As tiras de quadrinhos surgiram no jornalismo no início do século 20 e seguem ainda hoje sendo publicadas nos maiores jornais de todo o mundo. Embora se encontre tiras seqüenciais de aventuras, é no humor que elas têm sua força comunicativa e expressiva, sintetizando o pensamento do autor, o senso comum e a crítica às idiossincrasias que assolam o ser humano.
Apesar de sua presença incontornável em nossa leitura diária, as tirinhas muitas vezes são tidas como mero entretenimento e boa parte delas não visa mais que esse objetivo. Contudo, a partir da década de 1970, as tiras brasileiras tomaram o fôlego necessário para se converter num veículo de crítica social e ao poder estabelecido, refletindo o pensamento contestador de artistas e de movimentos sociais. Vale citar o trabalho profícuo de Henfil, com Zeferino, As Cobras, de Veríssimo e O Pato, de Ciça, entre tantos que surgiram no Brasil nas últimas décadas.
Não só no país as tiras se tornaram um gênero jornalístico opinativo, como nos propõe o ensaio Tirinha: a síntese criativa de um gênero jornalístico, de Marcos Nicolau, lançado na Coleção Quiosque da editora Marca de Fantasia. Como observa Vítor Nicolau, as tirinhas de Calvin & Haroldo, de Bill Watterson, trazem “as mesmas discussões sobre nossa sociedade, mas de uma maneira sutil, na visão inocente de uma criança que ainda está aprendendo o que é o mundo e como ele funciona.”
Foi para investigar esse fenômeno das tiras diárias produzidas por Watterson por 10 anos, mas que ainda continuam circulando nos dias atuais, que Vítor dedicou seu projeto final do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal da Paraíba. O estudo resultou nesta brilhante análise, que visa compreender de que forma a metáfora é utilizada nas tirinhas, tanto na sua linguagem verbal quanto não-verbal, baseado na Teoria Semiótica de Peirce e na Teoria Conceptual proposta por Kakoff e Johnson.
Para o desenvolvimento de seu estudo, Vítor selecionou seis tirinhas de Calvin & Haroldo, publicadas na coletânea O Mundo é mágico. O trabalho gira em torno da metáfora “Indústria Cultural é alienação”, que dá tema às tirinhas selecionadas devido à relação do personagem com os meios de comunicação de massas e a mídia.
Formato de quadrinhos tão apreciado, mas tão pouco estudado, as tirinhas começam a despertar a atenção da academia gerando ensaios e dissertações que procuram compreender as várias dimensões e possibilidades de sua linguagem. O trabalho de Vítor, com certeza, dá uma grande contribuição para isto.
metáfora e crítica à Indústria Cultural
Vítor Nicolau
Coleção Quiosque nº 22.
João Pessoa: Marca de Fantasia, 2009, 122p, 12x18cm
ISBN 85-87018-93-9
Fonte: Marca de Fantasia
2 comentários:
Oi, Natania!
Pena não dar pra você ir no FIQ...
Fiquei feliz em saber que o Fabio Sombra esteve por aí! Além de um escritor/ilustrador muito talentoso, é um amigo muito querido!
Abração!
Oi, Natania!
Acho que o comentário anterior saiu com a assinatura da minha esposa...esqueci de trocar o login. Aqui quem escreve é o João Marcos! Grande abraço!
Postar um comentário