sábado, 15 de maio de 2010

Redescobrindo HQs e afins


Por Mariana Lima Pereira
Minha lembrança mais remota com histórias em quadrinhos vem das leituras quase diárias que meu pai fazia quando dava o café da manhã antes de me levar para a escola. Nessa época, eu estava aprendendo a ler e sempre era advertida para o uso correto da língua portuguesa - falada e escrita - ao contrário do que diziam alguns personagens nos seus balõezinhos. Eram histórias mais infantis, como não poderia deixar de ser. Algo como Turma da Mônica ou os quadrinhos da Disney.

A questão é que, desde que eu cresci o suficiente para ser chamada de adulta, parei de ler gibis e afins. Fico me perguntado qual foi o motivo desse abandono, pois não são só coisa de criança. Ignorância, preconceito, rotina agitada? Não sei ao certo. Citei três causas que, aparentemente, soam coerentes. Ignorância por simplesmente não ter a curiosidade (o que, para mim, é desalentador). Preconceito por acreditar que quem lê HQs e afins é nerd, e rotina agitada, porque, bem, é sempre a melhor desculpa.

No começo de abril, eu comecei a trabalhar na Biblioteca de São Paulo - aquela nova, onde antes ficava o temido Carandiru - e redescobri um monte de coisas que já tiveram vez na minha vida e me fizeram ser quem eu sou hoje. Tipo as histórias em quadrinhos. Vai parecer jabá, mas pouco importa, porque eu acredito que o projeto é digno de propagação: todos os sábados, às 14h30, a BSP tem sido ocupada por alguns dos mais importantes artistas gráficos brasileiros. Eles foram convidados por um grupo de curadores para contar suas histórias de vida, sejam profissionais, sejam pessoais para quem estiver interessado em ouvir.

Já passaram pelo auditório da Biblioteca os artistas Zélio, Rodolfo Zalla, JAL, Sonia Luyten (que é pesquisadora do assunto, principalmente de mangás) e, até o final do ano, muitos outros vão marcar presença. Tenho participado, ao lado de outro jornalista, de cada uma das edições e colaborado para a transcrição do áudio dos depoimentos, que serão transformados em cadernos cujo objetivo é preservar a memória das artes gráficas no nosso país. Sábados da Memória das Artes Gráficas é o nome desse projeto. Mais informações podem ser obtidas no site e no blog da biblioteca.

Outra sugestão para quem, assim como eu, está interessado em redescobrir o universo gráfico que engloba desde cartuns até mangás, é visitar a Gibiteca Henfil, que funciona no Centro Cultural São Paulo. Lá é possível pesquisar álbuns, fanzines, livros e periódicos que tratam do assunto. A Gibiteca funciona de terça a sexta, das 10h às 20h e aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h. Mais informações pelo telefone (11) 3397-4090 begin_of_the_skype_highlighting (11) 3397-4090 end_of_the_skype_highlighting e pelo e-mail do local.


FONTE: GUIA DA SEMANA

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