segunda-feira, 3 de maio de 2010

Eles vieram das HQs para ficar


Há dez anos, o mundo do cinema não imaginava que um novo subgênero estava para estourar e se espantou com o sucesso de X-Men (2000), de Bryan Singer, baseado nas histórias em quadrinhos dos populares personagens da Marvel Comics. Hoje, difícil é conceber Hollywood sem a presença dos super-heróis entre suas principais produções.

A aventura do grupo mutante chamou a atenção pelo cuidado dado à adaptação e iniciou uma nova safra de filmes baseados em HQs, principalmente envolvendo super-heróis, que são responsáveis por um grande filão da milionária indústria cinematográfica. O mais recente da safra é Homem de Ferro 2, que acaba de chegar aos cinemas do Grande ABC.

"Hollywood se acostumou a traduzir outras mídias como teatro e literatura. Talvez não tenha ideias suficientes para suprir a demanda de filmes. Por isso o mundo dos quadrinhos ajuda muito, pois tudo está quase pronto, além dos personagens já estarem no inconsciente coletivo", explica o jornalista André Morelli, autor do livro Super-Heróis no Cinema e nos Longas-Metragens da TV.

Apesar do sucesso de clássicos como Superman - O Filme (1978), de Richard Donner, e Batman (1989), de Tim Burton, o subgênero ganhou força nos anos 2000. Na última década, filmes como Batman - O Cavaleiro das Trevas (2008), Homem-Aranha (2002) e Homem-Aranha 2 (2004), marcam presença com o primeiro, o quarto e o oitavo lugar entre as maiores bilheterias, segundo o site especializado Box Office.EM

Muito se deve ao fato de que ainda não havia sido desenvolvida a tecnologia necessária para trazer à telona situações que somente existiam nas páginas das HQs e nos desenhos animados.

Outro fator importante para o momento positivo é que parece haver por parte dos cineastas um nível maior de respeito diante desse legado existente na arte sequencial. "A principal característica dessa nova fase de adaptações é haver um elo direto das produções com os quadrinhos."

O alto nível apresentado em algumas cinesséries do meio mostra que é possível fazer bom filme de ação com essa temática. Quando não existe respeito pelo personagem, os estúdios apresentam resultados vergonhosos, casos de Demolidor - O Homem Sem Medo (2003) e Elektra (2005), nos quais, aparentemente, acreditou-se apenas na figura do herói e se esqueceu de colocá-lo em meio a um interessante roteiro.

Se no universo das HQs tudo é possível, é complicado imaginar como certas coisas funcionariam na vida real. É preciso fazer adaptações adequadas. "É necessário manter as origens, mas isso também é perigoso. X-Men é um exemplo dessa boa transposição dos quadrinhos para o mundo real. Se imaginarmos como no original, tudo é meio ridículo", comenta o jornalista, referindo-se principalmente ao figurino do personagem Wolverine. Nas HQs, ele veste um colante amarelo. Em sua versão nas telonas, passou a usar uma jaqueta de couro preta.

Os ótimos resultados nas bilheterias de certas produções faz com que os estúdios corram atrás não mais das principais franquias - que já têm dono -, mas sim de personagens que algum dia podem fazer sucesso. "As HQs são uma mídia consolidada e um prato cheio para Hollywood. Se quiserem, é só pegar", diz Morelli.

Roteiristas de quadrinhos trabalham como consultores de produções e as editoras abrem seus próprios departamentos cinematográficos. Esse universo não está mais restrito e continua a se expandir.

Livro detalha 200 animações Apaixonado por super-heróis, o jornalista André Morelli volta a trabalhar com o tema no livro Super-Heróis nos Desenhos Animados (Editora Europa, R$ 49,90, 164 páginas), no qual cataloga uma série de atrações que contam com a presença dos populares e superpoderosos personagens.

"Assim como uma história em quadrinhos, a limitação de um desenho animado é a imaginação do autor. São as mídias que mais se complementam", acredita Morelli.

A publicação traz lista com cerca de 200 animações. Todas contam com resenhas, curiosidades e fichas técnicas informativas para se conhecer, por exemplo, seu anos de produção e a quantidade de temporadas que foram ao ar.

O lançamento faz parte do acervo da Biblioteca Mundo dos Super-Heróis, projeto da revista especializada Mundo dos Super-Heróis - na qual o autor trabalha.

Entre as páginas, é possível relembrar as duras batalhas do príncipe Adam em He-Man e os Defensores do Universo (1983) - que contava com inusitadas lições de moral ao final de cada episódio -, as divertidas aventuras dos Caça-Fantasmas (1989) e as engraçadas trapalhadas vividas pelo esquisito Freakazoid (1995), criado por Steven Spielberg.

É interessante observar como os personagens vão e voltam. Como o grupo Superamigos, que teve diversas versões desde sua criação na década de 1970. Formado por heróis como Superman, Batman, Lanterna Verde e Mulher-Maravilha, o esquadrão é baseado na Liga da Justiça, equipe que ganhou elogiada versão animada nos últimos anos.

Mais de 1.400 imagens ajudam os leitores a viajarem a cada página e retornarem à época em que assistiam determinada atração.

FONTE: DIÁRIO DO GRANDE ABC

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