Estava olhando os meus arquivos e me deparei com um quadrinho muito especial do passado. Queria compartilhar com vocês. Ele é de agosto de 1978, publicado pela Editora Abril e representa um marco para a história de Mauricio de Sousa. Afinal, era a primeira vez que um título seu chegava ao número 100. E foram muitas de lá pra cá. Mas é também um número exemplar para se analisar uma época dos quadrinhos nacionais, em comparação aos dias de hoje, com ataques dioclecianos a inocentes personagens infantis.
De cara se pode notar que as revistas tinham uma proporção diferente, mais parecidas com o padrão norteamericano, do que as atuais. Também a quantidade de quadrinhos por página diminuiu consideravelmente. É por isso que, hoje em dia, é muito mais rápido se ler um quadrinho da Mônica do que era há trinta anos. E, finalmente, não existia a metalinguagem nas histórias da turminha — no máximo, elas chegavam às histórias do Bidu.
Os desenhos do estúdio, então comandado pelo grande mestre Jayme Cortez, marcaram época, sendo o estilo desse período um dos mais marcantes da história dos quadrinhos de Mauricio. Este número 100 também abre com um raro desprendimento comercial, em que a Turma da Mônica abraça a campanha contra a destruição dos orelhões telefônicos, um marco da antiga operadora estatal paulista, a Telesp.
Crítica de Delfin
(Delfin é editor, jornalista, designer gráfico e dirige atualmente o escritório de produção editorial Studio DelRey. Colabora com o site especializado em quadrinho Universo HQ)
Figuram a seguir Mônica, o Louco, Bidu em duas histórias (e uma delas antológica, quando se apaixona por uma terrível gata), Magali, Cebolinha e Chico Bento, que figurava nessas páginas antes de ganhar o seu gibi, na década seguinte. Histórias ainda hoje muito boas, mas difíceis de serem reprisadas em edições regulares. Pois o paradigma dos desenhos, ainda mais gordinhos e agora influenciados pelos mangás, mudou bastante.
Interessante notar também a quantidade de propagandas na revista. Descontando os produtos diretamente ligados à turma, havia promoções de revistas infantis da Abril, como Destaque e Brinque, e propagandas dos pirulitos Embaré, dos livros do Círculo do Livro (nada infantis), de clubes de compras e do clássico Instituto Universal Brasileiro. Fora a Telesp, subliminarmente citada.
Eram dias divertidos. Continuam sendo para as crianças. Vendo gibis como esse e comparando com os atuais, é que dá pra se perceber que qualquer um pode ideologizar o que quiser para cima dos quadrinhos infantis. Mas eles vão continuar sendo apenas o que foram criados para ser. Teorizar qualquer coisa além disso num gibi criado para crianças é apenas querer aparecer.
De cara se pode notar que as revistas tinham uma proporção diferente, mais parecidas com o padrão norteamericano, do que as atuais. Também a quantidade de quadrinhos por página diminuiu consideravelmente. É por isso que, hoje em dia, é muito mais rápido se ler um quadrinho da Mônica do que era há trinta anos. E, finalmente, não existia a metalinguagem nas histórias da turminha — no máximo, elas chegavam às histórias do Bidu.
Os desenhos do estúdio, então comandado pelo grande mestre Jayme Cortez, marcaram época, sendo o estilo desse período um dos mais marcantes da história dos quadrinhos de Mauricio. Este número 100 também abre com um raro desprendimento comercial, em que a Turma da Mônica abraça a campanha contra a destruição dos orelhões telefônicos, um marco da antiga operadora estatal paulista, a Telesp.
Crítica de Delfin
(Delfin é editor, jornalista, designer gráfico e dirige atualmente o escritório de produção editorial Studio DelRey. Colabora com o site especializado em quadrinho Universo HQ)
Figuram a seguir Mônica, o Louco, Bidu em duas histórias (e uma delas antológica, quando se apaixona por uma terrível gata), Magali, Cebolinha e Chico Bento, que figurava nessas páginas antes de ganhar o seu gibi, na década seguinte. Histórias ainda hoje muito boas, mas difíceis de serem reprisadas em edições regulares. Pois o paradigma dos desenhos, ainda mais gordinhos e agora influenciados pelos mangás, mudou bastante.
Interessante notar também a quantidade de propagandas na revista. Descontando os produtos diretamente ligados à turma, havia promoções de revistas infantis da Abril, como Destaque e Brinque, e propagandas dos pirulitos Embaré, dos livros do Círculo do Livro (nada infantis), de clubes de compras e do clássico Instituto Universal Brasileiro. Fora a Telesp, subliminarmente citada.
Eram dias divertidos. Continuam sendo para as crianças. Vendo gibis como esse e comparando com os atuais, é que dá pra se perceber que qualquer um pode ideologizar o que quiser para cima dos quadrinhos infantis. Mas eles vão continuar sendo apenas o que foram criados para ser. Teorizar qualquer coisa além disso num gibi criado para crianças é apenas querer aparecer.
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