terça-feira, 11 de maio de 2010

Baixinha, dentuça e... violenta

Acusada de exercer má influência sobre o público infantil, a “Turma da Mônica” apenas expõe conflitos que ocorrem na vida real

Waldomiro Vergueiro - Revista de História da Bilbioteca Nacional


Mônica, a menina dentuça mais famosa dos quadrinhos, descobre, ao acordar, que todas as demais pessoas do mundo estão com a pele azulada. Quando tenta entender o que aconteceu, é hostilizada pelas pessoas, até perceber que está em outra dimensão. Depois de várias peripécias, encontra uma maneira de voltar à sua própria realidade, onde tudo continua como antes. Esta é a história “Os Azuis”, de Mauricio de Sousa, publicada originalmente na década de 1970 e republicada no Almanaque da Mônica nº 15, de 1989.

Além de curiosa, a pequena narrativa se refere basicamente à questão da diferença, levanta questões como a discriminação, o racismo e a demasiada importância que se dá às aparências. “Os azuis” pode servir para se pensar a constituição étnica do povo brasileiro. Pode lembrar ainda a política do apartheid sul-africano, o antagonismo entre brancos e negros no sul dos Estados Unidos, as guerras entre tribos africanas e o colonialismo europeu. Nesses conflitos, o que era diferente era considerado inferior ou ruim. As guerras entre tribos africanas, por exemplo, foram muitas vezes baseadas em questões étnicas.

Considerando essa e outras tramas inventadas por Mauricio de Sousa, surpreende o fato de que haja críticas que consideram seus personagens deploráveis, com pouca complexidade e sem personalidade. No centro da polêmica está o argumento de que a Mônica usa a violência para solucionar os conflitos e, por isso, é uma má influência. Mas, afinal, que efeitos pode ter a leitura de quadrinhos? Uma personagem que tem a violência física como uma de suas marcas influencia os leitores apenas de modo negativo? Ou estes saberão contextualizar esse comportamento, valorizando outras mensagens, como a amizade e o respeito às diferenças? (...)

Leia a matéria completa na edição de Maio da Revista de História da Biblioteca Nacional.

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