terça-feira, 25 de maio de 2010

SÓ MAFALDA SALVA

O primeiro livro que meu marido, Ricardo, leu sozinho continha uma compilação das tiras de Mafalda, a inesquecível e contestadora menina criada pelo argentino Quino. Para mim, ela é uma amiga de Emília, de Lobato, pronta e ávida por fazer perguntas, mesmo que as respostas não venham a tempo. Afinal, o que estas crianças nos lembram sempre? Que não podemos parar de fazer perguntas!

Bem, não sei se era exatamente uma leitura para ele ler criança, lá nos seus 6, 7 anos... Mas que funcionou, funcionou. Explico: o que ficou nele foi a lembrança de ele e a mãe juntos e a conquista de ler sozinho pela primeira vez! É assim que Mafalda faz parte do desenvolvimento do Ricardo. Do desenvolvimento e de sua história.

E é ela, Mafalda, que está em nossa cabeceira. Ele e eu revezamos a releitura das tiras com excelentes sacadas, daquelas que me fazem parar e pensar e ficar nelas por vários minutos. E como são atuais! Coincidência ou não, a WMFMartins Fontes está lançando outros dois livros de Quino, como Humanos Nascemos, com a mesma ironia e precisão na crítica à sociedade. E não é para isso que aprendemos as letras? Para ler melhor o mundo em que estamos?

Semana passada, em uma excelente conversa com a especialista Silvia Oberg, responsável pela indicação dos livros das bibliotecas municipais de São Paulo, nós também falamos de irreverência, de politicamente correto, do jeito de tratar a criança. Do jeito que a criança merece ser tratada por um texto ou ilustração. E, claro, falamos de Monteiro Lobato, que escancara ao leitor desde a primeira obra a vida como ela é. Fala de guerra, de compaixão, de solidariedade, de ciúmes... ao mesmo tempo em que fala de fantasia, de possibilidades. E é por este respeito à criança que vamos lembrar destes autores a vida toda.

Cristiane Rogerio é editora de Educação e Cultura da Crescer e adora se perder entre os livros.

FONTE: REVISTA CRESCER

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