sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Laerte no Teatro

Os conflitos entre as intolerâncias urbanas e o universo irreverente do palhaço na visão do artista de histórias em quadrinhos (HQ), Laerte, serão mostrados nesta segunda-feira (14), a partir das 20h, no teatro Santa Roza, em João Pessoa, o espetáculo “A noite dos palhaços mudos”, dentro do projeto Palco Giratório do SESC-PB, com o grupo paulista La Mínima. Para assistir a peça é solicitada a colaboração de dois quilos de alimentos não perecíveis, que serão doados ao Banco de Alimentos SESC SENAC, e, posteriormente, repassados para entidades carentes cadastradas no Banco.

Com esse espetáculo, a adaptação do quadrinho formada pelos atores Domingos Montagner e Fernando Sampaio, venceu o prêmio Shell de melhor ator 2009 e melhor elenco da Cooperativa Paulista de Teatro. A direção é de Álvaro Assad, e conta ainda com a participação de William Amaral, como ator convidado.

A montagem agrega um olhar sobre os trabalhos anteriores do grupo e procura extrair, a partir desta observação, a relação do palhaço com a sociedade atual. Além disso, retoma a parceria do La Mínima com Laerte, iniciada com “Piratas do Tietê, O Filme”, vencedor do prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes, como melhor espetáculo infanto-juvenil em 2003. A partir da comicidade física, da lógica do absurdo e do humor sem palavras, o espetáculo traz, com base no argumento da HQ original, publicada em 1987 na revista Circo, o tema recorrente da obra do cartunista, na relação entre o real e a fantasia na trama do “policial noir” ou “clown noir”.

Para Domingos Montagner, “nada mais instigante do La Mínima que montar um espetáculo no qual sempre pareceu sua própria sinopse”. Para o ator, o embate entre o conservadorismo intolerante e o arquétipo do palhaço, envolve o espectador em sua plenitude. “Em cena, os palhaços dão as cartas, mas o público é quem joga o jogo”, compara.

Neste contexto, perseguições em meio às sombras de uma seita secreta, misturam-se a truques de magia, números musicais e referências contemporâneas, numa estética cênica de inspiração cinematográfica. Desde a música especialmente composta por Marcelo Pellegrini, passando pela iluminação de Wagner Freire, até os figurinos de Inês Yuriko Sacay, a montagem traz simbolismos e sutilezas poéticas, que sustentam a comicidade sem o recurso da fala.

“É uma história simples, que contesta a falta de flexibilidade daqueles que não entendem a relatividade das culturas, algo que ainda é muito comum nos dias de hoje”, lembra o chargista, quadrinista, desenhista e escritor Laerte. Para ele, ao sofrerem uma perseguição implacável apenas pelo fato de existirem, os personagens remetem à própria natureza do palhaço, que precisa lidar com o rompimento dos tais valores absolutos para preservar sua própria essência.

O teatro Santa Roza fica na Praça Pedro Américo, região central de João Pessoa. O projeto Palco Giratório mostra a pluralidade do teatro brasileiro, desenvolvido pela rede do Serviço Social do Comércio, com espetáculos de dança, música e encenação na arte teatral.

Fonte: Paraíba

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