB (Universidade de Brasília) apresentando um trabalho sobre a importância das histórias na educação.
DISCUSSÃO
A monografia resultou em um trabalho social em biblioteca pública da cidade de Ceilândia (DF), que fica a cerca de 60 quilômetros de Brasília. A ação dobrou a frequência de crianças e jovens na instituição.
O projeto de Bandeira propõe a discussão acerca do desenvolvimento da disciplina de criação em arte sequencial por meio da história em quadrinhos com tiras, charges, cartoons e vinhetas no currículo dos estudantes de nível médio das escolas do País e dos cursos de graduação em artes visuais, design e comunicação nas universidades do Brasil.
OBSERVAÇÃO
O professor observou a aplicação de tiras e histórias em quadrinhos em projetos voltados à Educação em países como Estados Unidos e Peru. "A ideia era atrair o público até a biblioteca e deixá-los à vontade, depois eles passaram a produzir quadrinhos e até formatar revistas", conta Bandeira. O projeto começou no ano passado e é realizado na cidade até os dias atuais.
Com a experiência, o professor percebeu o interesse das pessoas nesse tipo de leitura, e como ela incentivava as crianças a procurarem alternativas de textos.
"Nas histórias em quadrinhos é possível fazer sugestões de emoções, a criança se sente imersa no conteúdo, o que pode estimular o seu processo de aprendizagem. Ao ler matérias sobre disciplinas difíceis, como Matemática ou Física, algumas pessoas não compreendem o conteúdo, isso porque aquelas informações não significam nada para a vida delas; o quadrinho causa envolvimento", ressalta.
A proposta do professor é a de criação de histórias em quadrinhos que possam ensinar crianças e adolescentes. "Usando imagens e textos, as pessoas têm mais recursos para captar as informações. O diferencial das histórias de quadrinhos é que as pessoas não se sentem obrigadas a aprender quando estão lendo um material do tipo; o nosso cérebro não cria dificuldades, na verdade, cria um interesse em saber o final da história."
EM ARAÇATUBA
Na cidade, a Biblioteca Pública Rubens do Amaral já contou com alguns exemplares em histórias em quadrinhos na sua secção de Literatura Infanto-Juvenil. Mas hoje já não há mais opções.
De acordo com o secretário de Cultura, Hélio Consolaro, não há registros de solicitações de revistas de histórias em quadrinhos na instituição. Ao tomar conhecimento do projeto realizado em Ceilândia, ele não descartou a possibilidade de avaliação de projeto que oferece à população oferta de obras deste tipo.
Orientação é a chave para melhor aproveitamento das tirinhas
Na dúvida de oferecer ou não uma história em quadrinhos aos filhos ou alunos, os responsáveis devem analisar a mensagem e figuras.
"Da mesma forma que precisamos tomar cuidado com o conteúdo da internet, televisão e filmes, também precisamos estar atentos ao material dos quadrinhos, assim como os dos livros", adverte a psicopedagoga Ana Lúcia de Arruda Ramos, de Araçatuba.
POSITIVA
A profissional vê como positiva a aplicação dos quadrinhos em ações pedagógicas, desde que o material seja avaliado com critério e acompanhamento. Ela lembra que já ouviu críticas sobre a utilização de linguagem popular, regionalizada, nos quadrinhos do Chico Bento, por exemplo. O personagem de Maurício de Sousa não esconde nem tem vergonha da sua caipirice.
"Neste caso, além de se preocupar com a palavra, o interessante é conversar com a criança sobre todo o universo daquele texto; mostrar que existe uma forma de linguagem oral, que é diferente da escrita, que pode mudar de região para região", ensina.
Tal tipo de orientação pode aumentar o nível cultural da criança, aquilo que Ana Lúcia chama de "leitura de mundo".
"Ela passa a ter mais elementos que os que estão nos textos; buscam por informações", frisa.Ela lembra que há no mercado obras em quadrinhos que resumem clássicos literários consagrados, como do escritor Willian Shakespeare.
"O quadrinho é um meio de criar leitores e direcionar a outras alternativas."
TÉCNICAS
Para Ana Lúcia, além de ampliar as possibilidades de conhecimento e proporcionar contato com a língua, os quadrinhos ajudam os estudantes a perceberem as diferentes técnicas de redação e diferentes recursos de linguagem, como onomatopeias, tão próprias dos quadrinhos.
Fonte: http://www.folhadaregiao.com.br/noticia?112610
2 comentários:
Excelente postagem, Professora! Parabéns!
Também gostei deste texto. Ele faz umas observações legais e é bem motivador.
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