Lendo o livro de Peeters Hergé, disponível em edição portuguesa pela Editora Verbo, ele descobriu porque a Casterman não republicou Tintim no País dos Sovietes na época em que assumiu a edição da série (com a publicação de Charutos do Faraó)!
Os filmes do álbum tinham ficado muito estragados depois de terem sido enviados para a revista
francesa Coeurs Vaillants (que republicava Tintim na França, mas por ser ainda mais conservadora que o Petit Vingtième fazia modificações em demasia no trabalho de Hergé). Seria necessário refazê-los, o que custava dinheiro já que a arte original aparentemente tinha se
perdido. Como as vendas de álbuns não eram ainda grande (elas disparariam só depois da guerra, com as edições coloridas), a Casterman decidiu deixar pra lá.
Durante a guerra os nazistas se ofereceram para restaurar o álbum a fim de utilizá-lo como propaganda anti-soviética. Hergé sabiamente recusou.
Depois da guerra o álbum tinha ficado antiquado e precisaria ser refeito de ponta a ponta para ser publicável. Hergé não tinha muito interesse nisso (Charutos do Faraó, um álbum muito mais interessante, precisou esperar uma década para ser totalmente refeito!). Quando eventualmente foi decidido republicar o álbum, isso foi feito na sua versão original, sem nenhuma modificação posterior.
A grande ironia? Anos depois, com permissão para revistar os arquivos do estúdio à procura de documentos para usar em seu livro, Numa Sadoul encontrou um pacote com toda a arte original do álbum.
Para quem não sabe, os nazistas investiam muito na propaganda e esta propaganda era realizada em todos os meios de comunicação póssíveis: cinema, animações, jornais, revistas e parece que os quadrinhos não escaparam. Tenho uma outra postagem que fala sobre o assunto e pode ser lida clicando aqui.
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