Ziraldo fez parte da infância de qualquer brasileiro. Autor de quase 200 livros, como "Flicts" e "O Menino Maluquinho", é raro ver alguém que não tenha lido alguma de suas histórias. E, no que depender da professora Cristina Silveira, essa aproximação começará nas salas de aula. Ela escreveu o livro "Ziraldo na Sala de Aula", lançado nesta XIV Bienal do Livro, que mostra aos professores exemplos de como trabalhar obras do escritor com seus alunos.
* Confira a entrevista exclusiva de Ziraldo ao SRZD
"A idéia surgiu em 2007, quando comemoraram os 75 anos de Ziraldo. Na ocasião, me convidaram para fazer uma oficina sobre como os professores poderiam usar o Ziraldo na sala de aula. Lembro que deixaram comigo mais de 100 livros dele e eu me senti na obrigação de conhecer tudo aquilo. Lembro de passar noites acordada para ler todos os livros", conta Cristina.
O problema é que, na hora de fazer as oficinas, a professora não pôde usar todas as obras de Ziraldo. Ela lembra que alguns livros estavam reservados para outras atividades, como "Flicts", que seria apresentado numa peça de teatro. Justamente por isso, ela teve que mergulhar ainda mais fundo nas obras do escritor. E o resultado foi tão bom que logo surgiram as idéias para fazer um livro sobre aquele trabalho.
"No último dia, os próprios professores que participaram das oficinas fizeram suas apresentações com obras do Ziraldo, tudo muito interessante. Aí o meu marido deu a idéia de juntar tudo aquilo e colocar num livro, foi assim que tudo começou", explicou a autora, que recebeu a benção do próprio Ziraldo para sua obra.
"Levei tudo para o Ziraldo e mostrei tudo para ele. Ele entende muito a cabeça dos professores, talvez por escrever para crianças. Conhecê-lo foi maravilhoso", garantiu Cristina. Em seu livro, ela mostra como trabalhar a questão da identidade e do preconceito com 'O Menino Marrom' ou a importância da leitura em 'Uma Historinha sem 1 Sentido'. E, como alguém disposto a ensinar usando a vasta obra de Ziraldo, ela também aprendeu um pouco com os livros dele.
"A 'Menina Nina' é um livro que fala sobre como lidar com a morte. O lance mais genial do Ziraldo é como ele passa duas mensagens no final, uma para quem acredita em vida após a morte e outra para quem não acredita, e isso sem falar em religião em momento algum. Ele me emocionou muito porque me fez lembrar da morte prematura da minha mãe, quando eu tinha apenas 16 anos. Hoje penso como seria menos doloroso se eu tivesse lido o livro naquela época, mas aprendi muito com ele".
E Cristina não vai parar com a primeira versão de "Ziraldo na Sala de Aula". Ela já recebeu propostas para fazer uma continuação, aproveitando outras obras do escritor, fantástico para quem gosta de levar a literatura para a sala de aula.
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