Hoje de manhã morreu Jacques Martin, ele tinha 88 anos.
Especialista em quadrinhos históricos, Martin fez sucesso em séries com essa temática, como Alix (seu primeiro grande sucesso, publicado na revista Tintin belga a partir de 1948), um jovem gaulês que vive aventuras nos tempos de Júlio César.
Sua arte naturalista e reconstituição histórica detalhada revolucionou esse tipo de HQs e valeu a Martin a merecida reputação de mestre do gênero. Ao longo dos anos, ele foi multiplicando séries históricas como Jhen (ambientada na Idade Média, no final da Guerra dos Cem Anos), Arno (período napoleônico), Keos (Egito dos faraós), Orion (Grécia antiga durante o tempo de Péricles) e Lois (França no reinado de Luis XIV), sua última série criada quando o autor já contava com 82 anos de idade!
Mas Martin não se limitava aos trabalhos históricos. Inspirado por uma visita a uma base de mísseis alemã então ainda existente no interior da França, Martin criou em 1952 o personagem Lefranc, um jornalista que vive aventuras nos tempos modernos. A trama arrojada, pode-se dizer até "Bondiana" avant la lettre, e a arte no melhor estilo "linha clara" tornaram o primeiro álbum de Lefranc La Grande Menace ("A Grande Ameaça") um clássico incontornável do quadrinho franco-belga e o maior sucesso de vendas do autor, com mais de um milhão de exemplares vendidos até a data!
O resultado impressionou até o criador de Tintim, Hergé, que logo a seguir ofereceu ao artista um emprego nos seu estúdio. Lá Martin desenhou o final do álbum "O Vale das Cobras" dos personagens Jo et Zette e contribuiu fortemente na criação de vários álbuns de Tintim, particularmente O Caso Girassol, onde teria sugerido, entre outras coisas, a antológica gag do esparadrapo. Ele permaneceria dezenove anos no estúdio.
Após desligar-se do estúdio, Martin começou a produzir trabalhos novos em um ritmo acelerado, com ajuda de uma legião de colaboradores. Entre eles contam-se nomes como Roger Leloup (Yoko Tsuno), André Juillard (As Sete Vidas do Gavião), Gilles Chaillet (Vasco) e uma infinidade de outros autores na linha realista.
A partir de meados dos anos 90 sua visão começa a declinar e ele abandona o lápis, mas mantém-se nos roteiros de suas séries, que ele só deixaria uma década depois, quando vendeu os direitos de publicação para a editora Casterman, que confiou as séries a outras equipes, trabalhando ainda sobre numerosas sinopses de aventuras deixadas pelo enérgico autor para seus sucessores!
Embora longe de ser um favorito da crítica, Martin colecionou prêmios. Em 1978 ele recebeu o prêmio de melhor álbum realista francês em Angoulême pelo álbum "O Espectro de Cartago" de Alix, em 2003 o Grande Prêmio do Festival de Saint-Michel na Bélgica pelo conjunto da obra, em 1984 foi nomeado Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras e em 2005 Comandante da Ordem das Artes e das Letras, mais alta honraria cultural da França.
Ele era o último remanescente dos grandes nomes da Escola de Bruxelas e um dos poucos dos Estúdios Hergé.
Fonte: Pedro Bouça
Especialista em quadrinhos históricos, Martin fez sucesso em séries com essa temática, como Alix (seu primeiro grande sucesso, publicado na revista Tintin belga a partir de 1948), um jovem gaulês que vive aventuras nos tempos de Júlio César.
Sua arte naturalista e reconstituição histórica detalhada revolucionou esse tipo de HQs e valeu a Martin a merecida reputação de mestre do gênero. Ao longo dos anos, ele foi multiplicando séries históricas como Jhen (ambientada na Idade Média, no final da Guerra dos Cem Anos), Arno (período napoleônico), Keos (Egito dos faraós), Orion (Grécia antiga durante o tempo de Péricles) e Lois (França no reinado de Luis XIV), sua última série criada quando o autor já contava com 82 anos de idade!
Mas Martin não se limitava aos trabalhos históricos. Inspirado por uma visita a uma base de mísseis alemã então ainda existente no interior da França, Martin criou em 1952 o personagem Lefranc, um jornalista que vive aventuras nos tempos modernos. A trama arrojada, pode-se dizer até "Bondiana" avant la lettre, e a arte no melhor estilo "linha clara" tornaram o primeiro álbum de Lefranc La Grande Menace ("A Grande Ameaça") um clássico incontornável do quadrinho franco-belga e o maior sucesso de vendas do autor, com mais de um milhão de exemplares vendidos até a data!
O resultado impressionou até o criador de Tintim, Hergé, que logo a seguir ofereceu ao artista um emprego nos seu estúdio. Lá Martin desenhou o final do álbum "O Vale das Cobras" dos personagens Jo et Zette e contribuiu fortemente na criação de vários álbuns de Tintim, particularmente O Caso Girassol, onde teria sugerido, entre outras coisas, a antológica gag do esparadrapo. Ele permaneceria dezenove anos no estúdio.
Após desligar-se do estúdio, Martin começou a produzir trabalhos novos em um ritmo acelerado, com ajuda de uma legião de colaboradores. Entre eles contam-se nomes como Roger Leloup (Yoko Tsuno), André Juillard (As Sete Vidas do Gavião), Gilles Chaillet (Vasco) e uma infinidade de outros autores na linha realista.
A partir de meados dos anos 90 sua visão começa a declinar e ele abandona o lápis, mas mantém-se nos roteiros de suas séries, que ele só deixaria uma década depois, quando vendeu os direitos de publicação para a editora Casterman, que confiou as séries a outras equipes, trabalhando ainda sobre numerosas sinopses de aventuras deixadas pelo enérgico autor para seus sucessores!
Embora longe de ser um favorito da crítica, Martin colecionou prêmios. Em 1978 ele recebeu o prêmio de melhor álbum realista francês em Angoulême pelo álbum "O Espectro de Cartago" de Alix, em 2003 o Grande Prêmio do Festival de Saint-Michel na Bélgica pelo conjunto da obra, em 1984 foi nomeado Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras e em 2005 Comandante da Ordem das Artes e das Letras, mais alta honraria cultural da França.
Ele era o último remanescente dos grandes nomes da Escola de Bruxelas e um dos poucos dos Estúdios Hergé.
Fonte: Pedro Bouça
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